Safari na África: uma viagem de propósito e cheia de emoção

Quem nunca sonhou em fazer um safári? Ver de perto o fascinante mundo animal? Nós fomos viver essa experiência em Botsuana, na África.

Café da manhã no meio da savana! (Foto: Tina Bornstein) 

Imagina acordar, olhar para fora e ver elefantes pertinho do seu quarto? E que tal um churrasco, de noite, no meio da savana com um céu absurdamente estrelado e todos os barulhos que a vida selvagem oferece? Ou prefere um café da manhã no meio da natureza? Essas e outras experiências inesquecíveis tivemos em nossos oito dias de aventura por Botsuana e dois em Zimbábue, nos camps do Great Plains Conservation.

Quando embarcamos para a África tínhamos lido muito a respeito e achávamos que estávamos 100% preparadas para essa viagem. Ledo engano. O fato é que ninguém está preparado para uma jornada tão cheia de descobertas, aventuras e experiências “fora da caixinha”. E o melhor de tudo: ficamos em camps que têm como premissa o turismo de conservação, ou seja, uma viagem inesquecível que ainda ajuda a melhorar a vida da comunidade local e preservar o meio ambiente.

THE GREAT PLAINS CONSERVATION

Concebido pelo casal de cinegrafistas e entusiastas Beverly e Derek Joubert após 30 anos de pesquisas e trabalho em solo africano – incluindo 25 filmes e prêmios para a National Geographic – o Great Plains Conservation compreende 2 milhões de acres de terra entre Botsuana, Kenya e Zimbábue e um total de 9 camps (5 em Botsuana, 1 recém-inaugurado no Zimbábue e 3 no Kenya).

Aqui, cada hóspede é um aliado na preservação da vida selvagem e, consequentemente, de todo o ecossistema em seu entorno. Eles oferecem hospedagens em tendas que são verdadeiros hotéis de luxo, com direito a serviço personalizado e com equipe muito bem treinada. As estruturas contam com banheiras cinematográficas, piscinas e “quartos” que te fazem esquecer que você está em uma tenda no meio da savana. A gastronomia é requintada e deliciosa – que deixa muito restaurante renomado para trás – e tem vistas deslumbrantes, contato bem próximo aos animais e experiências superexclusivas.

E essa preocupação do Great Plains Conservation com a sustentabilidade nitidamente não é apenas um discurso da moda. Todas as ações dentro dos camps mostram isso: mais de 90% dos funcionários são da comunidade, as refeições são preparadas com o máximo de produtos locais, não utilizam plástico, são autossuficientes em energia solar, reciclam tudo que é possível e o lucro com os camps é revertido em ações de apoio às comunidades locais, conservação ambiental e projetos da fundação The Great Plains Foundation. Um dos projetos mais famosos da fundação é o Rhinos Without Borders (Rinocerontes Sem Fronteiras), que visa proteger os rinocerontes que são caçados por conta de seus chifres na África do Sul e transportá-los para Botsuana, onde a caça é proibida. Vale a pena assistir os vídeos sobre essa ação aqui antes de embarcar, sem dúvida, passamos a dar ainda mais valor a tudo que vemos e vivemos por lá.

COMO É FAZER UMA SAFÁRI EM BOTSUANA, ÁFRICA

Como é fazer um safári em Botsuana? (Foto: Tina Bornstein)

Um pergunta muito comum: como é fazer uma safári? O que podemos garantir é que é uma experiência única e varia muito conforme o país, lodge/ camp escolhido. Na nossa experiência em Botsuana, com o Great Plains Conservation, os safáris foram conduzidos apenas por um guia, que também é o motorista do carro, e que conhece a savana como ninguém. Ele rastreia pegadas, escuta barulhos que você não consegue ouvir, sabe dizer exatamente qual será o próximo movimento dos animais, visualiza os bichos camuflados mesmo à distância. A experiência e sabedoria do guia, chamado de tracker, é impressionante.  Todos os guias que tivemos foram excepcionais e, sem dúvida, grande parte do sucesso da viagem se deve a eles.

Talvez pela época do ano que visitamos (final de novembro), pelos guias incríveis ou por sorte avistamos muitos animais o tempo todo. Não teve nenhuma vez que saímos para o safári e voltamos desapontadas. Os big five (leão, leopardo, elefante, búfalo e rinoceronte) conseguimos ver de perto mais de uma vez, isso sem falar na quantidade enorme de girafas, zebras, macacos, hipopótamos, cervos, suricatos, entre tantos outros que cruzaram nosso caminho e pousaram para nossas lentes sempre atentas e ávidas por suas poses.

Um pouco da rotina em um safári no Great Plains Conservation

O dia no safári começa cedo, por volta das 5h30, quando o sol ainda não está escaldante e os animais tendem a se movimentar mais. Éramos acordadas com café, suco ou chá da nossa preferência e saímos no grande Toyota 4×4 (em cada veículo vai no máximo seis hóspedes). Estávamos em um grupo de quatro pessoas e tínhamos um carro e tracker só para nós. Em alguns dias o safári no 4X4 foi substituído por barco e até por walking tour, sim, saímos a pé no meio da savana – deu medo! – mas valeu a pena.

Por volta das 9h30 parávamos para o café da manhã que era montado com ovos, pães, frutas, iogurte natural e granola, tudo fresquinho e bem saboroso, em algum lugar estratégico e seguro escolhido pelo tracker. Cada grupo escolhe se prefere tomar o café durante o safári ou voltar para o camp (nós recomendamos a primeira opção).

Lá pelas 11h30, quando o sol e o calor já estavam fortes, voltávamos para curtir a piscina ou apenas apreciar a vista, descansar e curtir o silêncio que apenas uma savana pode oferecer. Não se assuste se um bichinho – como macaquinho – visitar a piscina do seu quarto! No caso dos animais maiores eles podem chegar bem próximos dos quartos e até andar pelo camp, mas não se assuste, a equipe do Great Plains está sempre de olho e, caso eles se aproximem, rapidamente deixam todos os hóspedes em segurança (deixar em segurança significa pedir para que todos entrem em seus camps e fechem as portas e daí é possível ver da “janela” um elefante no seu “quintal”, é demais!).

Zarafa Camp (Foto: Beverly Joubert)

O almoço é servido no horário que o grupo combinar com a equipe, normalmente, entre 13h e 14h. Nos camps do Great Plains Conservation os chefs surpreenderam com pratos leves, saudáveis e saborosos – sempre priorizando alimentos locais e itens frescos – e no almoço é servido no estilo buffet.

Às 16h saímos para o segundo safári do dia. Esse, para nós, era o mais emocionante. Talvez pelo sono já ter ido embora ou pelos drinques que são servidos na hora do pôr do sol. Não raro pararmos para tomar um espumante (eles sempre perguntam qual bebida você quer no dia antes de embarcar) com algum dos big five e o pôr do sol de fundo. Inesquecível!

Após um longo dia de busca pelos animais, voltávamos para o jantar – esse sempre empratado – ficávamos horas à mesa comendo bem, bebendo bons vinhos, conversando e íamos dormir ansiosas pela aventura do dia seguinte.

HOSPEDAGEM

Conforme dito acima, o Great Plains Conservation oferece 9 camps na África. E quando falamos camps significa hospedagem em tendas de lona, o que permite uma vivência com o habitat natural que nenhum hotel com paredes de concreto permitiria e ainda respeita muito mais o meio ambiente. Mas, calma! Esqueça a visão de acampamentos/ barracas de camping  que provavelmente você já foi alguma vez quando estava na faculdade, aqui são acampamentos de luxo e superseguros.

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Que tal relaxar nessa piscina no meio da savana? (Foto: Tina Bornstein)

As propriedades do Great Plains Conservation em Botsuana ficam no meio do Delta do Okavango, uma região classificada como Patrimônio Mundial pela Unesco e uma das Sete Maravilhas Naturais da África. Para chegar não é fácil, é necessário pegar um pequeno avião a partir de Maun ou helicóptero dependendo de onde estiver. Mas, garantimos, qualquer dificuldade para chegar é compensada assim que pisar no camp!

Nós ficamos hospedadas em quatro camps em Botsuana, cada um com sua peculiaridade.

ANTES DE EMBARCAR

Leopardo, um dos big five! (Foto: Tina Bornstein)

Aqui no Viagem&Gastronomia sempre falamos que a viagem começa muito antes do embarque e essa premissa, se tratando de um safári na África, é mais verdadeira que nunca. Confira alguns itens importantes antes de pisar no avião:

1 – Vacina de febre amarela: sem vacina você não entra na África. Ela deve ser tomada pelo menos dez dias antes do embarque.

2 – Para chegar nos camps do Great Plains Conservation pegamos alguns aviões bem pequenos onde só é permitido mala maleável e de no máximo 20kg.

3 – Roupas claras ou nos famosos tons “safári” (creme, verde e marrom) são as ideias. Tem explicação: tons muito forte chamam a atenção dos animais o que não é bom em um safári, certo?!

4 – Fomos no verão e pegamos dias com sensação térmica de mais de 35 graus – e na mesma viagem pegamos um dia de chuva e frio de 12 graus. Ou seja, leve um casaco impermeável e corta vento e uma mala inteligente.

5 – A vida no safári não exige luxo, muito menos joias, saltos e roupas chiques. Guarde esses looks para outra ocasião! Aqui, menos é mais e tênis ou bota de caminhada será o seu sapato oficial.

6 – Se você for viciada em internet e redes sociais já comece a se desapegar. A maioria dos camps oferecem internet – não é super rápida – apenas nos quartos. No meio da savana, obviamente, nenhum sinal pega. Aproveite para fazer um detox digital!

7 – Você pode ter o melhor celular do planeta: ele não vai pegar os ângulos e as melhores imagens dos animais durante o safári, garantimos! Apesar do Great Plains Conservation emprestar uma super câmera fotográfica em quase todos os camps, recomendamos levar uma boa câmera que você já tenha familiaridade de casa.

MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR

É possível fazer safári na África em qualquer período do ano. Na época seca é mais fácil visualizar os bichos pois a vegetação está rasteira e, durante o inverno, com tudo verdinho, o visual é incrível para fotografar. Dependendo do camp que você ficar do Great Plains, no verão, a área fica alagada e a maioria dos safáris são feitos de barco – o que também é incrível.

QUANTOS DIAS?

Para aproveitar, o ideal é fazer até no máximo quatro dias de safári. Assim, você terá mais chances de ver os big five, além de outras espécies e curtir muito a savana.

Avião South African Airways (Foto: Shutterstock)

 COMO CHEGAR

Conforme dito acima, o caminho para chegar aos camps é longo. Embarcamos no voo da South African Airways de São Paulo até Johannesburgo, na África do Sul. De lá, após uma rápida conexão, seguimos a Maun, em Botsuana, em outro voo também da South African (nossas malas foram direto). Depois, pegamos um pequeno avião de até 10 pessoas da Mackair (nesse momento que só é permitido uma mala maleável de até 20kg). Esse avião pousa numa pista no meio da Savana e já dá o tom do que te aguarda nos próximos dias: aventura!

Nossa dica: como o voo faz conexão na África do Sul, combine sua viagem com um safári em Botsuana, uma ida até Zimbábue para ver as Victoria Falls, uma das sete maravilhas do mundo (foi o que fizemos e contaremos em breve em outra matéria) e termine com alguns dias curtindo a cidade de Johannesburgo ou a Cidade do Cabo – vale fazer a rota do vinho!

A jornalista viajou à convite do Great Plains Conservation e da South Africa Airways.

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