Países em que o real tem mais poder de compra: veja alguns cuidados na hora de viajar
Argentina, Chile, Indonésia, Egito e Turquia são alguns deles; cotação da moeda é importante para otimizar orçamento, entretanto, outras variáveis precisam ser levadas em conta ao planejar uma viagem
Quem não gosta de economizar? Ao planejar uma viagem, um dos pontos principais da lista do turista – se não o principal – é o orçamento: o quanto a viagem custará. Neste valor é preciso considerar tudo: desde a compra de passagem, hospedagem e passeios até o quanto de dinheiro levará para gastar no local, seja para fazer compras ou para pagar as refeições, por exemplo.
É por este motivo que um quesito, para muitos, tem grande influência na escolha do destino da vez: o valor da moeda local. Países em que o real está valorizado tendem a atrair olhares dos turistas. Pesquisando muito bem – e seguindo dicas valiosas – é possível fazer uma viagem bem econômica e vantajosa a esses destinos, mas é preciso ter atenção em muitos pontos.
Na América Latina, o real é a quarta moeda mais valorizada, ficando abaixo de Peru (sóis), Uruguai (pesos) e México (pesos).
“Isso direciona olhares para os demais países de língua latina com a Argentina [pesos], com maior desvalorização da moeda em relação ao dólar, seguida do Paraguai [guaranis] e Chile [pesos]. Se a ideia é conhecer outros continentes, Turquia [lira] tem a moeda menos valorizada, Marrocos [dirham] e Egito [libras egípcias] apresentam oportunidades semelhantes”, ressalta Marcos José Valle, economista e professor da Uninter.
Segundo o professor, a cotação da moeda é um dos indicadores de melhor aproveitamento dos recursos financeiros em termos de otimização do orçamento, entretanto, outras variáveis precisam ser levadas em conta, como a inflação local do país, por exemplo. Não é só porque um país tem a moeda mais barata que é sinônimo de ser um bom país a se visitar.
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“Pode acontecer de a moeda local estar desvalorizada e os preços de produtos e serviços estarem muito elevados em função da realidade econômica local, o que pode ser um equalizador dos gastos e frustrar a expectativa de comprar mais pagando menos”, alerta.
Uma forma de não ter surpresas por decidir a viagem com base unicamente na cotação da moeda é investigar preços locais, comparando com as despesas do Brasil: média de almoço de rotina, refeições mais sofisticadas, passagens de transporte público como taxis e ônibus, diárias de hotéis, preços dos passeios e traslados. Essas comparações vão ajudar na percepção do seu poder de compra permitindo a otimização do orçamento, se vai ter que ser mais regrado ou esbanjar nas escolhas.
“Para dar um exemplo, no Chile, uma pizza é vendida 10.800 pesos chileno, equivalente em reais a 60,48 – dependendo da região do Brasil em que você mora isso pode ser barato ou caro. Já um jantar sofisticado pode custar CLP$ 100.000 (R$ 560) por pessoa. Ainda que nossa moeda esteja mais valorizada em relação a dos países a serem visitados, a paridade é dada em relação a uma moeda mais forte, no caso, o dólar.
Dessa forma, é melhor manter em mãos uma quantidade dessa divisa para eventuais trocas cambiais em casas locais, ou ainda para pagamentos diretos – dólar é sempre reconhecido”, ressalta o professor.
Em resumo prático: o dólar em espécie pode te ajudar a economizar bastante nestes países – é possível comprar muito mais da moeda local tendo ele em mãos.
Outro facilitador é contratar um cartão de débito internacional, lembrando que 3 taxas incidem sobre os usos desse recurso: taxa de saque (conforme operadora), taxa de câmbio (cobrada na conversão da moeda) e IOF (6,38%) – importante pesquisar vantagens e benefícios ofertados pelas operadoras.
Argentina, um caso especial
Um dos destinos mais procurados pelos brasileiros, segundo as plataformas de viagens como Decolar e Booking.com, a Argentina está ainda mais em alta neste ano. No país, a cotação oficial “compete” com um mercado informal, chamado de paralelo. Neste último, casas de câmbio e parte do comércio têm interesse em comprar outras moedas e acabam vendendo o peso argentino por um valor que chega até menos da metade do valor oficial – uma vantagem que pode variar de 100% a 150%. Por isso, é muito mais vantajoso o viajante levar o dinheiro em espécie.
Recentemente, o governo de Alberto Fernández estabeleceu uma taxa de câmbio oficial diferenciada para turistas estrangeiros que forem ao país.
O médico Luiz Maciel esteve em Buenos Aires em setembro. Na mala, levou R$ 5 mil para passar três dias – considerando que pagaria até o hotel em espécie. Já sabendo sobre o mercado informal, foi à Rua Florida, zona central da cidade, e buscou uma casa de câmbio para trocar a quantia. Se fosse seguir a cotação oficial do dia, trocaria 1 real por cerca de 25 pesos. No paralelo, conseguiu que pagassem 56 – mais do que o dobro. Isso dobrou o seu poder de compra. Um perfume que no Brasil custaria R$ 1 mil conseguiu pagar R$ 491, por exemplo.
Em uma refeição completa, gastou 2.250 pesos. Como tinha o dinheiro trocado, pagou o equivalente a R$ 40. Caso tivesse pago no cartão de crédito, o valor mais do que dobraria – além da cotação oficial, pagaria as taxas do banco.
É importante que essa troca seja feita em um lugar confiável para evitar falsificação de dinheiro. A dica é evitar os chamados “arbolitos”, que ficam nas ruas oferecendo o serviço.
Produtos nacionais e economia local
Outra dica importante antes de partir para o destino é fazer uma pesquisa sobre a economia local, entendendo quais são os produtos que são produzidos localmente, se em grande ou baixa escala, e o que é importado.
“Chile e Argentina, por exemplo, são produtores de vinho. Programar visitas as vinícolas pode proporcionar a experimentação de vinhos de ótima qualidade a preços ótimos. O Chile oferece ainda uma grande diversidade de frutos do mar e preparos, dada a sua condição geográfica. Nessa região, carne vermelha pode sair mais cara, assim como consumo de frutas e sucos”, aponta o professor.
Uma boa pesquisa sobre o local da viagem pode render mais economicamente do que somente a conversão da moeda. O ditado “quem converte não se diverte”, de fato, pode ser verdadeiro na prática, mas não em 100% dos casos. Por isso, use essas dicas para converter – e também se divertir.
Alguns exemplos de países em que o real tem maior poder de compra:
- Argentina. Moeda: peso argentino
- Paraguai. Moeda: guaranis
- Chile. Moeda: peso chileno
- Indonésia. Moeda: rúpia Indonésia
- Marrocos. Moeda: dirham
- Egito. Moeda: libras egípcias
- Turquia. Moeda: lira