Exposições virtuais para visitar sem sair de casa

Em tempos de pandemia, museus disponibilizam suas mostras em cartaz em ambiente digital

Parte da exposição A Arte e a Moda no Farol Santander (Foto: Fifi Tong/Farol Santander)

Matéria atualizada em 28/04.

Sabia que, em um clique, é possível visitar exposições sem sair de casa? É que com a pandemia muitos museus e galerias começaram a disponibilizar no ambiente digital suas mais recentes curadorias, uma manobra sem fronteiras que expande o alcance das mostras, sem deixar carente os apaixonados por cultura. Acomode-se no seu lugar preferido e faça esse tour virtual pelas obras. São gratuitas e é possível retornar quando desejar! Bom passeio!

Obra Panic, do EDMX, na Mostra Museu  (Foto: Divulgação)

Mostra Museu: Arte na Quarentena
Se você é de São Paulo, fique atento ao caminhar pelas ruas. A Mostra Museu: Arte na Quarentena fixou imagens de mais de 200 obras de artistas de variadas nacionalidades em mobiliários urbanos da cidade. Os trabalhos estão exibidos em painéis digitais e estáticos em diversos bairros, como Bela Vista, Bom Retiro, Mooca, República, Santana e Pinheiros e em estações de metrô de São Paulo, nas linhas azul, verde e vermelha.

Estruturado como um projeto híbrido – online e offline -, a Mostra traz uma intersecção entre artes visuais e a produção musical brasileira com o intuito de jogar luz aos trabalhos criados durante o isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19. “A ideia de lançar luz à produção artística de artes visuais e música se deve ao fácil acesso que estas linguagens permitem, tanto na posição de criador, como de público ao captar as mensagens. Esse último ano evidenciou um momento de expansão da criatividade como válvula de escape”, explica Chiara Paim Battistoni, idealizadora da Mostra Museu.

O acervo de artes visuais, com curadoria de Ana Carolina Ralston e co-curadoria do The Covid Art Museum (leia mais sobre este projeto abaixo), reúne 200 obras vindas de 40 países. Já o eixo musical tem curadoria do jornalista, diretor e roteirista Pedro Henrique França e traz criações de cerca de 20 nomes da música brasileira contemporânea. Todos os trabalhos podem ser acessados via plataforma e por códigos QR Code localizados nos painéis.

National Museum of Women in the Arts (NMWA)
Fundado em 1987 em Washington, EUA, é o único grande museu do mundo exclusivamente dedicado a defender as mulheres por meio das artes. Com suas coleções, exposições, programas e conteúdo online, o museu busca inspirar intercâmbios entre artes e ideias. A NMWA tem mulheres artistas como protagonistas de sua curadoria e acervo e atua como um centro vital para liderança inovadora, envolvimento comunitário e mudança social. Dentre tantos temas, o museu aborda o desequilíbrio de gênero através da arte, trazendo à tona importantes artistas do passado, ao mesmo tempo que promove grandes mulheres do presente e abre caminho para o futuro.

Exposição Mamacita linda
Exposição Mamacita Linda (Foto: Reprodução National Museum of Women in the Arts)

A página na internet do museu tem uma aba dedicada somente para às exposições online. Clique aqui e acesse. Destaque para Mamacita Linda: cartas entre Frida Kahlo e a mãe, Matilde Calderón de Kahlo. Além de conhecer a caligrafia de umas das maiores artistas mundo, a mostra revela confidências, trocas de afeto, desabafos entre as duas; E também para Mulheres Artistas da Idade de Ouro Holandesa, uma exposição que ilumina as vidas e obras de várias artistas de grande sucesso na Holanda durante o século XVII e o início do século XVIII.

Farol Santander
Bem-vindo ao Jardim das Maravilhas de Miró!  Passeie de maneira virtual por um percurso inspirado nas obras e litografias da série Maravilhas com Variações Acrósticas no Jardim de Miró, do poeta espanhol Rafael Alberti. As áreas da exposição, 8 no total, foram inspiradas nessa obra criada sobre a homenagem literária que Rafael, pertencente ao grupo de escritores andaluzes da geração de 1927, prestou ao catalão Joan Miró e sua esposa Pilar, memorando uma viagem a um jardim imaginário cheio de flores, plantas exóticas, pássaros, insetos, pequenos animais, gnomos, o sol, a lua e as estrelas. Miró gostava de comparar a sua postura de artista com a de um jardineiro: aquele que cuida e experimenta para melhor criar. Acesse aqui.

O Jardim das Maravilhas de Miró
O Jardim das Maravilhas de Miró (Fotos: Veronica Cowie)

Fashionistas e amantes de história vão amar saber que o Farol Santander está com a A Arte da Moda, exposição que apresenta as relações entre arte e moda, além do trabalho de criação dos ateliês no Brasil e na Europa (especialmente na França). Com a ajuda do mouse, o visitante pode ir “andando” e apreciar os 170 itens que compõem a mostra, tais como vestidos, casacos, acessórios, fotos, vídeos de coleções clássicas e contemporâneas. Entre os destaques estão estilistas e marcas como Coco Chanel; Christian Dior e Coleção Rhodia, além de preciosidades como o vestido de Tarsila do Amaral usado em seu casamento com Oswald de Andrade, inéditos ao público. Acesse aqui.

Bem-vindo a este tour virtual pela exposição ExFinito, primeira grande mostra individual no Brasil do artista chileno Iván Navarro, um expoente da arte contemporânea. O passeio online traz 14 obras expostas de Navarro, além da instalação Escada (Caixa d’Água), intervenção externa na Praça Antônio Prado, localizada em frente ao Farol Santander, e que também já foi exposta no Madison Square, em Nova York. A ideia é provocar dúvidas e potencializar nossos sentidos através de uma grande instalação em forma de labirinto, com obras e elementos que exploram luzes, espelhos, vidros e eletricidade. Em uma experiência sensorial, o público se vê em um jogo entre corpo e visão, em uma dimensão paralela da realidade, na ilusão de um infinito. Acesse aqui.

Covid Art Museum
Foi o primeiro museu que nasceu desde que a pandemia do coronavírus se espalhou pelo mundo. Com os espaços fechados, toques de recolher e isolamento social, artistas precisaram procurar outras maneiras e formatos de exporem seus trabalhos. São pinturas, colagens, fotografias e ilustrações totalmente conectados com o impacto social causado pela Covid-19. Quem criou o projeto foi o trio Emma Calvo, Irene Llorca e José Guerrero, de Barcelona, que selecionam obras via Instagram, através da #CovidArtMuseum, ou de um formulário fornecido pela rede social. Vale conferir cada um!

Bordado em algodão cru do artista @rabiscando compartilhado no Museu do Isolamento (Foto: @rabiscando)

Museu do Isolamento
O 1º museu totalmente digital do Brasil reúne artes e reflexões para e sobre o cotidiano dos brasileiros. Nascido da vontade de dar visibilidade a memórias, histórias e olhares sobre o mundo, a página foi criada por Luiza Adas, que desde 2018 trabalha e produz conteúdos sobre arte e cultura no perfil @florindolinhas. A curadoria do @museudoisolamento é focada em encontrar artistas independentes que produzam trabalhos que dialoguem com temas contemporâneos, trazendo a público questionamentos e ideias que, através da arte, nos ajudem a compreender o mundo lá fora e o que habita dentro de nós também. “Com a impossibilidade de ir à museus, nasceu a ideia de querer criar uma plataforma para que as pessoas pudessem continuar se nutrindo de arte e cultura, porque acredito, inclusive, que é uma ferramenta que permite “irmos pra fora” mesmo quando estamos dentro de casa. Existem pessoas que falam que quem vive de passado é museu, mas no Museu do Isolamento se vive de presente.”

Sesc Digital
Na plataforma Sesc Digital, é possível navegar por catálogos e publicações educativas, além de vídeos-passeio, entrevistas com curadores e séries produzidas especialmente para o ambiente digital, a partir de exposições realizadas recentemente nas unidades do Sesc São Paulo. Mais de 60 catálogos, além de materiais de exposições recentes estão online na página. Clicando, é possível passear pela Infinito Vão: 90 Anos de Arquitetura Brasileira, um recorte da história da arquitetura nacional por meio de obras e projetos arquitetônicos de 96 figuras emblemáticas do setor, como Lina Bo Bardi e Vilanova Artigas; conhecer os bastidores e as obras em exposição na Transbordar: Transgressões do Bordado na Arte com obras realizadas por artistas que fazem do bordado um meio expressivo contestador de hierarquias estéticas e sociais; e, ainda, admirar o olhar do fotógrafo Sebastião Salgado na GOLD – Mina de Ouro Serra Pelada, que mostra a realidade do maior garimpo a céu aberto do mundo, na região da Amazônia Paraense.

O Mar
O Museu de Arte de Rua coloca a arte urbana em foco! Com obras de 40 artistas brasileiros, o museu a céu aberto reúne painéis em empenas de prédios e em muros assinados por grandes nomes da cena, como Mundano, Speto, Verena Smit, Felipe Morozini e muitos outros.

Obra de Paulo ito, um tributo aos profissionais da saúde (Foto: Reprodução)

Passeie por todos eles pelo computador mesmo, aí da sua casa, clicando no nome do artista à direita ou no mapa, à esquerda da sua tela. Além de admirar o trabalho (dá pra apreciar bem de pertinho, de diversos ângulos), ainda é possível fazer um giro 360° pela região da cidade onde eles “moram”. A ação joga mais do que luz a esta expressão artística. Incentiva e dissemina obras feitas com grafite, estêncil e câmera fotográfica. Houve, ainda, um cuidado à temática: há intervenções conectadas à pandemia da Covid-19 através de homenagens de quem está na linha de frente do combate e mensagens de alento e esperança. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo em parceria com as secretarias municipais de Cultura, Subprefeituras e Educação. Clique aqui e navegue!

Beatriz Milhazes e Chiquinha Gonzaga, no Itaú Cultural
Em cartaz, as duas exposições ganham versões online. “Temos de considerar que, mesmo com todos os protocolos de segurança seguidos por nós e demais equipamentos culturais, o público se expõe nos deslocamentos. É hora de aprofundarmos as nossas ações virtuais para dar uma contribuição adicional.” diz Eduardo Saron, diretor da casa.

Clicando aqui , o visitante mergulha na exposição de Beatriz, tendo o curador da mostra, Ivo Mesquita, como guia. Há ainda a possibilidade de desbravar a mostra em uma visita em 360 graus pelos três andares expositivos da casa, podendo escolher os eixos a serem vistos enquanto o processo de criação é comentado pela própria artista, que traz observações sobre seu trabalho e impressões e percepções sobre sua obra. A mostra ocupa os três andares do espaço expositivo, com 79 obras –três delas, inéditas: Havaí em amarelo vibrante, Cor de pele e Giro horizontal.

Obra de Beatriz Milhazes (Foto: Divulgação)

Já para ter acesso ao material da expo de Chiquinha Gonzaga, clique aqui. O hotsite contém, por exemplo, vídeo guia em Libras, linha do tempo, quiz, fotos, gravações de músicas da compositora e glossário musical da época. A ferramenta também traz as gravações de Dona Jacira, multiartista e mãe de Emicida; Jup do Bairro, cantora, compositora e apresentadora; Beth Beli, percussionista e fundadora do bloco carnavalesco Ilú Obá De Min, a atriz Indira Nascimento e a cantora Fabiana Cozza sobre textos escritos pela dramaturga Maria Shu, e narrados por elas como se fossem depoimentos da própria maestrina sobre sua vida.

Leonardo Da Vinci, no MIS
O MIS, Museu da Imagem e do Som, lançou o projeto MIS Experience, um novo equipamento cultural do Estado de São Paulo, criado em parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa e a TV Cultura. Com foco em experiências multissensoriais, o espaço apresenta a exposição Leonardo da Vinci – 500 anos de um gênio, concebida pela Grande Exhibitions, empresa sediada em Melbourne, na Austrália.

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Respire fundo e entre nesta que é considerada a investigação mais completa e detalhada sobre o trabalho de da Vinci a cruzar o mundo. Criada em parceria com o Museo Leonardo da Vinci, em Roma, e com colaboração de diversos especialistas e historiadores da Itália e da França, a mostra soma 18 áreas temáticas que contam a trajetória do grande gênio renascentista. É possível passear por todas as áreas da exposição. Demore-se na sala imersiva Sensory4™ com imagens em 360 graus! Ao se aproximar dos objetos, o visitante é convidado a viver uma experiência de realidade aumentada, sendo possível vê-los de pertinho e ler sobre eles logo ao lado, clicando na plaquinha. Há também uma série de vídeos com conteúdos que revelam aspectos curiosos do artista, auxílio de um áudio guia e acesso às observações científicas e técnicas de Leonardo em suas anotações e esboços, dos quais cerca de 6.000 páginas ainda existem! E, claro, uma sala totalmente dedicada à Monalisa! Sem mais spoiler, clique aqui e aproveite!

O MIS integrou com o Google Cultural Institute, uma plataforma do Google que realiza parcerias com centenas de museus, instituições culturais e acervos históricos para hospedar online os patrimônios culturais do mundo. Nela, estreou quatro exposições exclusivas que apresentam recortes temáticos do acervo MIS. Em cartaz:
Coleção Guilherme Gaensly – uma paisagem humana. A mostra reúne importantes registros do fotógrafo suíço-brasileiro e destaca a participação dos trabalhadores para o cultivo do café no interior paulista no final do século 19 e início do século 20.

Coleção Guilherme Gaensly no Acervo MIS – uma paisagem humana (Foto: Reprodução MIS)

Cinema Paulista nos anos 70. Os cinéfilos vão amar saber que essa exposição virtual contempla importantes peças sobre a história da produção cinematográfica de São Paulo entre os anos de 1968 e 1980. Dividida em cinco eixos temáticos, trata, respectivamente, de diretores, filmes, cinema popular, cinema político e cinema independente de uma década importante da formação audiovisual, remanescente dos anos de chumbo da ditadura. Dentre os destaques está uma entrevista em vídeo com o diretor Rogério Sganzerla. Imperdível!

Lambe-lambe: fotógrafos de rua em São Paulo nos anos 1970. Esta mostra resgata uma das primeiras coleções do acervo do MIS, elaborada por dois estudantes, e mostra a profissão dos fotógrafos de rua em atividade no início dos anos 1970, os fotógrafos lambe-lambe.

A mulher na Revolução de 32. A mostra reúne fotografias e arquivos de áudio, trocas de correspondências (exclusivas do acervo do MIS) relatando o dia a dia de voluntárias da Revolução. Os documentos revelam o papel da mulher no momento em que o Estado de São Paulo se rebelava contra o governo de Getúlio Vargas.

Art Nouveau, Björk, Ivan Serpa no Centro Cultural Banco do Brasil
O CCBB disponibilizou todo seu conteúdo expositivo, em cartaz nas sedes de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Distrito Federal, em seu site para mergulho dos visitantes. A mostra Alphonse Mucha: o legado da Art Nouveau está disponível para tour virtual em 360º; Björk Digital, dedicado à artista islandesa, em cartaz apenas no Rio, agora pode ser visitada por pessoas de todo o Brasil. O mesmo acontece com as obras de Ivan Serpa e a sua Expressão do Concreto, disponível agora em passeio virtual. Sons e textos de apoio acompanham o visitante por todas as mostras, que são gratuitas e podem ser acessadas quantas vezes desejar! Clique aqui!

Antonio Dias no MAM
Antonio Dias: derrotas e vitórias é a exposição dedicada a Antonio Dias (1944 – 2018), artista singular da arte contemporânea brasileira, autor de obras multimídias, repleta de engajamento social e político, ironia e sensualidade. Com curadoria de Felipe Chaimovich, a mostra traz obras emblemáticas, com textos de apoio, muitas delas raramente exibidas, todas vindas diretamente do acervo pessoal do artista. Veja no Google Arts & Culture

Cantando na Chuva, 2014/15, Berna Reale

20 anos do Clube de Colecionadores de Fotografia no MAM
A história da fotografia moderna e contemporânea no Brasil se funde, por diversos momentos, com o surgimento do Clube de Colecionadores de Fotografia do Museu de Arte de São Paulo, nascido nos anos 2000 por iniciativa de Tadeu Chiarelli, na época curador-chefe da casa. Com curadoria de Eder Chiodetto, a mostra reúne trabalhos de diferentes gerações e linguagens artísticas, criações emblemáticas de nomes como Adriana Varejão, Berna Reale, Cláudia Andujar, Nuno Ramos e Miguel Rio Branco. Destaque para a obra ‘Cantando na Chuva’ (2014) de Berna e ‘Trancoso, Bahia’ (1999/2011) de Araquém Alcântara. Para acessar? vá no Google Arts & Culture