Quais as tendências da coquetelaria para 2025? Especialista explica
Com uso da tecnologia e adaptação de técnicas culinárias, experiências mais conscientes e sustentáveis estão no radar dos balcões mais antenados do país, segundo o consultor Marcelo Cury
Quando falamos em coquetéis, temos sempre uma tríade que sustenta a cena: bartender, coquetéis clássicos e os coquetéis autorais.
Bartenders são verdadeiros “storytellers”, oferecendo uma experiência que vai além do drinque em si, contando a história de cada ingrediente e envolvendo os clientes em todo o processo.
Clássicos são aqueles coquetéis que você espera sempre encontrar em uma carta e em bons bares. Serão sempre bastante semelhantes: Negroni, Manhattan, Dry Martini, entre outros nomes conhecidos. Estes nunca saem de moda, são atemporais.
Já a coquetelaria autoral tem sempre buscado transformações com o intuito de refletir as demandas do mercado e dos clientes, que mudam a cada geração. Já tivemos diversas tendências ao longo dos anos e poucas se consolidaram, embora um ou outro drinque tenha se transformado em “clássico”.
Tendências para 2025
Para 2025, entendo que os bares tentarão trazer experiências mais conscientes, sustentáveis e inovadoras. Cascas de frutas, sementes e outros subprodutos que antes eram descartados estão sendo reaproveitados em criações, como xaropes e bitters caseiros.
No nosso país, essa tendência é amplificada pela vasta biodiversidade. Ingredientes nativos da Amazônia, como o cupuaçu, o jambu e a priprioca, têm ganhado protagonismo nos bares de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
Estabelecimentos como o Tan Tan e o Picco, na capital paulista, têm adotado práticas “zero waste” e usado ingredientes locais de forma sustentável, criando coquetéis que respeitam o meio ambiente sem sacrificar o sabor.
Uma tendência em crescimento fora do Brasil são os coquetéis não alcoólicos com base de produtos que se assemelham ao original, como os da marca britânica Seedlip. Não temos na nossa prateleira essa linha de produtos atualmente, mas bares paulistanos como o Guarita e o SubAstor estão explorando coquetéis refrescantes e complexos com baixo teor alcoólico ou “mocktails” – criações sem álcool, acompanhando o aumento da demanda por bebidas mais saudáveis e adaptadas a um estilo de vida consciente.
A proximidade entre bares e pequenos produtores também é uma tendência crescente, com iniciativas de “farm to bar”, que promovem o uso de ingredientes orgânicos e frescos diretamente da fonte, criando uma cadeia de fornecimento mais ética e sustentável.
Técnicas culinárias e tecnologia
Agora, algo que certamente fará parte dos bares em 2025 é a adaptação de técnicas culinárias e o uso da tecnologia. Bares de alta coquetelaria já utilizam centrífugas, máquinas de infusão a vácuo e impressoras 3D para criar bebidas com camadas complexas e visualmente atraentes.
A introdução de tecnologia não apenas melhora a eficiência, mas também permite uma nova camada de criatividade, transformando coquetéis em verdadeiras obras de arte e permitindo o uso completo de ingredientes, sem desperdício.
Talvez aqui isso não seja visível para o cliente de início, mas certamente será sentido no paladar, em que novos sabores e texturas aparecem e enriquecem a experiência. Bares como o The Liquor Store e o Exímia, em São Paulo, estão à frente dessa tendência.
Seja no seu bom e correto Old Fashioned ou em seu autoral de cambuci, uvaia e coco, vejo o ano de 2025 com bons copos, digo, olhos para quem frequenta a cena e espera novidades – e obviamente um bom drinque. Saúde!
Sobre Marcelo Cury
Médico, crítico e consultor no mercado de bebidas, Marcelo Cury trabalhou como colunista fixo nas revistas Playboy, Gosto e Carbono. Colaborou ainda com importantes títulos brasileiros, como as revistas VIP, GQ e Prazeres da Mesa, e com os jornais Folha de São Paulo e Estadão. Em seu perfil no Instagram, Marcelo compartilha os coquetéis que aprecia em diversos bares, principalmente nos balcões de São Paulo.