Mostra de Evandro Teixeira, fotógrafo de momentos históricos do Brasil, entra na reta final em SP
Exposição no IMS Paulista termina domingo (30) e traz imagens de fatos da nossa história e também do Golpe Militar no Chile; ainda dá tempo de se programar!
Após o Golpe Militar no Chile, em 11 de setembro de 1973, o fotojornalista Evandro Teixeira foi enviado ao país pelo Jornal do Brasil, onde trabalhava, como correspondente especial.
Em 2023, completam-se 50 anos do golpe no país, que voltou a ser uma democracia apenas em março de 1990, quando o ditador Augusto Pinochet deixou o cargo de presidente.
No ano do cinquentenário, a sede de São Paulo do IMS (Instituto Moreira Salles), na avenida Paulista, região central da cidade, organizou uma exposição que reúne fotografias que Teixeira produziu após a tomada do poder pelos militares.
A mostra vai até domingo (30), tem entrada gratuita, e também inclui algumas fotos de Evandro, que está com 87 anos, da Ditadura Militar no Brasil, em um diálogo entre os dois países.
À CNN, Evandro falou sobre a importância da mostra como registro de uma época.
“Não é uma simples exposição de fotografia. É uma exposição de dois momentos históricos no Brasil e no Chile. É uma aula de história”, completou o fotojornalista.
Registrando a história
Evandro foi enviado ao Chile no dia seguinte ao golpe, junto com o repórter Paulo César de Araújo. Eles permaneceram retidos na fronteira até o dia 20 de setembro com outros 50 jornalistas, aguardando autorização para entrar no país – concedida somente em 21 de setembro.
A cobertura internacional do brasileiro rendeu imagens impactantes, como do Palácio De La Moneda, sede da Presidência da República do Chile, bombardeado pelos militares, e do Exército em frente à construção parcialmente destruída.
No dia 22 de setembro, os jornalistas foram levados pelas forças armadas para o Estádio Nacional, em Santiago, capital chilena, em uma tentativa do governo de moldar a imagem do regime ao resto do mundo.
Evandro, no entanto, conseguiu registrar a chegada não planejada pelos militares de novos prisioneiros políticos ao estádio e fotografar jovens estudantes encarcerados no subsolo.
A mostra também destaca as fotografias feitas pelo brasileiro no enterro do poeta Pablo Neruda, que ele disse acreditar ser a cobertura mais marcante que realizou no país. Este ano, uma perícia concluiu que provavelmente o chileno não morreu de câncer, como afirma a versão oficial, mas envenenado.
Para Evandro, a revelação, que já era uma desconfiança da família na época, fez com que suas fotos ganhassem ainda mais importância, já que ele foi o único a fotografar o corpo de Neruda ainda na clínica onde o poeta morreu.
Ele também documentou o velório do chileno, que acabou se tornando a primeira manifestação contra a ditadura no país.
“Eu vi aquela multidão toda e não aguentei. As lágrimas correram. Foi emocionante”, contou.
Serviço: Evandro Teixeira, Chile 1973 . IMS – Avenida Paulista, 2424, São Paulo. De terça a domingo e feriados (exceto segundas), das 10h às 20h. Entrada gratuita.