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    Israel e ONU discordam sobre números de ajuda a Gaza

    Maioria da população do território palestino está sem abrigo e depende de auxílio para sobreviver

    James MackenzieGabrielle Tetrault-Farberda Reuters , Jerusalém, Genebra

    Israel afirmou que a ONU calcula a quantidade de auxílio humanitário que entra em Gaza incorretamente, acusando a organização de usar uma abordagem falha com o objetivo de ocultar suas próprias dificuldades de distribuição, em meio a uma pressão cada vez maior sobre os israelenses para que permitam a entrada de mais suprimentos de ajuda.

    Enquanto Israel afirma que a quantidade de caminhões que entram em Gaza cresceu drasticamente nos últimos dias, a ONU forneceu números muito menores e afirma que ainda estão distantes do essencial para atender às necessidades humanitárias.

    Após seis meses de ofensiva militar de Israel, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro, a maioria da população de 2,3 milhões de pessoas de Gaza está desabrigada, áreas do enclave estão na iminência da fome, a infraestrutura foi devastada e as doenças são generalizadas.

    Agências de auxílio humanitário, incluindo as da ONU, e os Estados Unidos têm apelado para que Israel faça mais para permitir a entrada de comida e outras ajudas humanitárias e para facilitar sua distribuição no pequeno enclave.

    Israel alega que 419 caminhões entraram na Faixa de Gaza na segunda-feira (8), mas a principal agência da ONU no território, a UNRWA, disse que apenas 223 caminhões chegaram naquele dia.

    Tanto o Cogat, braço militar israelense responsável pela transferência de auxílio, quanto agências da ONU disseram que a discrepância dos números é resultado de formas diferentes de cálculo.

    “Os números incorretos da ONU são resultado de um método falho de contagem. Em vez de contar o número real de caminhões que entram na Faixa de Gaza, em uma tentativa de ocultar suas dificuldades logísticas de distribuição, eles apenas contam os caminhões que eles pegaram do lado de Gaza da fronteira”, disse o Cogat, em um comunicado.

    Palestinos esperam para receber comida em Rafah, na Faixa de Gaza / 16/01/2024 REUTERS/Saleh Salem

    Na terça-feira (9), Jens Laerke, porta-voz da Ocha, agência humanitária da ONU, disse que a contagem israelense levou em conta caminhões apenas parcialmente preenchidos para cumprir as exigências de triagem do Exército.

    “O Cogat conta o que eles verificaram e mandam para o outro lado da fronteira. Nós contamos os caminhões que chegam em nossos depósitos”, disse Laerke.

    “Os caminhões que entram, examinados pela Cogat, normalmente estão cheios até a metade. Essa é uma exigência que eles estabeleceram para fins de triagem. Quando contamos os caminhões do outro lado, depois de serem recarregados, eles estão cheios”, explicou.

    Outras restrições israelenses acabam fazendo com que os caminhões muitas vezes não cruzem a fronteira e cheguem aos depósitos no mesmo dia, complicando ainda mais uma contagem clara, afirmou Laerke.

    “Motoristas e caminhões egípcios nunca podem estar na mesma região ao mesmo tempo que motoristas e caminhões palestinos. Isso significa que não há uma transferência tranquila. Primeiro, tudo tem que chegar, ser descarregado e todo mundo tem que ir embora, antes que um novo grupo de caminhões de dentro de Gaza, com placas palestinas, com motoristas palestinos verificados, possa entrar e pegar tudo”, afirmou.

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