Miniguia Porto: centro histórico, praia e vinhos na cidade portuguesa
Patrimônio da Unesco, cidade no noroeste de Portugal possui paisagens encantadoras ao longo do Rio Douro e é perfeita para ser descoberta num roteiro de poucos dias que foge do óbvio
Estar no Porto é entender porque a cidade portuária no noroeste de Portugal é um dos Patrimônios Mundiais da Unesco: andar pelas ruas e vielas de seu centro histórico é como viajar no tempo e contemplar uma carga pulsante de história, cultura e boa gastronomia – esta última regada a muito vinho do Porto, claro.
Com um povo acolhedor e paisagens encantadoras que vão desde construções históricas e pontes ilustres no Rio Douro até a praia, Porto é a segunda maior cidade de Portugal.
Apelidada de “Invicta” pelo seu passado de resistência, é ideal para ser descoberta a pé, já que, além de agradável e segura, nada fica muito longe em seu centro – bastam caminhadas de poucos minutos para acessar lojas, restaurantes e atrações históricas.
O transporte público é eficiente e liga os principais pontos da região, incluindo Vila Nova de Gaia e Matosinhos, cidades da área metropolitana do Porto – os aplicativos de transporte funcionam bem. Além disso, outro ponto é crucial: a facilidade da língua ajuda (e muito) na locomoção e conexão dos brasileiros em Portugal.
Um dos destinos mais procurados por nós no país lusófono, Porto é possível de ser explorada com um roteiro de três dias, que incluem seu centro histórico, descobertas pela ribeira e nas caves em Vila Nova de Gaia, e ainda todo o entorno da Praia de Matosinhos.
Vale ressaltar que é necessário apresentar esquema vacinal completo, teste negativo antígeno ou PCR de Covid-19 e preencher um formulário de saúde português antes de embarcar. Com passaporte em mãos, siga estas sugestões e desfrute o essencial do Porto:
1. Centro Histórico
Vagar pelas ruas do centro do Porto e “perder-se” entre seus prédios e construções históricas é uma das melhores maneiras de conhecer a cidade. Tudo nesta área pode ser feito a pé, já que cada esquina apresenta igrejas, museus, restaurantes, lojas e outros vários pontos importantes tanto para a cidade quanto para Portugal.
Talvez uma das melhores maneiras de começar a andança pelo centro seja a partir da Ponte D. Luís I, o cartão-postal do Porto. Construída no final do século 19, a ponte metálica de quase 400 metros de extensão liga Porto a Vila Nova de Gaia a cerca de 45 metros acima do Rio Douro. Atravessá-la é sinônimo de lindas fotos e de um passeio agradável tanto de dia quanto de noite, quando as luzes são acesas e os vagões do metrô continuam passando do lado dos pedestres.
Para o lado do Porto, em linha reta logo avista-se a Sé, igreja que data do século 12, uma das mais antigas construções de todo o país. Misturando os estilos românico, gótico e barroco, foi construído na parte alta da cidade e é considerado o mais importante edifício religioso do Porto.
Da Sé, siga reto até a Estação São Bento, centro de uma série de linhas de comboios (os trens para nós brasileiros). Seu interior chama a atenção pela rebuscada azulejaria portuguesa azul e branca que percorre do chão ao teto contando a história de Portugal.
Saindo dali, pode-se seguir para a Avenida dos Aliados, o mais importante logradouro e a demarcação do centro do Porto, onde prédios do governo e monumentos garantem boas fotos. A alguns passos do início da avenida fica a rua dos Clérigos, de onde já é possível avistar a imponente Torre dos Clérigos. Com 75 metros de altura e 225 degraus, o topo da torre do século 18 e de características barrocas possui vistas privilegiadas da cidade. Para subir, paga-se uma taxa de 6 euros – que garante ainda a entrada para o Museu dos Clérigos.
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Logo acima da Torre, na rua das Carmelitas, fica a Livraria Lello, outro ponto superconhecido e imperdível da cidade. A fachada em estilo neogótico guarda um interior com escadarias vermelhas, muitos detalhes em madeira e vitrais no teto. Parece ter saído dos filmes de “Harry Potter” – de fato, dizia-se que J.K Rowling se inspirou na livraria para escrever os livros da saga, mas tudo não passava de boato. Fato é que se paga 5 euros para adentrar a livraria, valor que pode ser revertido para a compra de algum livro.
Seguindo a caminhada chega-se à Fonte dos Leões, que fica bem em frente à Universidade do Porto de um lado e da Igreja do Carmo do outro. A igreja é marcada por típicos azulejos portugueses e o interessante é que há outra construção religiosa quase que colada nela, a Igreja dos Carmelitas: a única coisa que as separa é uma casa estreita, uma das menores de toda a Europa.
Entre as atrações, vale a pena parar num restaurante tradicional e comer a famosa francesinha, iguaria portuense que pode ser apreciada na Cervejaria Brasão, com unidades espalhadas pelo centro. Outra receita local, o pastel de nata pode ser uma boa sobremesa ou doce do café da tarde – experimente o da Manteigaria.
Mais para o fim da tarde, aposte na Via Santa Catarina, grande rua que reúne boas lojas de departamento e de souvenirs, sendo um bom ponto para passeios e compras. Bem próximo da via fica o Mercado do Bolhão – atualmente em reforma -, mercado mais emblemático do Porto que vende produtos frescos locais e ainda serve comidinhas típicas.
Por fim, a sugestão é terminar a noite na rua Galeria de Paris, um dos locais que concentram a vida noturna do Porto. Aqui há vários restaurantes descontraídos, bares, muitos deles com espaço para dançar, e baladas.
2. Caves, ribeira, museus e restaurantes em Gaia
Basta atravessar o Douro para estar em Vila Nova de Gaia, cidade que, além de vistas fenomenais para o Porto, reúne bons pontos para comer e tirar fotos à beira-rio, assim como caves antigas de vinho e um novo complexo cultural com museus, restaurantes e escola de vinho.
Atravessando a Ponte D. Luís I já se avista o impactante Mosteiro da Serra do Pilar, que ganha contornos ainda mais encantadores à noite, quando luzes amarelas são acesas ao redor. Construído a partir de 1538, é Patrimônio Mundial da Unesco e possui vistas espetaculares para a cidade e a ponte. Sua igreja em formato circular é bela e a área do entorno funciona como um espaço cultural, religioso e militar, em que é cobrada uma pequena taxa entre 2 e 3 euros para entrada.
Descendo as ruas e ladeiras chega-se à ribeira, local adorável para contemplar as vistas para o Porto e ideal para tirar fotos com a Ponte D. Luís I ao fundo. Por aqui, restaurantes, lojinhas e gramados à beira-rio são perfeitos para um passeio sem pressa, em que as pequenas embarcações atracadas nos cais completam o charme.
Experimente entrar no Mercado Municipal Beira-Rio, cuja história remete ao final do século 19 e que hoje possui restaurantes e comércios bem tradicionais, como os de embutidos, doces típicos, legumes, verduras e frutas. A construção de fachada rosada possui bancas que já estão na quarta geração familiar e há até um botequim brasileiro que serve pão de queijo, coxinhas, mandioca e feijoada – uma boa ideia caso bata a saudade.
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Por fim, suba algumas cativantes vielas e chegue no WOW – World of Wine, complexo em que opções culturais e gastronômicas não faltam. Inaugurado em meados de 2020, o WOW Porto possui 55 mil metros quadrados com sete museus interativos e temáticos, 12 restaurantes e bares, escola de vinho, fábrica de chocolate, lojas temáticas e espaços para eventos.
O interessante é que todos os espaços ocupados eram antigas caves de vinho do Porto, que foram remodeladas para criar o “quarteirão cultural”. Para os amantes de vinho, não deixe de ir à Wine Experience, museu que conta a história e todo o processo de se fazer vinhos – não apenas os do Porto. Falando deles, vale também a visita às caves da Taylor’s, logo ao lado, na Rua do Choupelo, uma das mais conhecidas e celebradas marcas de vinho do Porto. Por 15 euros é possível fazer o áudio-tour individual e degustar dois vinhos da marca.
Assim, dedique boa parte do dia para conhecer o local e seus atrativos. A entrada e a circulação no complexo é gratuita, mas os museus, experiências, atividades na escola e eventos têm entrada paga. A moderna praça principal, num terreno alto, é perfeito como ponto de encontro, de descanso e ainda para apreciar uma gastronomia apurada. E, mais uma vez, prepare a câmera: é uma das melhores vistas para as casas típicas, o rio e o centro histórico do Porto.
3. Praia de Matosinhos e Foz do Douro
Menos óbvio que o centro histórico e as andanças por Vila Nova de Gaia, a Praia de Matosinhos é um ótimo passeio para conhecer as redondezas do Porto. Refúgio dos portuenses em dias mais quentes e dos turistas interessados em conhecer novos cantos, a praia fica no máximo entre 30 e 40 minutos do centro do Porto através de transporte público – uma das melhores maneiras de se chegar pelas redondezas, seja pelo metrô ou com os autocarros (os ônibus para nós brasileiros).
Limpo, eficiente e sem catracas, o metrô é cobrado pela quantidade de zonas até a parada final do passageiro – duas zonas começam a partir de 1,25 euro. O mesmo ocorre com os ônibus, em que o bilhete pode ser comprado diretamente com o motorista. Uma boa maneira de começar a aventura é pegar o metrô na estação central de Trindade com destino à estação Matosinhos Sul, na linha A – são cerca de três zonas para compra dos bilhetes, ou 1,60 euro.
Uma vez na estação, basta descer alguns metros pela avenida principal e logo chega-se à praia. O grande calçadão e a larga faixa de areia garantem charme e beleza ao lugar, assim como é possível avistar de longe o design arrojado contemporâneo do terminal de cruzeiro do Porto de Leixões.
Na areia, é comum ver adeptos do surf, windsurf e esportes como beach tennis e vôlei. Nadar por ali pode não ser a melhor dica, já que as águas do Atlântico são geladas, mas não se preocupe: é uma delícia passar um tempo pela manhã nos gramados em dias mais calmos e com tempo aberto.
Restaurantes quase pé na areia servem frutos do mar e comidas típicas, ideais para o almoço, assim como praças garantem áreas verdes e bonitas vistas para o mar. Para baratear os custos e ter um passatempo ao lado de amigos e familiares, vale até comprar uma garrafa de vinho ou ainda uma lata de cerveja e snacks para degustar no muro do calçadão próximo a areia enquanto contempla-se as ondas. Aos mais antenados, dica: há wi-fi gratuito de alta velocidade em toda a praia.
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Falando em comida, o Mercado Municipal de Matosinhos é boa pedida quando o assunto é conhecer mais da vida local. Não muito longe da praia e com um design arrojado perto do Porto de Leixões, o mercado existe desde a primeira metade do século 20 e privilegia a venda de produtos frescos, sobretudo os peixes no primeiro andar e legumes e verduras no piso superior.
Por fim, a sugestão é pegar um ônibus de volta em direção ao centro do Porto – há vários pontos à beira da praia – e terminar o dia na Foz do Rio Douro, onde suas águas encontram o Atlântico. Esta zona da ribeira está repleta de barzinhos convidativos, restaurantes que servem comidas tradicionais – como bacalhau e a francesinha -, além de quiosques e grandes jardins que mais parecem parques urbanos a céu aberto.
É aqui que as cores do céu vão ganhando contornos únicos enquanto o sol amarelo-vermelho beija as águas do Atlântico anunciando a chegada da noite. Com o charme de pequenas embarcações e o ritmo calmo que se segue em terra, é definitivamente um pôr do sol de ficar na memória.