Pontos turísticos imperdíveis de Belo Horizonte, capital mineira cheia de encanto

Da Pampulha até o Circuito Cultural da Praça da Liberdade, cidade possui uma cena histórica e artística agitada; conheça

Daniela Filomenodo Viagem & Gastronomia , Belo Horizonte

O rico agito cultural e gastronômico, as belas paisagens típicas e os preciosos patrimônios históricos fazem com que Minas Gerais seja um dos estados brasileiros mais incríveis de se conhecer. E a capital não poderia ficar de fora: com mais de 2,5 milhões de habitantes, Belo Horizonte reúne tudo que Minas é e mais um pouco. Tem história, povo gentil, atividades culturais, e, para nossa sorte, muita comida boa.

Marcada por temperaturas amenas, a grande cidade é rodeada pela serra do Curral, quase uma moldura natural e também uma referência histórica – o nome faz alusão à Curral del Rei, como o município era chamado antes de sua fundação há 123 anos. Apesar do estado ser antigo, a capital é consideravelmente recente e foi planejada para ser a nova sede do estado com base em grandes cidades estrangeiras – como Paris e Washington.

E “Beagá” é assim: uma mistura de diferentes épocas arquitetônicas e heranças culturais que vão se fundindo ao redor dos seus 331 km² de área. Além do horizonte natural que circunda a cidade, é pelas esquinas, avenidas e ruas que sobressaem importantíssimos monumentos, parques e espaços de agitos culturais.

Dou uma amostra: no centro, o Mercado Central tem 92 anos e reúne o melhor dos sabores mineiros; já a Pampulha é um marco para a arte moderna brasileira, reunindo projetos de Oscar Niemeyer, do paisagista Burle Marx e do pintor Cândido Portinari, para citar alguns. A Praça da Liberdade, no encontro de quatro grandes avenidas e onde a capital começou a se desenvolver, é um dos casos mais notáveis de circuito cultural que o Brasil possui.

Entre restaurantes, igrejas, parques, praças e patrimônios dos mais diversos estilos, Belo Horizonte é recheada de atividades imperdíveis tanto para moradores quanto para todos os tipos de viajantes. Vamos comigo conhecer um bocadinho destes programas?

Igreja da Pampulha

Igreja da pampulha
Detalhes dos desenhos com pastilhas brancas e azuis do exterior arredondado da igreja (Foto: Flavio Jota de Paula/Flickr)

Projeto de Oscar Niemeyer, o cartão postal às margens da Lagoa da Pampulha nos surpreende por seus traços livres, modernos e menos robustos, que contrariam o senso comum de como uma igreja católica deve ser. Seu nome verdadeiro é Igreja de São Francisco de Assis, intitulada com o nome do padroeiro italiano, e foi erguida em 1943 com ornamentação concluída em 1957.

É quase obrigatório estar em Belo Horizonte e apreciar a beleza e a importância cultural (e religiosa!) do local. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a estrutura é toda marcada por curvas que remetem às montanhas de Minas, em que o desenho da igreja é feito com uma série de tetos arredondados – as abóbadas – e o exterior é destacado por pastilhas de cerâmica em tons azul claro e branco.

Assim, ela não somente funciona como uma igreja, com missas celebradas regularmente, como também é um espaço artístico de grande importância: o interior conta com lindos painéis de Cândido Portinari que representam a Via Sacra – os painéis externos com uso das pastilhas também são de autoria do artista plástico. Mosaicos nas laterais da abóbada são de Paulo Werneck e os jardins são resultado das mãos e da genialidade de Burle Marx.

Preciosidade na cidade, a igreja é peça central do Conjunto Moderno da Pampulha, verdadeiro marco do modernismo brasileiro às margens da lagoa com edificações projetadas por Niemeyer e jardins de Burle Marx. O conjunto é formado ainda pelo antigo Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), pela Casa do Baile (hoje o Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte) e pelo Iate Golfe Clube (atual Iate Tênis Clube). Andar pelo entorno é apreciar um dos Patrimônios Mundiais da Humanidade pela UNESCO: não tem como passar uma manhã ou uma tarde por ali e não ser impactada pela beleza e pela relevância do local.
Avenida Otacílio Negrão de Lima, 3000 – Pampulha. Mais informações no site

Museu de Arte da Pampulha

museu de arte da pampulha
Museu de Arte da Pampulha fica às margens da lagoa e integra Conjunto Moderno da Pampulha (Foto: Wikimedia Commons)

O que antes foi um cassino que agitou as noites da cidade na década de 1940 hoje firma-se como o principal centro de divulgação de arte contemporânea de Minas Gerais – sendo também uma referência Brasil afora. Também um projeto de Oscar Niemeyer, a construção de 1942 faz parte do Conjunto Arquitetônico Moderno da Pampulha e deixou de ser uma casa de jogos e entretenimento por conta da proibição do setor no país em 1946. O local grandioso passou a ser de fato um museu em 1957.

Atualmente fechado por tempo indeterminado para reformas, o Museu de Arte da Pampulha (MAP) guarda muito mais do que seu rico acervo, que possui obras de Cândido Portinari, Alberto da Veiga Guignard, Di Cavalcanti, Amilcar de Castro e Tomie Ohtake. Seu exterior, sua arquitetura e história já valem a pena para dar uma passadinha e ficar encantada. Os jardins ao redor do prédio, que já teve o apelido de Palácio de Cristal, também são do paisagista Roberto Burle Marx e misturam cores, desenhos e formas com uso da flora de nosso país. Ao redor das flores e plantas ficam algumas esculturas interessantes, como as de August Zamoyski, Alfredo Ceschiatti e José Pedrosa, que integram a paisagem.

Em um único dia é possível conhecer tanto a Igreja de São Francisco de Assis quanto o Museu de Arte, assim como dar uma passadinha nos outros edifícios do conjunto da Pampulha enquanto andamos pela orla da Lagoa – programa tipicamente belo-horizontino.
Avenida Otacílio Negrão de Lima, 16585 – Pampulha. Mais informações no site

Mineirão

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Interior do Mineirão, que abriga ainda Museu Brasileiro do Futebol, tirolesa e tour pelas instalações (Foto: Mineirão/Agência i7)

Todos sabemos que o Brasil tem uma ligação íntima com o futebol. Neste cenário, o Mineirão é um dos estádios mais emblemáticos do país. Atendendo oficialmente sob o nome de Estádio Governador Magalhães Pinto, ele é o mais famoso de Belo Horizonte e também fica na Pampulha, uma das regiões mais conhecidas e importantes da capital mineira. Inaugurado em 1965, o campo recebe partidas dos mais diversos campeonatos: jogos entre os rivais Atlético e Cruzeiro costumam agitar além da conta o estádio e o emblemático 7×1 da Alemanha contra o Brasil na Copa de 2014 foi disputado nos gramados daqui.

Com capacidade para mais de 60 mil pessoas, não é apenas sua grandiosidade e arquitetura que chamam atenção. Além dos belo-horizontinos, nós, turistas, possuímos mais uma opção de lazer na cidade com as experiências oferecidas no local. Desde 2013 o Mineirão abriga o Museu Brasileiro do Futebol, proporcionando uma verdadeira imersão no universo da bola, com exposições, pesquisas e artefatos materiais e imateriais relacionados ao esporte no Brasil.

Para quem curte futebol, um tour pelo estádio é indispensável: mediante pagamento de uma taxa é possível acessar por 1 hora os espaços mais restritos do “Gigante da Pampulha”, como os vestiários oficiais, a sala de aquecimento, o acesso ao campo pelo túnel dos atletas e o banco de reservas. Para os que curtem uma aventura a mais, periodicamente o Mineirão disponibiliza uma tirolesa dentro do estádio, em que os corajosos atravessam o complexo com uma velocidade máxima de 45km/h e deslumbram de vistas privilegiadas.
Avenida Antônio Abrahão Caram, 1001 – São José. Mais informações no site

Mercado Central de Belo Horizonte

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Daniela Filomeno em lojinha de queijos e iguarias mineiras no Mercado Central de BH (Foto: Daniela Filomeno)

Não dá para falar de “Beagá” e não citar o “Mercadão” da cidade. Localizado na Avenida Augusto de Lima, uma das principais do centro, o Mercado Central reúne uma variedade incrível de sabores mineiros assim como se estabelece como um centro histórico, cultural e gastronômico da região e do estado. Aberto desde setembro de 1929, o mercado tem um número expressivo de lojas: são mais de 400 delas, que vendem produtos alimentícios, artesanato e comidas típicas – entre queijos, doces, temperos, embutidos, pimentas, cachaças e tudo mais que reflita a cultura mineira.

Estima-se que 320 mil quilos de queijos sejam vendidos no mês por ali: assim, é quase regra parar e degustar ao longo das lojinhas os quitutes que vão nos oferendo! Além das lojinhas, uma gama de bares e restaurantes deixam qualquer um satisfeito com as delícias servidas, que vão desde pratos tradicionais, como torresmo, mexidão, tropeiro, até mesmo fígado acebolado com jiló. O Mercado Central possui ainda uma Cozinha Escola feita em bambu, com atividades e cursos gratuitos voltados ao conhecimento da culinária mineira.

Quem não quiser explorar sozinho o local pode contar com uma visita guiada, mostrando o que há de melhor deste que é um dos pontos turísticos mais conhecidos e concorridos da região. Para quem deseja conhecer a fundo a cidade e experimentar um pouco da cultura mineira e de Belo Horizonte, o Mercado Central é a pedida certa!
Avenida Augusto de Lima, 744, Centro. Mais informações no site

Circuito Cultural Praça da Liberdade

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Um dos cantos da Praça da Liberdade com destaque para o Edifício Niemeyer ao fundo (Foto: Divulgação/Prefeitura de Belo Horizonte)

Em poucas palavras, o circuito é como um paraíso para quem, assim como eu, é fã de programas culturais. Localizado em uma das praças mais charmosas na região central da cidade, o Circuito Cultural da Praça da Liberdade une arte, cultura e turismo em um único local. São ao menos 22 espaços que formam o circuito, entre eles a Biblioteca Pública Municipal de Minas Gerais, o Centro Cultural Banco do Brasil, a Casa Fiat de Cultura, o Planetário, o Museu Mineiro, entre outros.

A praça situa-se logo em frente ao Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro, em uma área de cerca de 35 mil metros quadrados e fica no encontro de quatro grandes avenidas da cidade. O interessante é que o circuito em si foi criado em 2010, mas sua história mescla-se com a da própria cidade de BH e de Minas, já que a Praça da Liberdade foi projetada no fim do século XIX para ser o centro administrativo do Estado.

Hoje, o circuito é considerado um dos maiores conjuntos culturais de todo o país, com uma mistura interessante de arquiteturas que refletem diferentes épocas e estilos, assim como os jardins da praça foram inspirados no Palácio de Versalhes, na França – tendo ainda chafarizes, fontes e monumentos. É agradável e especial andar por ali em plena luz do dia e se encantar com os mais diversos aparelhos culturais que dão vida à cidade.

Dica: gosta de astronomia? O Espaço do Conhecimento da UFMG, um dos espaços culturais da praça, abriga o Terraço Astronômico, que possui um teto retrátil que permite a observação celeste através de telescópios. O local também sedia o Planetário, que tem um conjunto de projetores que nos permitem visualizar o céu como se estivéssemos em qualquer lugar do mundo e em qualquer época. Vale ressaltar que, atualmente, o espaço está fechado por tempo indeterminado por conta da pandemia de coronavírus, mas fique atento aos canais virtuais oficiais do espaço.
Praça da Liberdade, s/n. Mais informações no site


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