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    Prefeitura de São Paulo: a 4 meses da eleição, apenas um pré-candidato já definiu vice

    Capital paulista tem histórico recente de vices assumirem mandatos em definitivo

    Chapa de Boulos com Marta é a única que já está completa
    Chapa de Boulos com Marta é a única que já está completa Arquivo - ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

    Henrique Sales Barrosda CNN*

    São Paulo

    A quatro meses da eleição municipal, apenas um pré-candidato já tem nome definido para a posição de vice na capital paulista.

    O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) já tem a definição desde fevereiro: a ex-prefeita Marta Suplicy, que voltou ao PT justamente para compor a chapa.

    Entre as outras dez pré-candidaturas, nenhuma tem a definição de vice, uma posição de importância no pleito paulistano.

    Ricardo Nunes e Bruno Covas foram dois vices que assumiram a prefeitura paulistana / Arquivo – Reprodução/Facebook

    Em São Paulo, três dos últimos cinco prefeitos chegaram pela primeira vez ao principal posto do Executivo porque foram eleitos vice:

    • Gilberto Kassab (na época, no DEM, hoje União), em 2006: era vice de José Serra (PSDB), que resolveu sair candidato ao governo de São Paulo;
    • Bruno Covas (PSDB), em 2018: era vice de João Doria (na época, no PSDB), que também se lançou candidato ao estado naquele ano;
    • Ricardo Nunes (MDB), em 2021: vice de Covas, assumiu a prefeitura com a morte do prefeito, decorrente de um câncer.
    Gilberto Kassab também assumiu a prefeitura saindo da posição de vice / 07/03/2023 – FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

    As vices de todos os candidatos devem ser definidas oficialmente entre 20 de julho e 5 de agosto, período do calendário eleitoral destinado à celebração das convenções partidárias.

    • Altino Prazeres (PSTU) – sem vice definido até o momento
    • Fernando Fantauzzi (DC) – sem vice definido até o momento
    • José Luiz Datena (PSDB) – sem vice definido até o momento
    • Guilherme Boulos (PSOL) – vice: Marta Suplicy (PT)
    • João Pimenta (PCO) – sem vice definido até o momento
    • Kim Kataguiri (União) – sem vice definido até o momento
    • Marina Helena (Novo) – sem vice definido até o momento
    • Pablo Marçal (PRTB) – sem vice definido até o momento
    • Ricardo Nunes (MDB) – sem vice definido até o momento
    • Tabata Amaral (PSB) – sem vice definido até o momento
    • Ricardo Senese (UP) – sem vice definido até o momento

    Escolha do prefeito

    Atual prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB) caminha para ter um vice do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, ao seu lado.

    A escolha de Nunes dependerá, primordialmente, de acertos com Bolsonaro e o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

    Para o posto, o ex-presidente manifesta predileção pelo nome do ex-comandante da Rota, a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, Ricardo de Mello Araújo (PL).

    Além de Mello, há na corrida pela vice de Nunes:

    • Sonaira Fernandes (PL): vereadora, foi secretária de Políticas para a Mulher do governo de Tarcísio até abril – só deixou o posto para buscar a reeleição à Câmara;
    • Raquel Galinatti (PL): delegada e diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol).
    • Rute Costa (PL): vereadora, ex-PSDB – deixou o partido em meio à debandada pró-Nunes –, é ligada a lideranças da Assembleia de Deus no Brasil;

    Cada nome conta com apoios e resistências diversas na pré-campanha do prefeito, que já tem onze partidos na aliança – a maior entre os pré-candidatos.

    Mello é o número um de Bolsonaro para o posto, mas não tem seu nome bem-recebido pela pré-campanha de Nunes, que prefere um civil na vice.

    Sonaira tem o apoio de Tarcísio, mas, por na pandemia ter feito críticas à gestão de Bruno Covas, também não agrada ao entorno do prefeito, que era vice do tucano.

    Gallinati é o nome preferido da cúpula do PL e também de Nunes, mas conta com resistências do bolsonarismo, por ela não ser um nome ligado ao grupo.

    Já Rute, com oito anos de Câmara e passagem pela mesa diretora da Casa, agrada a partidos aliados de Nunes, mas mobiliza pouco clamor dentro do PL e do bolsonarismo.

    Cabo de guerra

    Surpresa na última pesquisa Atlas/CNN, aparecendo com 10% das intenções de voto e tirando eleitores Nunes, Pablo Marçal (PRTB) busca seduzir o União Brasil.

    O União é controlado na capital pelo vereador Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal, que deseja seguir apoiando Nunes.

    O partido, porém, tem a pré-candidatura de Kim Kataguiri em jogo, sob apoio da cúpula nacional da legenda e do Movimento Brasil Livre (MBL), que fez prévias para escolhê-lo.

    O PRTB quer a médica Nisa Yamaguchi, que foi conselheira de Bolsonaro em meio à pandemia, para a vice.

    Como ela está no União, a chapa só poderia ser consolidada em uma aliança do partido com o PRTB – movimento visto por articuladores da política paulistana como improvável.

    José Luiz Datena e Tabata Amaral já chegaram a negociar uma parceria na eleição paulistana / 19/12/2023 – Reprodução/Instragra/@tabataamaralsp

    PSDB, Datena e Tabata

    No PSDB, que lançou a pré-candidatura de José Luiz Datena, a preocupação maior não é a vice: é se o jornalista, enfim, vai se candidatar.

    Datena se lançou a pré-candidato a diversos cargos e desistiu antes de qualquer oficialização nas últimas quatro eleições (de 2016 a 2022).

    Em dezembro, ele chegou ao PSB na expectativa de formar chapa com Tabata Amaral (PSB), sendo vice da deputada federal.

    Tabata vêm buscando agregar o apoio de quadros do governo de Bruno Covas e do PSDB, enquanto partido, para sua empreitada eleitoral.

    O PSDB, tal como Marta, se afastou de Nunes devido à aproximação que o prefeito tem feito com Bolsonaro, que era crítico de Bruno Covas na pandemia.

    Em abril, Datena migrou do PSB para o PSDB, gerando expectativa de que tal movimento selasse a aliança entre as duas legendas. Convencido pela cúpula tucana, porém, Datena concordou em ser lançado pré-candidato pelo partido.

    A pré-campanha de Tabata mantém conversas com o PSDB – assim como a de Nunes –, mas já tem uma alternativa: seduzir alguma legenda do arco de alianças do prefeito.

    Aliados de Tabata têm ouvido insatisfações de líderes de partidos aliados a Nunes menos alinhados a Bolsonaro, insatisfeitas com o espaço que têm na pré-campanha do prefeito.

    Diante disso, a pré-campanha tem mantido conversas com essas legendas, desejando oferecer espaço na vice para uma delas.

    Importância do vice

    Há dois pontos estratégicos para se criar uma chapa “competitiva”, segundo o cientista político Nilton Sainz: atrair partidos “fortes” e buscar um vice que “complementa” o prefeito.

    Partidos com expressividade na Câmara trazem recursos e tempo de TV. Já um vice de perfil complementar ao prefeito, acena tanto à classe política como ao eleitorado.

    “A ideia de escolher um é ampliar a chapa para conseguir ser mais forte”, diz Sainz, pesquisador do projeto Representação e Legitimidade Democrática (ReDem), da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

    Um vice, afirma o pesquisador, pode ter o perfil de ser “forte no Legislativo municipal”, ajudando na formação e manutenção de coligação – como foi Nunes com Covas, em 2020.

    A complementação eleitoral também pode ter características de gênero – Boulos, homem, e Marta, mulher –, ou até religiosa – Nunes, católico, e Rute e Sonaira, evangélicas.

    *Colaborou Maria Clara Matos