Algarve, em Portugal, esbanja praias com falésias e muita história
Andanças por Lagos e Sagres e passeio pelas principais grutas da região são algumas das experiências promovidas pelo SH Diana, cruzeiro de luxo que percorre mares da Europa e da África
Imagine embarcar em uma aventura cujo roteiro combine paisagens estonteantes com muitos aprendizados históricos, assim como misture momentos de descanso, ótima gastronomia e passeios memoráveis. Tudo isso, porém, feito a bordo de um cruzeiro supermoderno e luxuoso que desafia a nossa zona de conforto.
Imaginou? Pois esta é a realidade da 7ª temporada do CNN Viagem & Gastronomia, em que pude embarcar não somente em um, mas em dois cruzeiros que me levaram a viver aventuras pelos mares da Europa e do Norte da África.
Minha jornada para a nova temporada começou em Portugal em agosto de 2023 a bordo do SH Diana. O novíssimo navio pertence a Swan Hellenic, empresa britânica que impressiona por oferecer expedições culturais fora do óbvio em embarcações elegantes para poucos passageiros, o que garante sossego e serviços personalizados.
Após 11 dias a bordo, visitei seis países e 10 cidades. A partir de Lisboa, a embarcação teve paradas no Algarve, em Portugal; em Sevilha, na Espanha; em costas na Tunísia, no Marrocos e na Argélia, na África; e foi finalizada na Sicília, na Itália.
O início em Portugal
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A partir do porto de Lisboa, um dos destinos mais procurados por brasileiros na Europa, saí em direção à primeira parada, Portimão, cidade que pode ser uma porta de entrada para as belezas naturais e os resquícios históricos arrebatadores do Algarve, badalada região no extremo sul de Portugal conhecida por suas praias de águas transparentes e falésias dramáticas.
Digo e repito que são muitas as vantagens de se fazer um cruzeiro como este a bordo do SH Diana. É possível conhecer diferentes lugares e países em uma única viagem, não é necessário pular de hotel para hotel, não é preciso fazer muitas malas e o itinerário é pensado para ser aproveitado, e não corrido.
Com decoração sofisticada e ambientes elegantes, o SH Diana comporta 192 viajantes em 96 cabines e 11 suítes. A tripulação é composta por 140 integrantes, uma proporção de quase um para um, o que faz toda a diferença para que a viagem seja ainda mais tranquila e atenciosa nos detalhes.
Dentro da embarcação estão disponíveis ainda spa, sauna com vistas panorâmicas, lounge social, biblioteca, piscina, laboratório e um restaurante principal, o Swan Restaurant. Nos locais em que o navio atraca é possível fazer excursões inclusas ou opcionais junto de guias e historiadores, o que deixa a jornada mais rica.
As belezas do Algarve
Após o ânimo do embarque, com toda a ansiedade para novas descobertas, a primeira parada já veio para ficar marcada. Portimão é uma cidade portuária estratégica para este tipo de viagem, já que fica próxima de várias praias banhadas pelo encontro do Atlântico e do Mediterrâneo e de cidadezinhas que não devem passar batidas no sul de Portugal.
Junto da equipe do navio, fomos até Lagos e Sagres. A primeira é uma cidade fundada 2.000 anos antes de Cristo que teve papel importante como entreposto comercial para fenícios, gregos, cartagineses, romanos, mouros e portugueses. Já a segunda é uma freguesia que guarda tesouros históricos em uma das localizações mais extremas do país.
Com esta descrição já é possível compreender um pouco do impacto histórico das localidades, mas as paisagens deslumbrantes do litoral também entram na conta. Foi desta região que as embarcações portuguesas saíram a partir de 1418 para “conquistar o mundo”, como se dizia à época.
Um giro por Lagos e Sagres
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Foi durante o século 15 que Lagos viu seu auge. Devido à localização de frente para África, tornou-se um ponto de partida e chegada de navios que iam descobrindo o continente, se transformando em um centro de comércio, o que alavancou a construção de novas igrejas e casas, cujos resquícios vemos até hoje.
Muralhas para a proteção da cidade vieram a partir do século 16, as quais foram reforçadas no século seguinte. Elas são visíveis pelo centrinho, ideal para ser percorrido a pé sem pressa e que se destaca com seus azulejos e ferros forjados. Uma joia daqui é a Igreja de Santo António, cujo interior é abundante em talha dourada, técnica que cobre todo o altar e as paredes laterais.
Já Sagres, um pouco mais à frente, não é uma cidade em si, mas sim uma freguesia do município de Vila do Bispo. Ela merece ser visitada por conta do Cabo de São Vicente, que leva a alcunha de “fim do mundo conhecido”.
Ele recebe este apelido pois é um ponto extremo de Portugal, local de passagem obrigatória dos navios em direção ao Mediterrâneo que foi palco de importantes batalhas navais e alvo de peregrinações e disputas ao longo dos séculos.
Para adicionar ainda mais dramaticidade ao cenário rodeado pelo mar e pelas enormes falésias, o cabo possui um farol para lá de fotogênico, o qual é uma versão atualizada de uma torre que começou a ser construída em 1515. Hoje seu interior possui um centro museológico, mas que se encontra fechado no momento.
É imperdível também uma visita a Fortaleza de Sagres, que teve papel determinante como centro das estratégias das expedições portuguesas. Ligada a Infante D. Henrique, figura fundamental nos planos de expansão de Portugal, a fortaleza foi construída no século 15 e reerguida após o grande terremoto de 1755. Ainda estão lá dentro a praça das Armas e a igreja de Nossa Senhora da Graça. A entrada sai por 3 € (cerca de R$ 16).
Praias e grutas
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Além de toda a história, é claro que as praias de areia branca e mar de diversos tons de azul brilham os nossos olhos. Não é à toa que elas ficam cheias de turistas nos meses de alto verão europeu, sendo um dos destinos mais desejados do continente.
De volta a Portimão, um dos passeios mais interessantes a partir da cidade é ladear a costa por meio de barquinhos, em que vamos descobrindo várias praias escondidas e grutas que parecem ter saído da ficção. Se estiver em uma viagem pela região sem ser a bordo de um cruzeiro, a melhor maneira de conhecer os arredores do Algarve é alugar um carro e ir desvendando as pequenas cidades.
Nomes como Praia do Camilo, Praia da Falésia, Praia da Rocha e da Praia da Marinha estão entre as mais cobiçadas e bonitas deste pedaço. Outra identidade do Algarve são as grutas esculpidas pelo mar e pelo vento que atraem turistas do mundo todo.
Algumas delas são acessíveis apenas de barcos, por isso, se quiser ver algumas destas maravilhas de perto, é recomendado o passeio pelas águas. Um dos exemplos é a Gruta do Amor, ou do Coração, que fica próxima das praias de Benagil e do Carvalho, em Lagos.
Há ainda a Gruta do Contrabando, que recebe este nome justamente por conta do antigo contrabando de mercadorias através de suas aberturas, mas o espetáculo da natureza mais conhecido da região é o Algar de Benagil. Uma abertura no topo da cavidade faz com que os raios solares entrem e iluminem o interior, o que nos causa fascínio. Um dos cartões-postais do Algarve, a cavidade é tão procurada que a quantidade de botes chega a causar trânsito nas águas.
O Algar de Benagil é vizinho da Praia de Benagil, no município de Lagoa, e é incrível vê-la de perto, mas a dica é combiná-la com um passeio por outras grutas e praias para que possa confirmar que, sim, é possível descobrir um outro lado do Algarve sem muitos turistas.
Depois desta primeira parada, chegou a hora de zarpar para Sevilha, na Espanha. A capital da Andaluzia tem uma rica história que remonta à época romana e podemos ver, sentir e degustar tudo isso pelas ruas carregadas de uma arquitetura única e por meio dos sabores que nos deixam com gostinho de quero mais. Te conto tudo na próxima coluna!