Por dentro de um Bunker soviético secreto, na Rússia
Como é estar em um verdadeiro bunker da União Soviética, a 65m abaixo da terra, em Moscou, na Rússia? Hoje, um Museu da Guerra Fria, onde é possível aprender um pouco sobre a visão dos soviéticos no maior conflito nuclear mundial, com os Estados Unidos
Construído durante a Guerra Fria em 1956, a pedido de Stalin, após o primeiro teste da bombas nucleares (em 1949), o Bunker 42, no bairro de Taganka, é o único aberto para visitação em toda Rússia. Durante anos sua localização ficou em mais absoluto segredo, nem os funcionários sabiam da sua localização (chegavam em ônibus com janelas bloqueadas). Além de suportar um ataque de bomba atômica, ele tinha capacidade para 600 pessoas e ocupava uma área útil 7mil m².
Além de eletrizante, estar dentro de um verdadeiro bunker de Stalin é ter uma aula de história, com a visão dos soviéticos, do que foi o maior confronto nuclear, entre Estados Unidos e Rússia.Em 1956, era o local mais seguro de toda Moscou. Foi usado uma única vez, em 1962, durante a Crise do Caribe, quando a União Soviética concedeu apoio à Cuba na sua Revolução contra os Estados Unidos e estabeleceu sua base nuclear lá. Seiscentas pessoas ficaram trabalhando trancadas nele, durante 10 dias, em estado de alerta. De 1956 a 1986, ele funcionou como um centro de segurança, para uma possível guerra.
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A água e comida dentro do bunker dava para abastecer de 30 a 90 dias, dependendo da situação e quantidade de pessoas. Ainda era interligado com três estações de metrô em seu em torno, local escolhido estrategicamente, para abastecer o Bunker. Construído por “semi-militares” que também construíram os metrôs, teve um custo equivalente ao de uma construção de uma cidade para 40 mil pessoas.
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Várias portas herméticas, que separam os ambientes, caso houvesse vazamento de radiação. Para entrar, a visita passa por duas portas de concreto e ferro, de 2 toneladas cada. As paredes em volta têm 2 metros de espessura para proteger da radiação externa. Para não ser atingido pela poeira da radiação, tem uma câmara com pressão “excessiva”, hermética, com mais portas.
Para descer, há lances duplos de 18 andares subterrâneos até chegar ao local. São quatro estações, apenas uma é aberta pra visitação. Elas têm formato cilíndrico, assim como o túnel do metrô, o que não chamava a atenção durante a sua construção.
A 65 metros abaixo da superfície, as paredes são protegidas por uma combinação de chapas de aço de 1 cm, mais 1 metro de concreto e terra. Por Moscou ser uma cidade com muitos lençóis freáticos, diariamente são bombeados 300 mil litros de água, para que o bunker não seja inundado.
Hoje, o Bunker 42 é um Museu. E visitá-lo é uma experiência um tanto claustrofóbica, assustadora e, ao mesmo tempo, fascinante. Primeiro pela tecnologia e estratégia empreendidas na sua construção, segundo por visitar um local histórico, que funcionou realmente como base militar na Guerra Fria, além de entender a visão da União Soviética, frente aos americanos neste processo. Estar lá nos dá a sensação de estar dentro da história.
Fotos: Daniela Filomeno
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