Maksoud Plaza, que fechou nesta terça (7), tentou conquistar novas gerações

Símbolo da elite paulistana e destino de celebridades nos anos 1980 e 1990, o hotel perdeu espaço com o aumento da concorrência. Nos últimos anos e sob nova direção, buscou se reinventar

Debora Sanderdo Viagem & Gastronomia

O Maksoud Plaza, que anunciou seu fechamento nesta terça-feira (7) depois de 42 anos de funcionamento, foi palco de uma série de transformações nos últimos anos, com o objetivo de recuperar o prestígio que o local teve nas décadas de 1980 e 1990.

Um dos nomes responsáveis por esse movimento foi o empresário Facundo Guerra, que, a convite do diretor de operações Henry Maksoud Neto, liderou os empreendimentos inaugurados na história recente do Maksoud Plaza.

Entre 2014 e 2017, ele assinou projetos como o espaço de eventos PanAm Club, o Frank Bar e a Suíte Dreams 2117, uma instalação de arte habitável criada em parceria com o artista plástico Felipe Morozini.

Sobre o fechamento, Facundo revela que “sempre existiu no horizonte uma possibilidade de isso acontecer”. “Fosse por problemas da gestão, fosse porque até antes de eu entrar lá a taxa de ocupação era muito baixa, ou porque existiam problemas societários. Mas ainda assim, sendo muito sincero, eu não esperava”, declarou ele à CNN.

Distante dos responsáveis pela gestão do hotel desde 2017, o empresário lamentou o encerramento das operações. “Coloquei muito da minha energia e dos meus sonhos no Maksoud Plaza, porque também queria ver esse lugar voltando para a cidade. São Paulo perde um manancial de memórias afetivas, fora todos os empregos que esse lugar gerava.”

Em 2014, após a morte do fundador do hotel, Henry Maksoud, seu neto assumiu a gestão do local. Com baixa taxa de ocupação, o Maksoud Plaza era então uma opção de hospedagem procurada por um nicho corporativo, mas com pouco apelo nas estruturas de entretenimento e frequentemente lembrado pelo viés de decadência.

A parceria com Facundo, nome por trás de casas como Lions Nightclub, Cine Joia, Riviera, Bar dos Arcos e Blue Note, foi estratégica para que Henry Maksoud Neto pudesse atrair novos públicos e reposicionar o lugar em hospedagem, mas também em termos de gastronomia, cultura e vida noturna.

Em janeiro de 2015, foi inaugurado o PanAm Club, um espaço para festas no alto do hotel, com vista panorâmica e capacidade para até 250 pessoas. A balada fez sucesso, mas fechou em 2017 – logo após um trágico episódio de suicídio na última festa do PanAm.

Também em 2015, o hotel ganhou uma nova atração voltada à vida noturna: o Frank Bar, que logo foi listado entre os melhores bares do mundo segundo a World’s 50 Best Bars – ranking onde figurou por três anos consecutivos. O fim das operações implicou também no encerramento das atividades do Frank.

“Estou sentindo muito mesmo, é como se eu estivesse perdendo um filho. O Frank foi um dos negócios mais bem sucedidos que concebi. Ver um projeto tão bonito ir embora é um pedaço da minha identidade que vai junto”, declarou Facundo, idealizador do espaço.

Sobre o processo de reaproximação entre a população de São Paulo e o Maksoud Plaza, ele acredita que uma nova geração de paulistanos redescobriram o Maksoud. “Era um lugar incrível, muito impressionante na sua imponência oitentista. Ele tinha virado uma cápsula do tempo, e redescobrir isso a uma quadra da Avenida Paulista foi uma experiência muito bonita. Nunca vou esquecer do cheiro do lobby do Maksoud, da piscina, do Frank. Foi um lugar que voltou pra memória dos paulistanos e até pra memória mundial”, relembrou.

Segundo a assessoria de imprensa do hotel, a marca será mantida e deve anunciar novos empreendimentos em breve. Já o edifício perto da Paulista, Facundo espera “que vire algo que conte uma nova história para São Paulo”, finaliza.

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