Conheça cinco mulheres que fizeram história no mundo do vinho

No Mês das Mulheres, nossa colunista Pri Matta apresenta brevemente nomes que revolucionaram técnicas e ajudaram a democratizar os vinhos para um público mais abrangente

Rolha com a representação de Madame Clicquot, uma das mulheres mais importantes na história do vinho
Rolha com a representação de Madame Clicquot, uma das mulheres mais importantes na história do vinho Unsplash

Pri Mattacolaboração para o Viagem & Gastronomia

No mês em que recordamos a luta histórica das mulheres para terem condições de trabalhos equiparadas às dos homens, também celebramos os grandes nomes femininos do nosso passado e presente.

Fato é que muitas dessas figuras fizeram – e ainda fazem – grandes contribuições para o mercado mundial de vinhos.

Com isso em vista, destaco abaixo cinco mulheres emblemáticas do setor, desde nomes que revolucionaram técnicas até as que ajudaram a democratizar o mundo dos vinhos:

Madame Clicquot

Retrato de Madame Clicquot pelo artista francês León Cogniet / Wikimedia Commons

Madame Clicquot foi como ficou conhecida Barbe-Nicole Clicquot-Ponsardin, figura emblemática da vitivinicultura francesa.

Aos 27 anos ficou viúva do filho do fundador da Maison Clicquot e assumiu o controle da empresa. Isso não era tão incomum se levarmos em conta um período de guerras, ali pelos séculos 18 e 19: muitas mulheres perderam seus maridos e assumiram os negócios das famílias.

O destaque para Madame Clicquot, entretanto, se dá por suas contribuições inovadoras ao mercado de vinhos na França. Muito pouco se sabia sobre os processos de produção e como manter a qualidade dos espumantes.

A empresária foi uma das pioneiras a defender o assemblage na produção dos espumantes, de modo a ter consistência no produto final.

Para solucionar a turbidez que era comum aos espumantes da época, criou a técnica chamada remuage, que consiste em girar cuidadosamente as garrafas de champanhe em um suporte especial para remover os sedimentos do vinho durante a fermentação.

Madame Clicquot faleceu em 1866, mas suas técnicas continuam sendo usadas até hoje. A marca Veuve Clicquot, que ela fundou, é símbolo de luxo e qualidade em todo o mundo.

Baronesa Philippine de Rothschild

Philippine assumiu a liderança da vinícola Château Mouton Rothschild e continuou a produzir alguns dos melhores vinhos do mundo / Divulgação

Outro ícone francês, porém nascida um século e meio depois de Barbe-Nicole, Philippine era filha do banqueiro Baron Philippe de Rothschild, fundador da renomada vinícola Château Mouton Rothschild.

Se interessou pelo processo de produção do vinho, estudou enologia e trabalhou na vinícola da família.

Com a morte do pai em 1988, assumiu a liderança da vinícola Château Mouton Rothschild e continuou a produzir alguns dos melhores vinhos do mundo, recebendo muitos prêmios e reconhecimentos por seu trabalho.

Entre seus grandes feitos estão a construção da vinícola Opus One do Napa Valley e a união com a Concha y Toro, que resultou no lançamento do ícone chileno Almaviva. Ainda no Chile, outro importante empreendimento surgiu a partir da Mouton Rothschild, a vinícola Escudo Rojo.

Philippine de Rothschild faleceu em agosto de 2014 em Paris.

Dona Ferreirinha

Representação de Dona Ferreirinha, uma das primeiras mulheres a empreender com vinho em Portugal / Reprodução

Dona Antónia Adelaide Ferreira, também conhecida como “Dona Ferreirinha”, foi uma das primeiras mulheres a empreender em Portugal e marcou a história do vinho do Porto.

Assim como Madame Clicquot, ela assumiu a propriedade após a morte do seu marido e a elevou a outro patamar: investiu em tecnologias para o combate à filoxera, introduziu novos métodos de produção e expandiu o negócio.

Após seu falecimento, a vinícola continuou sendo uma das mais importantes de Portugal. Em 1952, mudou o nome para Casa Ferreirinha e lançou o primeiro vinho Barca Velha, um dos mais prestigiados vinhos portugueses.

Susana Balbo

Susana Balbo ajudou a consolidar o nome dos vinhos argentinos no mapa mundial / Joel Kwiecinski

Começo dizendo que Susana foi a primeira mulher argentina a se formar em enologia.

Nascida em Mendoza, trabalhou em várias vinícolas dentro e fora da Argentina, e consolidou a uva Torrontés como uma das mais importantes do vinho argentino.

Em 1999 fundou sua própria vinícola, aprimorou processos de vinificação, investiu em terroirs nunca explorados e passou a produzir grandes vinhos.

Susana não é só uma figura emblemática do vinho, mas também uma mulher engajada em colocar o vinho argentino no mapa mundial.

Ocupou por três vezes o cargo de presidente de Vinhos da entidade Wines of Argentina, aumentando as exportações dos vinhos do país, e, em 2015, foi eleita deputada nacional por Mendoza.

Em 2017, passou a representar a Argentina na Women 20, braço feminino do G20, que reivindica a igualdade de gênero e empoderamento econômico das mulheres.

Jancis Robinson

Jancis Robinson é crítica de vinhos, escritora e conselheira da família real britânica / Divulgação

Uma das maiores autoridades mundiais em vinho, Jancis foi a primeira pessoa fora da indústria de vinho a se tornar Master of Wine, em 1984.

Entre seus muitos títulos – escritora, crítica de vinhos, autora de guias importantes – o mais curioso deles é que Jancis é conselheira de vinhos para a família real britânica.

É a mulher que mais fez pela informação e democratização do vinho ao redor do mundo, com sua linguagem acessível e didática em suas publicações.

*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.

Sobre Pri Matta

Pri Matta compartilha sua paixão pelo mundo dos vinhos no perfil @deondevinho / Acervo pessoal

Priscilla é jornalista, sommelière e idealizadora do perfil @deondevinho no Instagram. Ela deixa claro que por lá não fala sobre vinhos, mas sobre momentos. É que o vinho está em todos!