Zanzibar: as perfumadas ilhas paradisíacas na costa da África
Desde jovens aventureiros que saltam nas águas azuis até veteranos que se envolvem em um competitivo jogo de dominó, o modo de vida aqui é simples, com grande foco em ser feliz no dia a dia
Há uma frase que os habitantes locais adoram usar em Zanzibar, que resume a vida neste arquipélago de 50 ilhas ao largo da costa da África Oriental: hakuna matata.
Significa “não se preocupe” (como os fãs de “O Rei Leão” sabem) e é um sentimento palpável desde o momento da chegada à “Stone Town”, a Cidade de Pedra, protegida pela UNESCO.
Sua localização transformou Zanzibar em um entreposto comercial vital já no século IX, quando comerciantes suaíli facilitaram a venda de ouro e marfim de toda a África Oriental a comerciantes árabes, indianos e persas.
Esta união de civilizações ajudou a lançar as bases para a diversa e vibrante cultura das ilhas hoje, antes que o domínio imperial português, omani e depois britânico mudasse ainda mais as coisas. Somente em 1964, com sua fusão com Tanganica para formar a atual Tanzânia, é que Zanzibar se tornou o lugar que conhecemos (e amamos).
A Cidade de Pedra
Lugar algum resume essa união de culturas como “Stone Town”. Suas vielas labirínticas, souks e bazares são uma prova de séculos de influência em todo o mundo. Passeando por estas ruas estreitas, esquivando-se das bicicletas, há um ar de cordialidade e simpatia.
Lugar algum resume a cultura de Zanzibar como “Jaws Corner”, este estabelecimento decorado por grafittis de tubarões é conhecido por todos. Aparentemente, é aqui que os moradores locais tomam uma xícara de café extra forte e ficam por dentro das últimas fofocas. Mas quem sentar para assistir a um jogo de dominó pode ver rapidamente tudo mudar, com conversas acaloradas sobre política e outros temas polêmicos.
Farouque Abdela, porém, explica que nem sempre é assim. Pelo menos não quando o assunto sério do dominó está envolvido. Designer de moda renomado, Abdela deixou sua terra natal, Zanzibar, na década de 1960, mudando-se para Londres aos 14 anos. Ele retornou em 2004 e agora deseja abraçar as alegrias de casa, e de “Stone Town” em particular.
O tour de Abdela começa no Museu Freddie Mercury, dedicado ao homem nascido Farrokh Bulsara aqui mesmo em Zanzibar. Repleto de fotografias de sua infância e letras manuscritas, infelizmente encobre partes importantes da vida de Mercury, mais significativamente sua morte por doença relacionada à AIDS, perdendo partes importantes de sua lenda e legado no processo.
No entanto, não é a única coisa que Abdela deseja revelar.
As lindas e ornamentadas portas esculpidas de Stone Town foram, e são, um sinal de riqueza. E na loja do Sr. Jabir há a oportunidade de assistir, aprender e tentar fazer uma.
No entanto, embora Jabir trabalhe principalmente em impressionantes entalhes de portas, ele também é hábil em fazer as caixas lindamente trabalhadas, necessárias para o jogo complicado de Bao.
Popular em toda a África Oriental e exigindo impressionantes habilidades aritméticas para se tornar um verdadeiro mestre, ele traz à tona a mesma tendência competitiva encontrada nas mesas de dominó de “Jaws Corner”. Para Jabir e Abdela, é uma fonte de grande diversão, bem como uma oportunidade de mostrar como Zanzibar leva suas tradições regionais no coração.
Cercada por águas cristalinas
Se “Stone Town” fala do passado e do presente cultural de Zanzibar, então a tradição também pode ser encontrada nas águas cintilantes do Oceano Índico que cercam suas costas. Este é um local onde a pesca continua a ser vital, embora o turismo tenha se tornado o principal comércio.
A belíssima praia de Michamvi, a 90 minutos de Stone Town, na costa sudeste de Zanzibar, é o lugar para os marinheiros em busca de aventuras na água. Principalmente aqueles que querem experimentar navegar em uma Ngalawa, uma canoa tradicional encontrada ao longo da costa da Tanzânia.
No entanto, esta não é apenas uma oportunidade para os turistas passarem o dia. Esculpidas em mangueiras, essas embarcações estreitas ainda são usadas para trazer o pescado diário.
O capitão Ally, que está à disposição para nos mostrar o que fazer, não apenas leva os visitantes para a água. Quando não está ocupado exibindo suas habilidades, ele sai para pescar em Ngalawa.
“Eu pesco. Meu trabalho é pescador. Alguns dias eu pesco atum, barracuda, peixe-rei ou lula”, diz ele enquanto o vento aumenta e as ondas começam a bater. As capturas de Ally e de pescadores como ele são o que mantém a maior atração comercial da praia de Michamvi.
Situado no topo de um afloramento a poucos metros da costa, num edifício tradicional com telhado de colmo, este soberbo restaurante não serve apenas alguns dos pratos de marisco mais criativos da região; também acontece de ser interrompido na maré alta.
Construído de acordo com padrões exigentes e com impacto ambiental mínimo, a oportunidade de provar o seu notável ravióli de caranguejo com espirulina e depois fazer uma rápida viagem de ferry de volta à praia para dormir, faz com que a peregrinação a este local valha a pena.
Um aroma do passado
Zanzibar é, obviamente, mais do que a sua ilha principal. A segunda maior das 50 que compõem a região é Pemba, a um voo rápido a nordeste de Unguja, também conhecida como Ilha de Zanzibar. Aqui, o comércio vital de especiarias de Zanzibar prospera. Já foi o maior produtor de cravo do mundo
Dirija pelas estradas através dos campos agrícolas e o perfume chega até o fundo das narinas – é realmente inevitável.
Embora o humilde cravo possa hoje em dia ser visto como o coadjuvante do “beijinho” – que por sua vez é menos querido que o brigadeiro – em Zanzibar, ele é um ingrediente chave para famosas sobremesas locais. E na doceria do bairro “Halwa Ya Wete”, há a chance de tentar fazer esta versão do clássico do Oriente Médio, Halwa.
Misturar açúcar, ghee, água de rosas, cravo e outras especiarias locais em uma grande gamela por horas a fio ajuda a criar esta guloseima deliciosa e gelatinosa. A sobremesa é uma das favoritas tradicionais aqui.
A vida para as comunidades agrícolas de Pemba não é fácil, mas isso não os impede de aproveitá-la ao máximo, seja na fila do halwa ou no desfile anual da ilha para o “Humble Donkey”, o humilde burro, animal que continua a fazer um trabalho tão vital nos campos de Pemba.
A tropa colorida que passa pelas ruas durante este evento mágico está cheia de níveis invejáveis de energia e vigor, algo que fala de Zanzibar e do entusiasmo de seu povo pela vida. Esse sentimento também está presente em “Stone Town”. À medida que o sol se põe em mais um dia nesta bela parte do mundo, “hakuna matata” é vibrante e viva a cada passo.
Os nadadores vão para a água, a população local dança pelas ruas e as paradas para café continuam agitadas. Há um entusiasmo e uma atmosfera que são simplesmente incríveis, você só quer entrar. É o que torna este canto único da África tão especial.