Rosewood São Paulo oferece tour privado pelas obras de arte exclusivas do hotel

Com acervo de mais de 450 obras de 57 artistas brasileiros contemporâneos, visita guiada é feita ao lado de um art concierge e tem preços a partir de R$ 1 mil

Saulo Tafarelodo Viagem & Gastronomia , São Paulo

Além de ser um dos melhores novos hotéis do mundo, o recém-inaugurado Rosewood São Paulo também pode ser considerado uma grande galeria de arte contemporânea.

A duas quadras do MASP e a 200 metros da Avenida Paulista, no coração da Bela Vista, o hotel ultraluxuoso mantém mais de 450 obras de 57 artistas brasileiros espalhadas em seus 30 mil metros quadrados.

Situado na cidade mais populosa do Brasil, a alma do hotel se resume em celebrar a beleza natural e a cultura diversificada do país com suas peças. Para cuidar e catalogar todo o valioso acervo, surge aqui o exclusivo cargo de Art Concierge.

Capitaneado por Osvaldo Costa, ele é um dos únicos profissionais que detém o título no mundo – há ainda cargo semelhante no hotel Le Royal Monceau, em Paris.

Assim, ao seu lado, é possível fazer um tour por todas as instalações artísticas do hotel, que vão desde o lobby, os elevadores, os restaurantes até os corredores dos quartos e a Capela Santa Luzia, também parte do complexo Cidade Matarazzo.

Para hóspedes, a visita guiada dura cerca de uma hora e sai por R$ 1 mil + taxa de 10%. Para os não hóspedes que desejam mergulhar na arquitetura, no design e nas obras únicas criadas para o hotel, é preciso desembolsar R$ 2 mil + taxa de 10%*. Os valores são por grupo, independente da quantidade de pessoas – mas com máximo de quatro indivíduos.

O passeio termina no rooftop Belavista, que conta com piscina e vistas privilegiadas para o centro da capital paulista. Qualquer uma das modalidades ainda dá direito ao champanhe francês Perrier Jouët Brut, cuja garrafa sai por R$ 900 no restaurante Taraz, um dos seis pontos gastronômicos do Rosewood.

Arte no hotel

Primeiro empreendimento aberto na Cidade Matarazzo e primeiro hotel da marca Rosewood a desembarcar na América do Sul, a construção chama a atenção desde fora, com a revitalizada Maternidade Condessa Filomena Matarazzo e com a Torre Mata Atlântica, projeto do francês Jean Nouvel, erguida em meio ao skyline de São Paulo.

Se o exterior já desperta o interesse de quem passa pelo bairro nobre da cidade, o interior do hotel funciona então como uma verdadeira vitrine para artistas brasileiros de diferentes regiões e vertentes.

Talentos da arte indígena, arte popular brasileira e street art foram selecionados por Marc Pottier, curador das obras, e Alexandre Allard, idealizador e proprietário do patrimônio Cidade Matarazzo, para compor o portfólio do complexo.

Concebidas para formar uma coleção permanente, esculturas, pinturas, azulejos, desenhos, tecidos e tapetes fazem parte da pele da construção. A grande maioria das obras são site specific, ou seja, foram criadas exclusivamente para o Rosewood.

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Tal fato as transforma em peças singulares e exclusivas. A começar, o lobby do hotel, que se mescla com o “porte-cochère”, ou seja, o pavimento de embarque e desembarque dos carros, recebe visitantes com a extensa tapeçaria da artista plástica Regina Silveira.

Com desenhos inspirados na fauna e na flora brasileira junto de cores em estilo degradê das quatro estações do ano, os tapetes têm, ao todo, cerca de 500 metros quadrados e demoraram mais de dois anos para serem finalizados.

A tapeçaria se abre para a art library, onde livros focados em arte e literatura brasileira ficam dispostos em prateleiras pelo recinto. Os livros podem ser folheados por quem está de passagem ou ainda adquiridos na recepção.

Adiante, aproximadamente 260 peças de uma única obra concebida por Vik Muniz narram a história do Conde de Taraz, em que os quadros acompanham os indivíduos até às paredes das escadas que levam ao restaurante Taraz – o artista ainda foi o responsável por revitalizar uma rosácea na Capela Santa Luzia.

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São muitos os detalhes e cantinhos que convidam à apreciação. Nem os elevadores escapam à invasão criativa: são três elevadores temáticos, cada um com um nome diferente, que contam com caixas-quadro de Walmor Correa.

Neles é possível notar os desenhos botânicos do artista catarinense, que brincam com ciência e biologia ao se inspirar na fauna brasileira.

Algumas de suas obras também estão presentes no menu e nos porta-copos do Emerald Garden Pool & Bar, local inaugurado há pouco tempo que conta com uma piscina feita em pequenos azulejos numa variação de até 40 tons de verde – o ambiente é inspirado nas piscinas naturais de Bonito, no Mato Grosso do Sul.

Já o rooftop Belavista, no topo da antiga Maternidade, conta com azulejos hidráulicos esverdeados baseados em plantas amazônicas da artista Sandra Cinto, inclusive dentro da piscina de borda infinita.

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Ainda no tour é possível ver os murais de azulejos em cerâmica da cozinha do Restaurante Blaise de autoria do carioca Fernando de La Rocque, e o inigualável afresco do artista plástico Cabelo no teto do Rabo di Galo, em que fluxos do inconsciente marcam o ambiente intimista do bar recheado por móveis de couro, madeiras escuras e iluminação indireta – aqui é servido o famoso bolovo com caviar por R$ 135.

Pode-se notar que tudo é pensado nos mínimos detalhes. Cada andar dos quartos e suítes também são completamente adornados por diferentes artistas, como Laura Vinci com suas plantas suspensas com acabamento de ouro no quinto andar do prédio da Maternidade ou ainda Ananda Nahú com sua multiculturalidade antropológica no sexto andar.

A capela

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Construída em 1922 a pedido de Virginia Matarazzo, cunhada de Francesco Matarazzo, após a cura da doença de um dos filhos, a Capela Santa Luzia é um dos cantos mais especiais do complexo da Cidade Matarazzo.

Construída por artesãos italianos, possui fachada com estilo neoclássico e tem entrada tanto pela parte de trás, a partir das oliveiras do restaurante Taraz que chegam a ter 400 anos e foram trazidas do Uruguai, e também pela Alameda Rio Claro.

Reinaugurada em novembro passado após obras de restauro, cerca de oito camadas de pinturas brancas e afrescos bizantinos foram achados próximos ao teto do altar.

Foi descoberto também que uma rosácea na fachada seria parte do projeto original, que não foi concluída. O resgate foi então feito pelo artista Vik Muniz inspirado em Santa Luzia, que instalou a peça no lugar da marca de uma cruz.

Desde a reinauguração, a capela, que possui lotação máxima atual de 180 lugares, já foi palco de pelo menos um casamento, e outros estão já marcados para os próximos meses. O Arcebispo Metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, nomeou como reitor do local o Padre Maurício Matarazzo, que realiza missas todos os domingos às 11h30.

Abertura em fases

Aberto oficialmente em dezembro de 2021, o Rosewood vem sendo aberto em fases. Atualmente, todos os 160 quartos do projeto final estão em operação. Duas construções dão lugar às acomodações: o edifício da antiga Maternidade Matarazzo e a Torre Mata Atlântica.

A torre possui 25 andares – dos quais seis contêm quartos – e, quando inteiramente completa, será uma mistura de quartos de hotel com residências. Os pavimentos entre o 10º e o 21º andar são reservado para residências, dos quais alguns já contam com moradores. Os três últimos andares, inclusive, são parte de uma penthouse do projeto.

Para o futuro próximo, além do hotel, ainda são esperados para completar o complexo da Cidade Matarazzo um wellness center, um cinema, um centro cultural e uma construção dedicada à cozinha italiana com cerca de 38 pontos gastronômicos.

A primeira loja física de uma plataforma de moda de luxo também promete abrir as portas pelos próximos anos dentro dos 140 mil metros quadrados que compõem o projeto.

*Valores alterados em setembro de 2022. 

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