Vinícolas gaúchas apostam em criatividade e produzem blend inédito no Brasil

As inovações têm o objetivo de conquistar novos públicos consumidores e combinam diferentes técnicas de produção e de envelhecimento

Stêvão Limanada CNN

Misturar uvas brancas com tintas, apostar em novas formas de envelhecer os vinhos ou até vender a bebida enlatada. Estas têm sido as apostas das vinícolas do Rio Grande do Sul nos últimos anos.

A intenção é alcançar novos consumidores, principalmente os mais jovens, além de evidenciarem questões sociais e sustentáveis nos métodos de produção, uma pauta muito debatida no mundo do vinho.

Ao pensar nesta temática, três amigos enólogos decidiram criar um portfólio de vinhos que apostam na criatividade e na “sublime sinergia entre o homem e natureza”.

Uma das apostas foi misturar duas variedades de uvas: brancas e tintas. O blend foi pioneiro no Brasil e é composto por 92,3% de Merlot e 7,7% de Sauvignon Blanc.

O rótulo ganhou o nome de “Inquieto” e traz a imagem do matemático e físico Isaac Newton segurando uma maçã, uma tentativa de transmitir todo o cuidado e rigor que a produção da bebida teve.

Rótulo do “Inquieto” traz a imagem do matemático e físico Isaac Newton
Rótulo do “Inquieto” traz a imagem do matemático e físico Isaac Newton / Garbo/Divulgação

A combinação faz com que a degustação seja complexa e instigante ao harmonizar intensidade, elegância e refrescância a cada gole.

Uma outra inovação trazida pelos gaúchos da “Garbo Enologia Criativa” foi tentar envelhecer a bebida em barricas de Acácia, uma árvore típica da vegetação do Rio Grande do Sul. O rótulo ganhou o nome de “Akis”, um varietal da uva Riesling Itálico.

“Nós apostamos na criatividade para elaborar os nossos vinhos ao trazer novas ideias, mas sem esquecer do rigor e da tradição de séculos. As ilustrações servem para expressar os nossos conceitos e que possam ser entendidos como uma obra de arte pelos consumidores”, comenta o sócio-fundador da Garbo, Andrei Bellé.

Misturar dois tipos de uvas também ganhou as prateleiras da vinícola Casa Valduga. A linha “Terroir Exclusivo” mistura Syrah e Viognier, permitindo que a bebida seja complexa, mas fácil de beber.

O corte é comum em países como Argentina e França e são utilizados, especialmente, para harmonizar carnes brancas mais untuosas, queijos de média maturação e charcutaria em geral.

Para não deixar de falar das borbulhas, os espumantes também estão surfando na onda da inovação. A categoria Sur-lie (sobre as borras) tem preservado as leveduras da segunda fermentação na garrafa e permitido que uma bebida turva e mais encorpada chegue às taças dos consumidores.

De acordo com vitivinicultores, a variedade da bebida tem feito com que mais empresas invistam na variedade e que os espumantes estejam mais nas mesas com os alimentos e menos nas comemorações, como são acostumados a serem consumidos.

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