Ponto Gin une gastronomia autoral e alta coquetelaria na capital paranaense
Após anos trabalhando somente com coquetelaria, nova unidade da Taunay traz cozinha refinada e rapidamente conquista um novo público
Poucos lugares em Curitiba conseguem unir um ambiente convidativo e aconchegante, ótima gastronomia e drinques de altíssima qualidade, e o Ponto Gin da Taunay consegue suprir toda essa lista.
O gastrobar, inaugurado em maio deste ano, tem iluminação indireta, sem luz branca, sem os famigerados spots em cima das mesas. A beleza das pessoas é valorizada, e não o contrário. É um ambiente em que se tem vontade de permanecer por horas, perfeito para um date, ou para se reunir com um grupo de amigos amantes da alta cozinha e da coquetelaria autoral.
A chef Júlia Schwabe, de 31 anos, está à frente da cozinha, que é descomplicada e leve, harmonizando perfeitamente com os drinques criados pelo bartender Gabriel Bueno, de 27 anos. Os pratos são para compartilhar, o que é ótimo para conhecer mais criações e enriquecer a experiência.
Júlia, que vem de uma família que sempre se reuniu em torno da cozinha, decidiu largar a sua formação original, arquitetura e urbanismo, para seguir a sua paixão pela gastronomia, e foi estudar na renomada Le Cordon Bleu, em Melbourne, na Austrália, em 2017.
Passou por diversas cozinhas no país, dentre elas um dos melhores restaurantes da Austrália, o Cutler & Co. Após se formar com distinção, retornou ao Brasil em 2019 e ingressou no Bobardi, na época chefiado por Danilo Takigawa. Trabalhou com o chef Lênin Palhano no Nomade, e posteriormente co-chefiou o Obst com Lênin, o que lhe rendeu o prêmio “Para Ficar de Olho” do Bom Gourmet, prêmio este conquistado novamente este ano, já na chefia da cozinha do Ponto Gin.
Da sua vivência na Austrália, Júlia carrega a predileção por trabalhar com peixes e frutos do mar, o que é evidenciado nos pratos Vieira curada e grelhada, água de tomate, tomates desidratados, vinagrete de pepino e melão (R$ 145), na Ostra, vinagrete de caju, leite de coco (R$ 71 por 4 unidades), no Polvo temperado com glacê de polvo, salsa verde, aioli picante e picles de cebola roxa na focaccia feita na casa (R$ 67) e no Siri com pimenta cambuci, doce de laranja e aioli de coentro sobre acelga infusionada no licor de laranja (R$ 57). Pratos com combinações inusitadas, porém certeiras, com toda a delicadeza e leveza que marcam o estilo de cozinha de Júlia.
O Ponto Gin é um prato cheio para os vegetarianos, que costumam ser carentes de restaurantes com boas opções. Os pratos vegetarianos/veganos não foram pensados somente para não conterem proteína de origem animal, mas para valorizar ao máximo o ingrediente e extrair todo o sabor e criar texturas. O resultado? Pratos ricos, lindamente apresentados, deliciosos, em que nem os carnívoros percebem a ausência da proteína de origem animal.
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Vale provar o snack Tartare de cenoura temperada com missô e beldroega sobre crocante de sementes (R$ 51), o obrigatório (inclusive para não-vegetarianos) Cavatelli, vegetais orgânicos, farofa de pão (R$ 65), a Abóbora Cabotiá em 3 versões (assada, picles e purê), stracciatella e sálvia (R$ 74) e o surpreendente Mini arroz negro Piagui com pinhão, muhammara de pimentão, bokchoy grelhado, farofa de castanha de baru (R$ 90).
E, para quem não abre mão da carne, o Cupim Sando (R$ 70), uma releitura do sanduíche clássico japonês Katsu Sando, que leva pão de Leite, cupim, picles, molho de gouda e togarashi, é uma ótima pedida. Outras opções são a Carne Cruda (R$ 80) e o Tempurá de folha de mostarda com pernil desfiado, aioli picante e doce de pimenta (R$ 73).
Não dispensa um docinho no final da refeição? Eu costumo dispensar, mas a Mousse de chocolate 70% com creme de camomila e crocante de avelã (R$ 30) é absolutamente imperdível.
Do bar não podemos esperar nada menos do que drinques extremamente equilibrados e complexos, características da coquetelaria do Gabriel Bueno, que trabalha na área desde 2015. Gabriel já foi semifinalista do World Class Brasil em 2020/21 e finalista em 2022. Neste período passou pelo Officina, Nuu Nikkei, Hai Yo e Astrolab, até assumir o Ponto Gin.
A ideia do Ponto Gin é trazer coquetéis que utilizem ao máximo o frescor dos ingredientes com diferentes técnicas para extração de seus sabores, unindo complexidade à leveza e suavidade. No cardápio atual há uma seleção de 13 coquetéis, em que 6 ingredientes são utilizados como base de sabor: Pimenta Cambuci; Eucalipto; Macela do Campo; Caju; Café; e Maçã. Segundo Gabriel, a ideia é trazer diferentes formas de se trabalhar com os mesmos insumos, alterando as técnicas e percepções de sabor, formando assim um cardápio amplo em relação aos perfis sensoriais, com coquetéis para todos os gostos.
Para quem gosta de coquetéis mais amargos, com um toque de umami, o já famoso Cardinali Twist (R$ 45), que leva Gin Tanqueray, infusão de salsão, Campari, vinho Chardonnay fortificado com maçã verde e salmoura de azeitona. Para um perfil mais doce, com um toque de refrescância, o Cuban Coffee (R$ 45), que leva Rum 8 anos, cold brew e cordial de toranja. Um dos drinques com caju é 5th Avenue (R$ 55), que leva Johnnie Walker Black Label, Single Malt Talisker, cordial de caju e Vermouth Dry.
Para os dias mais quentes, o La Poire (R$ 38) é perfeito, muito leve e frutado. Leva Brandy Jerez, Infusão de Marcela, Cordial de Pera, Bitter de Laranja e Club Soda.
Mas, independente de qual seja o seu estilo de drinque favorito, a dica é provar o House Martini (R$ 55), que nesta versão leva Gin Tanqueray Ten, infusão de maçã verde, Jerez Fino, perfume de Marcela e azeitona. Tenho uma obsessão por Dry Martini, e o Gabriel o prepara como ninguém.
Ponto Gin: Alameda Pres. Taunay, 543 – Batel, Curitiba – PR / Tel.: (41) 98437-0202 / Funcionamento: segunda a sábado, das 19h às 23h. Não abre aos domingos.
*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.
Sobre Caroline Grimm
Curitibana, médica de formação e gastrônoma de coração, Caroline Grimm também é criadora de conteúdo e acumula milhares de seguidores nas redes sociais. Como ela mesma descreve, vive para cozinhar, comer, beber e viajar – não necessariamente nesta ordem, mas sempre em busca das melhores experiências.