Como as ilhas Seychelles se apressam para se tornar o destino mais seguro do mundo

Arquipélago suspendeu restrições nesta quinta-feira (25), mas turistas precisam apresentar teste PCR negativo feito 72 horas antes da partida para entrar no país

Tamara Hardingham-Gill, CNN

Há pouco mais de um ano, a perspectiva de as ilhas Seychelles sofrerem uma queda dramática no número de viajantes parecia quase inconcebível.  Reverenciado por suas belas praias e paisagens de selva, o arquipélago do Oceano Índico estava se destacando como um dos destinos mais atraentes do mundo, e sua popularidade só crescia.

O número de turistas subiu 4% e as autoridades do setor estavam se preparando para o que parecia destinado a ser mais 12 meses de enorme sucesso. Mas a pandemia de Covid-19 acabou com quase todos os planos ou previsões feitas para 2020 e o mundo como o conhecíamos mudou irreversivelmente.

Como tantos destinos que dependem muito da receita vindo de turistas, as Seychelles, situadas a 1.600 quilômetros da costa da Tanzânia, foram vítimas do coronavírus. Embora a nação de 115 ilhas tenha conseguido evitar o vírus relativamente bem, com apenas 3.798 casos e 16 mortes até o momento, seu impacto econômico foi imenso.

De acordo com o Seychelles Tourism Board, as chegadas de turistas caíram 70% no ano passado e as receitas do setor em 2020 registraram uma queda de cerca de U$ 368 milhões (mais de R$ 2 bilhões).

“O país quase paralisou em termos de atividade turística”, disse Sylvestre Radegonde, ministro dos Negócios Estrangeiros e Turismo das Seychelles. “Como a nossa economia gira muito em torno do turismo, isso significa que outras atividades também desaceleraram. Tudo, desde pesca, até agricultura, artesanato, restaurantes e bares. Então, começamos o ano em péssimo estado”.

No entanto, os funcionários tomaram todas as medidas para garantir que os turistas possam retornar rapidamente e, o mais importante, com segurança. A partir desta quinta-feira (25), as Seychelles suspendem as restrições para todos os visitantes, exceto aqueles que vêm da África do Sul.

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Embora, na chegada, os viajantes sejam obrigados a apresentar um teste PCR negativo feito 72 horas antes da partida, eles não estão mais sujeitos a quaisquer requisitos de quarentena ou outras restrições durante a visita.

“Mais de 300 passageiros voaram esta manhã, que é o maior número que vimos em um dia por muito, muito tempo”, disse Radegonde poucas horas depois que as restrições foram suspensas. “Até agora, nossos números semanais estão em torno de 200, portanto, conseguir um avião cheio de passageiros é ótimo”. Outros 100 ou mais viajantes devem voar nesta quinta-feira, e o país espera outras centenas de turistas nos próximos dias.

Estratégia de reabertura ‘agressiva’. As mudanças ocorrem no fim de um esquema de vacinação “agressiva”, que visa imunizar totalmente pelo menos 70% da população estimada de 98 mil habitantes das ilhas. As autoridades colocaram o plano em ação depois de receberem uma doação de aproximadamente 50 mil doses de vacinas do governo dos Emirados Árabes Unidos. De acordo com o Global Coronavirus Vaccine Tracker do New York Times, as Seychelles estão logo atrás de Israel na corrida para se tornar a primeira nação a vacinar todos os habitantes.

“Mais de 90% da nossa população recebeu a primeira dose da vacina e mais de 45% já recebeu a segunda dose”, explica Radegonde. “Esperamos atingir nossa meta nas próximas semanas, ou certamente no decorrer de abril”.

É claro que as constantes mudanças nas restrições de fronteira e o surgimento de uma terceira onda de coronavírus na Europa provavelmente significarão que muitos turistas ainda estarão hesitantes em viajar de férias.

Mas a equipe de turismo das Seychelles está animada com o número de reservas recebidas até agora e acredita que chegou o momento certo para convidar os viajantes de volta. “Estamos confortáveis por termos alcançado a imunidade que queremos”, disse Radegonde.

“Treinamos as pessoas dos estabelecimentos. Temos as instalações corretamente. As unidades de saúde estão lá e as medidas que implementamos estão funcionando. Estamos confortáveis por termos alcançado a imunidade que merecemos. Portanto, estamos confortáveis para reabrir”.

Paradisíaca Seychelles reabre aos turistas (foto: arquivo Daniela Filomeno)

Depois de fechar suas fronteiras pela primeira vez em março de 2020, as Seychelles começaram uma reabertura em etapas em junho, com a intenção de relaxar gradualmente as restrições para visitantes de países considerados de “baixo risco”.

Em fevereiro, o país reabriu suas fronteiras e retirou os requisitos de quarentena para todos os viajantes que foram totalmente vacinados contra a Covid-19, desde que apresentassem um resultado de teste PCR negativo obtido nas 72 horas anteriores à viagem.

A reabertura enquanto grande parte do mundo ainda está lutando com o vírus não será sem desafios. Quando as Maldivas reabriram incondicionalmente em julho de 2020, tornaram-se uma opção ainda mais atraente para os turistas, principalmente porque destinos rivais como Taiti, Bali e Phuket permaneceram fechados para viajantes internacionais.

No entanto, as autoridades foram forçadas a endurecer as restrições novamente alguns meses depois, exigindo que todos apresentassem uma prova de um teste negativo do Covid-19 na chegada às Maldivas em setembro.

Apesar desses obstáculos iniciais, o destino exótico conseguiu manter as taxas de infecção baixas no ano passado e atraiu cerca de 500 mil visitantes antes de implantar um plano de vacinação de seis meses, o que talvez seja um sinal positivo para as Seychelles.

Caminho para a recuperação. Embora permitir a entrada de viajantes internacionais, independentemente se foram vacinados ou não, seja um passo importante na direção certa, a atual proibição de viagem do Reino Unido, um dos maiores mercados europeus das Seychelles, continua a ser um obstáculo.

A data mais próxima prevista para os britânicos serem permitidos a saírem de férias para o exterior é 17 de maio. Recentemente, foi anunciado que qualquer pessoa flagrada viajando da Inglaterra para o exterior sem um motivo válido antes dessa data poderá estar sujeita a uma multa de £ 5 mil (R$ cerca de 39 mil).

As Seychelles também estão atualmente na lista vermelha do Reino Unido, o que significa que os residentes do Reino Unido e da Irlanda que visitarem as ilhas serão obrigados, ao retornarem para casa, a comprar um “pacote de quarentena” por £ 1.750 (R$ 13,6 mil), que inclui acomodação em hotel aprovado pelo governo, transporte até o local, e teste de Covid-19.

Seychelles (Foto: arquivo Daniela Filomeno)

“Infelizmente, ainda existem restrições em alguns de nossos mercados de origem tradicionais e os cidadãos não podem viajar”, disse Sherin Francis, diretora executiva do Seychelles Tourism Board.

Segundo Francis, muitos dos viajantes que estão chegando às Seychelles são de lugares como Rússia, Polônia, Romênia, Bulgária, Índia, Israel e Emirados Árabes Unidos. “Esses não são mercados dos quais normalmente dependeríamos para chegadas de turistas, mas percebemos que nenhum mercado é insignificante”.

Como acontece na maior parte do mundo, os visitantes são obrigados a usar máscaras, manter regras de distanciamento social e higienizar as mãos regularmente. No entanto, Francis destaca que a experiência de passar as férias nas Seychelles permanece incomparável, independentemente de quaisquer restrições. “Existem muito poucos destinos abertos ao turismo com medidas de entrada simples e diretas”, diz ela.

Prioridades de segurança. “E, como diz o nosso slogan, realmente somos ‘de outro mundo’. Eu não acho que haja outro destino que possa proporcionar esse tipo de experiência. A natureza, o ritmo lento da vida, o verde exuberante da vegetação, as belas praias. Temperaturas amenas o ano todo”.

“Tudo isso junto torna as Seychelles um lugar mágico para se estar, especialmente durante uma época em que as pessoas procuram atividades ao ar livre, pela natureza e por ar puro”.

Cerca de 535 estabelecimentos hoteleiros nas Seychelles receberam treinamento adequado e estão licenciados para receber viajantes internacionais neste momento. Embora colocar a indústria do turismo de volta nos trilhos seja uma grande prioridade para o país, manter os visitantes e residentes seguros continua sendo uma preocupação primordial.

“A segurança sempre foi um diferencial muito forte para nós”, diz Francis. As novas medidas devem ser revistas continuamente para garantir que “a saúde e a segurança dos visitantes e da população local não sejam comprometidas”.

“Nossos funcionários da saúde estiveram envolvidos em tudo o que fizemos”, acrescenta Radegonde. “Não teríamos tomado as decisões que tomamos sem a bênção deles. Estamos confortáveis com o fato de que as medidas que implementamos são rígidas o suficiente. Claro que esta é uma situação que pode mudar, já que ninguém sabe exatamente para onde a Covid está indo”.

“Ouvimos falar de diferentes variantes todos os dias. Portanto, se houver alterações, adaptaremos nosso protocolo de acordo. Nunca será 100% à prova de erros. As pessoas ainda serão infectadas, não há dúvida disso”, diz. “Mas em relação às medidas que implementamos, estamos confiantes de que não apenas protegeremos nossa população, mas também nossos visitantes”.

(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).

 

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