Club Med reabre resort em Val d’Isère, vilarejo alpino francês que une esqui e muito charme

Resort all inclusive restaurado mira em famílias, incluindo brasileiros que elegem os Alpes Franceses para férias com ou sem doses de adrenalina na neve

Saulo Tafarelodo Viagem & Gastronomia

Val d'Isère, França

A cerca de três horas de carro de Lyon, os Alpes Franceses se abrem para um grande lago na comuna de Tignes cuja estrada ladeia as águas e tem túneis que parecem ter saído de um filme à la “007”. Com picos nevados formando um vale, é um prenúncio das belas paisagens encontradas na vila seguinte, em Val d’Isère, com um autêntico vilarejo alpino em meio a um cenário rodeado por montanhas cobertas de gelo.

Pertinho da fronteira com a Itália, a temporada de neve aqui vai do fim de novembro ao começo de abril e, junto da comuna de Tignes, são mais de 300 km de área esquiável em altitudes que chegam a mais de três mil metros no alto das montanhas.

Em dias limpos as temperaturas são ainda mais cortantes, indo abaixo de -10ºC. Mas esta temporada em Val d’Isère acaba de dar uma esquentada com a reinauguração do Club Med Val d’Isère que, após um hiato e injeção de 50 milhões €, opera agora com o selo Exclusive Collection, mais elevada categoria dos hotéis da rede francesa.

O hotel de 216 acomodações, que variam de quartos e suítes de 24 m² a 70 m², faz parte do DNA all inclusive da marca, o que pode ser de interesse de famílias e grupos, o público-alvo da rede, que tem em mãos facilidade de serviços, de oferta gastronômica e acesso direto para pista de esqui.

Brasileiros também estão na mira: somos o segundo maior mercado do hotel na temporada depois dos próprios franceses, o que faz com que os hóspedes fiquem mais relaxados – seja na recepção, no buffet, ou até no clubinho das crianças, não é preciso se arriscar 100% em outra língua, já que funcionários brasileiros estão pelas redondezas como estratégia da própria rede.

Conforto alpino

Situado na área de La Legettaz, o hotel segue o estilo alpino de todo o vilarejo, com madeiras escuras, telhados para escoar o gelo e todo o charme que se vê nos filmes natalinos.

Se do lado de fora as temperaturas ficam abaixo de zero, dentro a calefação mantém o ambiente agradável. Após o check-in o hóspede recebe uma pulseira que serve como chave mestra para abrir o quarto, para compras no hotel ou para o armário com equipamentos de neve. Recebe ainda um passe de esqui incluso no pacote para acesso aos teleféricos e funicular da vila – o cartão avulso sai por 66 € por dia (cerca de R$ 352).

Por falar em neve, Val d’Isère é uma das estações mais famosas de toda a França, com diferentes pistas, das mais fáceis até as mais íngremes, que atraem visitantes do mundo todo ávidos por adrenalina no gelo e por agito après-ski – até campeonato acontece aqui nas primeiras semanas de dezembro.

A vantagem é que o hotel já tem saída direta para uma das pistas, em que cada quarto conta com um armário para equipamentos, os quais não estão inclusos nas diárias. Porém não se preocupe: é possível alugar esqui, snowboard, botas especiais e capacete na lojinha anexa à área, que possui materiais de todos os tipos e tamanhos.

Inclusas no pacote, aulas em grupo são ministradas na neve para crianças a partir dos 4 anos e vão desde os níveis mais básicos para quem nunca nem viu neve na vida até os mais avançados, com professores nas línguas inglesa e francesa.

Durante o dia, as crianças ficam bem alocadas também no kids club, com programação que as mantém entretidas – jovens de 11 a 17 anos também contam com o mimo. “O sucesso das crianças reflete muito sobre a família. Se os filhos estão felizes, os pais estão felizes”, avalia Janyck Daudet, CEO do Club Med para a América do Sul.

Além do esqui

Contudo, se esquiar não for a sua praia, uma lista de atividades dentro e fora do próprio hotel são ideais para dias tranquilos com o cenário alpino ao redor. O spa é um destes lugares: uma dezena de cômodos, incluindo quarto para tratamentos em casal, oferece conforto quentinho e terapias para face, costas e pernas.

Pagos à parte (entre 98 € e 261 €), os tratamentos são precedidos por uma pausa na antessala com direito a chás e espreguiçadeiras. Depois do relaxamento caem bem alguns minutinhos no banho turco.

saunas secas, disponíveis para todos os hóspedes, ficam na área da piscina coberta, a qual chega aos 25ºC. Mas após o longo voo do Brasil à França, é a jacuzzi externa que pode dissipar o cansaço, com águas que ultrapassam os 30ºC e vista direta para as montanhas.

Ao longo do dia, aulas de yoga amenizam os efeitos da altitude e tem método desenvolvido pelo brasileiro Heberson Oliveira. De toda forma, um chocolate quente direto do bar ou das máquinas self-service já são um programa aconchegante nos sofás com janelas que enquadram a neve.

O restaurante principal, apesar de ser em formato de buffet e onde é servido café da manhã, almoço e jantar, é aposta para lançar-se pelos sabores regionais com uma estação de queijos franceses e italianos. Peça o Beaufort, queijo de leite de vaca firme bem típico da região, o Tomme, tradicional dos alpes com vários graus de maturação, e também os queijos de cabra com especiarias na casca.

Não deixe de provar o croissant pela manhã e, especialmente nos jantares, procure a raclette, prato tradicional da Sabóia, ou ainda experimente preparos de diferentes partes do mundo e variadas massas que mudam diariamente. Apesar do frio externo, a seção com múltiplos sorvetes pode arrematar a refeição.

Além do buffet, um segundo restaurante, o Les Millésimes, com escolhas à la carte, serve almoço tardio após as 13h, com direito a docinhos no chá da tarde, e aceita reservas para o jantar, com pratos franceses e italianos.

A vila de Val d’Isère

Para além dos esportes na neve, o centrinho de Val d’Isère guarda tesouros a serem desvendados com calma, os quais podem ser agendados com o próprio hotel. A primeira ida até a vila pode ser a pé – lembre-se de calçar botas de borracha para evitar escorregões e molhadeira -, mas para a volta os ônibus gratuitos que rodam o vilarejo caem como uma luva, com ponto na porta do Club Med.

Com ou sem esquis em mãos, vale subir em todos os teleféricos para acessar diferentes picos, como as montanhas Bellevarde e Solaise, para testemunhar que, lá em cima, elas se abrem para um mundo ainda mais nevado e estonteante.

No pico de Bellevarde fica o La Folie Douce, famoso restaurante de altitude que garante agito no pós-esqui. As temperaturas sobem com DJ ao ar livre e taças de champanhe e vinho branco são vistas nas mãos de jovens que dançam em cima das mesas. É só chegar e se divertir, já que se paga apenas o consumo.

De volta ao vilarejo, de vários ângulos é possível avistar a torre da pequena igreja barroca de St. Bernard de Menthon, a alma do “centrinho antigo” que sobrevive aqui desde 1664. Com a queda dos flocos de neve, a ruazinha parece sair diretamente de uma cena da ficção.

No fim do vilarejo, uma fazenda abre as portas para uma visita autêntica entre queijos e animais. A La Ferme de l’Adroit conta com 30 vacas e também cavalos, galinhas e búfalo, todos recolhidos no celeiro aberto à visitação diária.

Quem estiver por aqui às 17h30 pode ajudar a ordenhar as vacas, cujo leite é destinado aos queijos vendidos na microloja, que geralmente fica sob responsabilidade da simpática Lucile Mattis, dona do pedaço junto do marido e da família. Ela dá lascas para experimentarmos o Beaufort, o Tomme, o Gruyère e explica sobre os processos de seus iogurtes caseiros.

Já massas folhadas e docinhos franceses são pedidas para uma paradinha com chocolate quente. É o caso da Maison Chevallot, com vitrine repleta de doces esculpidos, e da Oh Crazy Barm’s, padaria que abastece o Hôtel les Barmes de l’Ours.

Neste último fica localizado o restaurante La Table de l’Ours, com uma estrela Michelin angariada pelo jovem chef Antoine Gras. Ele serve aqui um menu-degustação em seis etapas (195 €) por lagos e montanhas dos alpes que vem com vieira, truta e carne de veado entre os principais – difícil é não ficar seduzido pelo carrinho de queijos e com o serviço quase teatral nas poucas mesas servidas por noite.

Neve também no Brasil

O mesmo selo Exclusive Collection de Val d’Isère vai desembarcar no Brasil com um resort Club Med avaliado em mais de R$ 1 bilhão em Gramado (RS). Previsto para 2025, ele será parte de um complexo que garantirá inclusive neve para os visitantes: o projeto tem uma pista de esqui outdoor e um centro de neve artificial para toda a família que simula a experiência de se estar no gelo.

Primeiro resort da categoria mais luxuosa da rede na América do Sul, o Club Med de Gramado seguirá os passos da marca em transformar todas as suas unidades do mundo em hotéis 4 estrelas ou Exclusive Collection a partir de abril de 2024, como garante Janyck Daudet, o CEO para a América do Sul.

A transformação é uma estratégia de mercado para elevar e diferenciar os hotéis da marca, já que o grupo enxerga que há uma demanda para experiências sofisticadas e ao mesmo tempo all inclusive. Os diretores garantem: as pessoas estão dispostas a pagar mais por isso.

Club Med Val d’Isère
La Legettaz, 73150, Savoie, Val-d’Isère, França
Estadia de uma semana por pessoa em quarto duplo a partir de 1.701 € (R$ 9.140) na baixa temporada e 2.121 € (R$ 11.400) na alta temporada com pensão completa. Pacote de bebidas alcoólicas premium pago à parte.
Mais informações via site oficial

*O jornalista viajou a convite do Club Med.