Novo restaurante Pacato, do chef Caio Soter, apresenta cozinha mineira como você nunca viu
Esqueça as porções fartas de torresmo, feijão tropeiro e pães de queijo recheados. Aqui, pratos delicados reverenciam uma das mais ricas gastronomias do país
Ao chegar no elegante salão do Pacato, primeira casa do chef Caio Soter, é difícil imaginar que ali é servido uma comida “de quintal”, como o próprio Caio gosta de dizer. Essa palavra “quintal” logo nos remete a comida caseira, servida nas casas das avós mineiras, com travessas fartas de afeto, carne de porco e outras iguarias típicas da região.
Questionado, o chef logo explica: “uso essa expressão ‘cozinha de quintal’ porque, em tempos de escassez de alimentos e muitas privações, as famílias se organizavam em fazendas e roças e se dedicavam à agricultura familiar de subsistência, com ênfase no cultivo de milho, feijão, mandioca e a criação de porcos e galinhas. Essa tríade de alimentos – vegetais, porco e frango – é a essência do cardápio do Pacato”.
Com essa explicação, se prepare para uma viagem de sabores na cozinha autoral, moderna, mas sem deixar de lado o DNA mineiro que corre no sangue do chef.
Com opção de à la carte ou menu degustação, cada item escolhido para os pratos tem uma história, normalmente, de algum pequeno produtor de Minas do qual o chef conhece bem e, com muita calma, explica os detalhes e o motivo que o fez escolher e não abrir mão de tal matéria-prima.
De fato, é possível sentir essa preocupação em cada garfada. Itens de qualidade, preparações inovadoras e técnica transformam um simples frango, por exemplo, tão rejeitado na alta gastronomia, em um prato brilhante e lotado de sabor.
O menu degustação (R$280) tem sete tempos e apresenta no couvert o milho, verduras e o feijão em preparações singulares, a exemplo da telha de feijão branco, espuma de tutu, vinagrete de feijão fradinho e pó de feijoada. Os snacks trazem a galinha em dois formatos, sendo um deles o pé de frango desossado e frito, recheado com mousse de fígado e a entrada é uma celebração ao porco. Os pratos principais trazem surpresas, como o creme de milho com jiló defumado e recheado e pó de quiabo.
Assim é a experiência no Pacato, casa onde o chef deixa claro: aqui não tem e nunca terá peixes, frutos do mar ou qualquer item que não seja absurdamente fresco, da região, servido em sua melhor forma. E o melhor de tudo: eles não fazem falta. Carnes de porco, frango e legumes brilham de tal forma que surpreende até paladares acostumados a percorrer estrelados ao redor do mundo.
Pratos com belas montagens mostram que – com a mente e habilidade de um bom chef – sempre é possível fugir do óbvio e apresentar versões de itens tão costumeiros do nosso dia a dia, como um quiabo, uma galinha ou um frango assado, de forma surpreendente e transformadora.
Um restaurante para quebrar preconceitos, com boas releituras de combinações mineira e onde o tempo, bem o tempo, aqui é pacato. Passa mais devagar, no ritmo mineiro, para apreciar as sensações de cada garfada
Sobre o chef Caio Soter
Nascido em Belo Horizonte, Caio Soter sempre teve uma ligação forte com o território e, consequentemente, com a cozinha mineira.
Em 2017, fundou a Umami Steaks, marca pioneira em Dry Aged em Minas Gerais. Neste mesmo ano trabalhou com chefs renomados como Felipe Rameh, Fred Trindade, Flávio Trombino e Felipe Galastro.
Em 2019, assumiu a chefia do restaurante Alma Chef, também na capital mineira, onde desenvolveu um trabalho inspirado na culinária mineira tradicional feita com ingredientes regionais e, por esse trabalho, foi premiado como Chef revelação da cidade.
Em 2020 participou da segunda edição do programa de gastronomia Mestre do Sabor, da Rede Globo e, em setembro do mesmo ano, assumiu a cozinha do restaurante O Jardim.
Agora em outubro de 2021 marca sua carreira com a abertura de seu primeiro restaurante, o Pacato.
Pacato
Rua Rio de Janeiro, n 2735, Bairro Lourdes – Belo Horizonte – MG / Funcionamento: quarta a sábado, das 19h às 23h