Cânions e cachoeiras são cenários de circuito de cicloturismo no interior de São Paulo

Região Turística dos Cânions Paulista tem rota que percorre as belezas naturais da região; fomento do turismo regional está entre as motivações

Saulo Tafarelodo Viagem & Gastronomia

Jundiaí, São Paulo

Cânions, cachoeiras, rios, estradas rurais e construções antigas que ajudam a entender a história do interior paulista podem ser vistos de perto no novo circuito de cicloturismo da Rota Turística dos Cânions Paulista.

Inaugurado no último feriado de 7 de setembro, o trajeto completo tem 380 km de extensão e abrange sete municípios: Itapeva, Ribeirão Branco, Nova Campina, Bom Sucesso de Itararé, Itararé, Itaberá e Taquarivaí.

Dividido em sete rotas, que ligam cada município, o circuito percorre diferentes paisagens, entre serras, plantações e comunidades rurais, e tem acúmulo de altimetria de mais de sete mil metros.

“Estamos na região sudoeste do estado, próximos ao Paraná. É uma região com muitos cânions, plantação de milho, soja e cachoeiras. O pessoal da região já anda nesses locais, mas estava faltando um circuito para as pessoas conhecerem. Temos um potencial turístico enorme”, diz Mateus Lopes de Almeida, presidente do Conselho Municipal de Turismo de Itapeva e secretário da Região Turística dos Cânions Paulista.

Região dos Cânions

A Região Turística dos Cânions Paulista é formada por cânions, escarpas e grutas de cerca de 400 milhões de anos, segundo informações do governo do estado. As cidades que compõem a região dos Cânions Paulista têm um leque de atividades voltadas para o ecoturismo e para o turismo de aventura.

As paisagens chegaram a ser registradas no século 19 pelo botânico Auguste de Saint-Hilaire e pelo pintor Jean-Baptiste Debret, em especial as redondezas de Itapeva, a maior cidade da região.

Entre os atrativos mais conhecidos da região estão os cânions Pirituba, o Itanguá e o Jaguaricatú, assim como as cachoeiras do Palmito Mole, do Saltinho do Coqueiral e das Três Quedas. Também há mirantes, como o da Ventania, do Estreito, da Pedra da Galinha e do Camelo.

Um dos caminhos do novo circuito de cicloturismo passa inclusive no meio destas belezas naturais: um trecho na divisa entre Nova Campina e Bom Sucesso oferece aos aventureiros paisagens com cânions dos dois lados da estrada.

O circuito

O projeto do circuito de cicloturismo saiu do papel em cinco meses. A rota é circular, em que o ciclista escolhe qual cidade quer começar e terminar e quanto tempo quer gastar.

“Cada município tem uma placa. A pessoa chega no local e tem em mãos um mapa com a rota para a próxima cidade”, explica Mateus Lopes. Tais placas são dotadas de um QR Code com o mapa do trajeto, além de informações sobre a classificação do percurso, a distância, o perfil altimétrico, o tempo médio gasto e condições específicas de clima.

Uma dessas placas, por exemplo, está no marco zero de Itapeva, na Praça Anchieta: a partir dali, o mapa mostra o trajeto até Ribeirão Branco. Uma vez em Ribeirão, uma nova placa indica o caminho até Nova Campina, e por aí em diante.

Trecho do circuito na Serra de Itapeva / Mateus Lopes/Divulgação

Placas de sinalização com setas também estão presentes no meio do percurso para ajudar os ciclistas a continuarem as pedaladas.

Para os que preferem colocar o pé no acelerador, o trajeto também pode ser feito de carro, de preferência um veículo 4×4. “Só não recomendo que faça o percurso entre Itararé e Itaberá em dia de chuva, senão o carro atola!”, brinca Mateus Lopes. A dica é clara: dias secos são melhores para percorrer a região.

Potencial turístico

Ainda pouco conhecida no estado, a região dos cânions em São Paulo apresenta um potencial turístico para as redondezas.

“O número crescente de turistas aqui na região por conta dos Cânions se deu devido ao período de pandemia, onde as pessoas ficaram reclusas e buscaram alternativas ao ar livre para sair de casa”, afirma Márcio Yamauchi, coordenador de Turismo de Itapeva e interlocutor da Instância de Governança Regional da Rota Turística dos Cânions Paulista.

Vista para as pedras do Cânion de Itanguá, em Itapeva / Mateus Lopes/Divulgação

A criação do circuito cicloturístico veio também para fomentar o turismo regional. Segundo Mateus Lopes, a região ainda não apresenta uma estrutura completa, mas o circuito já é um começo para o desenvolvimento local.

“É uma região afastada de São Paulo, mas rica em natureza e com um povo acolhedor. Fizemos o circuito para as pessoas virem conhecer nossa região, usem o comércio local, as pousadas, os restaurantes e conheçam a cultura local”, relata Mateus Lopes.

Márcio Yamauchi ecoa a mensagem. “Nós temos um vasto potencial de turismo rural pouco explorado e com a ajuda do cicloturismo conseguiremos criar roteiros atrativos não somente para ciclistas, mas para todo tipo de aventureiro”.