Clássicos ou autorais? A importância das duas vertentes para a coquetelaria

Tem lugar para todos! Thiago Bañares traz sua reflexão sobre os coquetéis autorais e a mixologia clássica

Thiago Bañarescolaboração para o Viagem & Gastronomia

A coquetelaria autoral e a coquetelaria clássica representam dois universos complementares que, juntos, formam o rico e diversificado mundo dos coquetéis. Enquanto a coquetelaria clássica nos oferece um legado de receitas testadas pelo tempo, cheias de história e tradição, a coquetelaria autoral nos impulsiona para o futuro, quebrando fronteiras e explorando novos sabores, técnicas e apresentações, transcendendo fronteiras estabelecidas.

A importância dessa dinâmica é multifacetada, refletindo não apenas nas bebidas que consumimos, mas também na cultura de bares e na experiência do cliente.

A coquetelaria clássica representa a sólida base sobre a qual a coquetelaria moderna se ergue. Os coquetéis clássicos, com suas proporções precisas e, por vezes, redundantes, instruem os bartenders a arte e a ciência da mixologia, que em tempos passados também foram expressões autorais.

Esses coquetéis fornecem um vocabulário comum de sabores e uma compreensão da maneira como diferentes ingredientes interagem entre si. Essa base serve como um guia para os novos bartenders, permitindo que aprendam e se orientem em suas jornadas de criatividade e experimentação.

Por outro lado, a coquetelaria autoral representa a expressão pessoal do bartender, possibilitando que eles incorporem sua criatividade e personalidade em cada criação. Essa abordagem fomenta a inovação ao utilizar ingredientes inesperados, técnicas modernas de preparo e apresentações únicas.

A coquetelaria autoral não só desafia as convenções estabelecidas, mas também aprimora a experiência do cliente, transformando o ato de consumir coquetéis em uma jornada sensorial e emocional.

A importância da coquetelaria autoral, em comparação com a clássica, manifesta-se na forma como enriquece a cultura dos coquetéis, introduzindo novas ideias e estimulando a experimentação. Além disso, ela reflete as tendências culturais e as preferências locais, permitindo que os bartenders adaptem suas criações ao público, ambiente e até mesmo às estações do ano.

O que estabelece um vínculo mais profundo entre o bartender e o cliente, onde cada coquetel narra uma história ou transmite uma emoção, tornando a experiência de beber algo intrinsecamente pessoal e memorável.

Ao mesmo tempo, a coquetelaria autoral depende da compreensão e do respeito pela coquetelaria clássica. Ter conhecimento dos clássicos permite aos bartenders analisar criticamente suas inovações, assegurando que cada novo coquetel seja não apenas criativo, mas também delicioso e equilibrado.

Esse mútuo respeito entre o tradicional e o contemporâneo contribui para manter um padrão de qualidade em toda a indústria, ao mesmo tempo em que estimula a experimentação e a personalização.

Na realidade, a coquetelaria autoral, em comparação com a clássica, ressalta a evolução constante do universo dos coquetéis, caracterizada pela inovação e pela expressão individual. Juntas, essas duas abordagens formam uma tapeçaria rica e vibrante de experiências, assegurando que a arte da mixologia continue a se desenvolver e a surpreender.

Portanto, acredito que essas duas escolas são inerentes a gostos particulares e são mutuamente complementares.

*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.

Quem é Thiago Bañares

Thiago Bañares
Thiago Bañares é o nome à frente das casas paulistanas Tan Tan, Kotori e The Liquor Store / Tati Frison

Bañares, formado em gastronomia pela FMU (SP), foi considerado pelo ranking “Bar World 100”, organizado pela importante publicação Drinks International, uma das 100 pessoas mais influentes da indústria de bares global. Seu restaurante/bar Tan Tan figura – pela terceira vez consecutiva – na lista dos melhores bares do mundo do “World’s 50 Best Bars”; comanda o também premiado Kotori, considerado o 65º melhor restaurante da América Latina pelo “World’s 50th Best Awards”; e está à frente do intimista The Liquor Store, casa que privilegia a conexão entre cliente e bartender e entrega coquetéis preparados com excelência.

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