Itália tem um dos templos gregos mais bem conservados do mundo próximo à Costa Amalfitana

Construída há cerca de 2.700 anos, Paestum era uma grande cidade da Grécia Antiga que hoje fica a uma curta distância de encantadoras comunas e praias do sul italiano

Daniela Filomenodo Viagem & Gastronomia

Costa Amalfitana, Itália

A influência da civilização grega antiga é muito maior do que pensamos. E ela não está somente no que chamamos hoje de Grécia.

É na província de Salerno, não muito longe da irreverente Costa Amalfitana, que reside – e resiste – um dos maiores e mais bem conservados complexos de templos da Grécia Antiga: o Paestum.

Hoje um sítio arqueológico imperdível de ser visitado na região da Campânia, a apenas meia hora da cidade de Salerno, por aqui encontramos três grandes templos gregos, tumbas e outras construções.

Erguida no século 7 a.C, bem mais antiga que o Coliseu, Paestum foi uma grande cidade da Magna Grécia, no sul da península itálica, servindo como próspero centro comercial. É impressionante o estado em que se encontra atualmente, com suas massivas colunas construídas em travertino – um tipo de rocha calcária.

Com todo esse peso histórico, cultural e social, não é à toa que a cidade é Patrimônio Mundial da Unesco junto das paisagens culturais de Cilento, região montanhosa da Campânia.

E o mais interessante, que deixa até um tom de mistério no ar, é que a maior parte do sítio ainda não foi escavada. Em abril deste ano, alguns artefatos foram descobertos durante escavações em um templo grego ao longo das muralhas da antiga cidade, entre eles a imagem de Eros, o deus do sexo, montado em um golfinho.

Será que há mais descobertas pela frente?

O que visitar em Paestum

Já que era uma grande cidade, Paestum se expande por cerca de 120 hectares e é rodeada por uma muralha de quase cinco quilômetros e que chega a mais de 10 metros de altura. A antiga cidade grega pertence hoje à comuna de Capaccio.

Originalmente chamada de Posidonia, a cidade continuou existindo no Império Romano, mas acabou abandonada ao longo do tempo, incluindo a decadência na Idade Média. Foi redescoberta apenas no século 18 e hoje somos presenteados por um pedaço muito bem preservado da história.

Ligada por uma estação de trem da linha Nápoles-Salerno-Reggio Calabria, ideal para um bate e volta de Salerno e da Costa Amalfitana, são três templos quase que intactos que podemos ver de perto, além de antigos caminhos, tumbas, fórum romano, anfiteatro e um museu moderno.

  • Parque arqueológico

O parque arqueológico é o coração da antiga cidade e um dos maiores motivos para uma ida a Capaccio. São quase três mil anos de história que respiramos e vemos quando colocamos os pés aqui.

Há três principais templos dóricos no parque arqueológico, todos surpreendentemente bem conservados.

O templo de Hera, deusa das mulheres e do casamento, é o mais antigo, que data de cerca de 560 a.C. Um dos mais majestosos é o templo de Netuno, também chamado de templo de Poseidon, erguido em meados de 5 a.C. Também há o templo de Atena, construído em séculos seguintes.

Daniela Filomeno em frente a um dos templos da cidade antiga de Paestum / CNN Viagem & Gastronomia

E não se preocupe: as crianças também se divertem e aprendem por aqui. Para reconhecer a arquitetura grega antiga basta observarmos os grandes blocos de pedra que se encaixam, muitas vezes com um furo no meio, a outras pedras. Para os pequenos, expliquei que eram como peças de “Lego”, com encaixes precisos.

Dentro da cidade antiga encontramos ainda ruínas do Fórum Romano e de um anfiteatro.

Importante ressaltar que para entrar na cidade antiga é necessário pagar uma taxa de 12 € (cerca de R$ 63) entre março e dezembro e 6 € (R$ 31) entre dezembro e fevereiro. O tíquete dá acesso ao sítio arqueológico e ao Museu Arqueológico Nacional de Paestum.

  • Museu moderno

O Museu Arqueológico Nacional de Paestum foi inaugurado ainda na década de 1950 na própria cidade antiga e conta com jardim interno e divisões que remontam aos objetos, artefatos e toda história do local.

O roteiro museológico nos leva pelas transformações da cidade, desde a fundação pelos gregos antigos, assim como pelas mudanças das esferas sociais, dos ritos religiosos, da vida cotidiana, do artesanato.

  • Mirante e restaurante típico

Se quiser uma vista panorâmica da cidade antiga com paisagens que se estendem até o mar, a dica é sair da cidade antiga. Dirija-se até a Piazza Tempone, no centro da comuna de Capaccio, onde um terraço nos espera com visões privilegiadas dos arredores.

Se a fome bater, a dica é o La Dispensa di San Salvatore, que nos proporciona uma deliciosa pausa. O projeto é um misto de fazenda agrícola e restaurante, ou seja, quase tudo – cerca de 80% – do que chega à nossa mesa é produzido por eles mesmos, como o vinho, o azeite e a búfala.

Somos surpreendidos por uma cozinha tradicional que coloca no prato uma “comida de nonna” com produtos regionais, como alcachofra, grão de bico, feijão e trigo. Vale ainda passar na lojinha e se jogar nos cremosos de búfala, com sabores que vão do pistache ao caramelo e de baunilha a avelã.

A um pulo da Costa Amalfitana

Quando falamos da região da Campânia e da província de Salerno, porém, a grande estrela é a almejada Costa Amalfitana, região que compreende cidadezinhas à beira das águas do Mar Tirreno, um braço do Mediterrâneo.

A costa acidentada, com seus penhascos, pequenas praias, vilas de pescadores e casinhas em tons pastel nos arrancam suspiros junto ao azul do mar e fazem jus ao título de Patrimônio Mundial da Unesco.

As cidades são cortadas por uma estrada costeira de cerca de 50 km que liga Sorrento a Salerno e passa por localidades ímpares, com gastronomia italiana de dar água na boca e cultura local própria.

Amalfi, Ravello e Positano são as cidades mais conhecidas da Costa Amalfitana. A seguir, conheça um pouco de cada uma delas e coloque em seu roteiro em uma viagem à Itália:

  • Amalfi

Amalfi pode ser uma boa base na Costa Amalfitana. Ao longo dos dias é possível fazer um bate e volta até cidades vizinhas – no verão, a dica é visitar as cidades no final da tarde, já emendando um jantar depois do passeio.

Mas ela também carrega charme próprio. É ideal para dias tranquilos em uma espreguiçadeira à beira d’água com um drinque e livro nas mãos pelas praias de pedrinhas, ou ainda para se aventurar nos arredores da Piazza del Duomo, onde fica a catedral de fachada listrada de estilo normando-árabe.

A bebida local é o limoncello, melhor apreciado depois das refeições. Os limões amarelos regionais são super fotogênicos e estão presentes também em souvenirs, como nas cerâmicas.

Para a estadia, o Borgo Santandrea é uma opção romântica e luxuosa. Situado a 90 metros acima do nível do mar, o hotel tem 29 quartos e 16 suítes com vistas panorâmicas para os rochedos e o mar azul. Tem também um beach club para chamar de seu, onde tudo colabora para uma estadia tranquila.

  • Ravello

No topo de uma das montanhas da sinuosa costa encontramos a apaixonante Ravello. Situada logo em frente à cidade de Scala, a mais antiga da região, Ravello é preenchida por construções anciãs, muitas no estilo “romântico amalfitano” com influências mouriscas.

É uma das mais fascinantes cidades da Costa Amalfitana. Por aqui, não deixe de visitar as estonteantes Villa Rufolo e a Villa Cimbrone.

A Villa Rufulo data do século 13 e foi construída por uma rica família de comerciantes. Os jardins estão abertos ao longo do ano e compõem paisagens belíssimas junto ao mar, ao céu, aos pinheiros e à Igreja da Annunziata.

Nos últimos tempos, a villa tem sediado concertos em um palco construído sobre a paisagem do mar e da costa acidentada.

Já a Villa Cimbrone bebe da mesma água: seus jardins chamam a atenção de visitantes do mundo todo e merecem uma visita. Apesar de o local ser um hotel cinco estrelas, os terrenos ficam abertos a visitantes, que se maravilham com o cenário e terminam o passeio na Terraza del Infinito, mirante com estátuas e vistas fantásticas da costa.

  • Positano

A cidade é formada por ruas estreitas e íngremes, ladeiras e escadas, todas cheias de cafés, bares e restaurantes. Olhadas de baixo, as construções parecem ter sido empilhadas umas sobre as outras, as quais formam uma paisagem cenográfica com as cores rosa, terracota e pêssego.

De quase todos os pontos é possível ver a cúpula da Chiesa di Santa Maria Assunta, datada do século 10 e que recebeu um ícone bizantino da Virgem Maria.

Durante a Idade Média, Positano foi um importante porto da costa e passou a ser uma vila de pescadores. Nos filmes, a cidade foi usada como pano de fundo para “Sob o Sol da Toscana”, em que as casinhas coloridas e a praia são facilmente identificáveis.