Os encantos da região litorânea de Maldonado, no Uruguai

Para além de Punta del Este, esse charmoso destino oferece vinícolas e cantinhos especiais para serem desbravados em uma viagem sem pressa. Aqui, o termo slow travel nunca fez tanto sentido

Giuliana Nogueirado Viagem & Gastronomia

Depois de quase dois anos com uma passagem em mãos, finalmente consegui voltar para o Uruguai. Entrei no dia 3 de novembro, logo que as fronteiras abriram e já cabe aqui um aviso: por hora, para sair do Brasil a caminho do Uruguai de avião, é necessário apresentar PCR de até 72 horas, declaração de saúde preenchida no site coronavirus.uy, seguro saúde viagem com cobertura contra Covid-19 e carteirinha de vacinação com duas doses. Os documentos são verificados no embarque e desembarque.

Sobre o cenário que encontrei por lá, assim como aqui no Brasil, muitos estabelecimentos não resistiram. Mas, por outro lado, também encontrei muita expectativa em relação à abertura das fronteiras, com novidades imperdíveis.

Começo o meu roteiro lembrando que Punta del Este não é o ponto final. A região litorânea de Maldonado se expande expressivamente para além de Punta e, essa região litorânea, que possui diversos negócios locais sazonais, ganhou mais estrutura. Começa a deixar os ares de pequeno povoado e traz boas novidades em termos de gastronomia que esperamos que perdure além do verão.

Jose Ignacio / Giuliana Nogueira

Ali perto, na pequena La Juanita, separada de José Ignacio apenas pela estrada, fica o Rizoma. Um espaço integrado à natureza que abriga um charmoso hotel com apenas 4 quartos, uma livraria, um café com medialunas deliciosas e um ateliê de cerâmica.

Lugar estratégico para se hospedar e aproveitar os restaurantes da região como o La Huella, o Santana Café e o Winebar Solera – com muito vinho uruguaio e tapas. Mas, também fica pertinho (a 20 minutos de carro) das charmosas La Barra e Mantiales.

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Estas pequenas regiões costeiras que ficam lotadas no verão tem novas boas pedidas para se comer bem como o Raiz Bar y Restaurante, que dispõe também de boa carta de vinhos com opções de baixa intervenção.

A lenha dá o tom a muitos pratos, “asados”, pizzas, pasta caseira e a especialidade do Uruguai: a Fainá! Uma espécie de pão assado sem fermentação que leva basicamente farinha de grão de bico, pimenta branca, água, sal e azeite em sua composição.

Raiz Bar y Restaurante tem foco na lenha, que dá o tom a muitos pratos / Giuliana Nogueira

Outra boa novidade é o La Proveeduría. Um armazém de comércio solidário que trabalha com pequenos produtores da região. Lá se pode achar queijos e embutidos artesanais, e vinhos de vinícolas pouco conhecidas pelos brasileiros, como a Los Nadies.

Da cozinha saem porções inspiradas em petiscos tradicionais do Uruguai como os Bolueños de alga, de Cabo Polônio e as deliciosas empanadas de pescado. Quem consegue ficar por mais tempo, ainda dá para aproveitar as oficinas culturais que ocorrem por ali.

La Proveeduría é um armazém de comercio solidário que trabalha com pequenos produtores da região/ Giuliana Nogueira

A região continua contando com boas paradas, como a Cantina Mataojo, a tradicional panaderia La Linda, a nova El Abasto Bakery & Almacén, o curioso Café Zinc, o sazonal Borneo Coffee e o gostoso restaurante El Abrazo.

Restaurante El Abrazo / Giuliana Nogueira

É preciso também voltar a Montevideo, parada que eu conto melhor no próximo artigo porque no meio do caminho temos outro cantinho novo para recarregar as baterias e, claro, beber algumas copas de vinho.

A vinícola não é nova, pelo contrário, a Bracco Bosca já é bem conhecida pelos brasileiros que se derretem pelo carisma de sua proprietária Fabiana Bracco (que fala português perfeito e produz vinhos cada vez mais especiais).

O local ganhou agora duas esplêndidas cabanas estrategicamente posicionadas no meio dos vinhedos. Depois de alguns quilômetros de estrada de terra, é no mínimo idílico, com vista tanto para o pôr do sol quanto para o nascer dele.

Depois de conhecer a vinícola, que fica longe do burburinho urbano, pode se escolher entre um fim de tarde na piscina ou no ofurô aquecido. Ou, por que não, os dois. O ruído dos pássaros e grilos embalam tanto um boa noite de sono quanto a boa disposição ao acordar com um café da manhã caprichado. E se der sorte, cruzar com uma lebre no campo ou com o lagarto ‘Lacertilla’ tomando sol em frente a bodega. Mais sorte ainda é esbarrar com Fabiana para um dedo de prosa e histórias de vinhos. Antes de partir em direção a Montevideo, há apenas uma hora dali.

Giuliana Nogueira 

Giuliana Nogueira é brasileira, psicóloga, fotógrafa e assessora de comunicação. Não é enóloga nem sommelierè. Mas é enófila, apaixonada especialmente por vinhos uruguaios e pelo Uruguai. Mantém o Instragram @Instatannat, falando mais de vinhos uruguaios que os próprios uruguaios. Sempre que pode viaja até a terra dos nossos vizinhos, que sabem receber muito bem.


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