Guia Michelin divulga os melhores restaurantes de Portugal

O evento marca a independência de Portugal da Espanha no prestigiado guia vermelho; país segue sem nenhuma casa três estrelas, mas agora ostenta oito endereços com duas

Antiqvvm conquistou duas estrelas Michelin
Antiqvvm conquistou duas estrelas Michelin Reprodução site

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Portugal deixa de aparecer ao lado da Espanha e passa a ter um guia Michelin dedicado apenas aos seus restaurantes. O evento de divulgação dos ganhadores aconteceu nesta terça-feira (27) na cidade de Albufeira, no Algarve.

O evento é um marco histórico para a gastronomia lusitana depois de mais de cem anos de compartilhamento do guia com a Espanha. O primeiro Guia Michelin ibérico data de 1910, mas seria preciso esperar até 1926 para surgir a primeira distinção de um restaurante português e mais dez anos para alcançar a segunda estrela. E agora, exatos 114 anos depois, passa a ter um guia para chamar de “só seu”.

Realizado no NAU Salgados Palace & Congress Center, a premiação contou com a presença de personalidades do mundo da gastronomia, do turismo e da cultura. “Esta data é para celebrar a gastronomia de Portugal, mas também valorizar seus ingredientes, cozinheiros e restaurantes”, afirmou Maria Paz Robina, diretora geral da Michelin em Portugal e Espanha.

Já Antônio Costa Silva, ministro de economia e pesca de Portugal, fez um breve discurso onde afirmou que “O turismo de Portugal está em crescente evolução. Nossas receitas aumentaram 19% desde o ano passado e o turismo é uma alavanca para impulsionar as indústrias locais. 25 bilhões de euros foram gerados em 2023 e vamos tentar muito mais a partir desse evento.”

Apesar de ser um país pequeno, Portugal desempenha um importante papel na gastronomia global e tem se tornado cada vez mais um destino buscado por amantes da boa mesa e dos bons vinhos, a prova disso é que o país conta com 31 restaurantes com uma estrela Michelin (o que o guia considera como “cozinha de grande nível, compensa parar”) e oito restaurantes com duas estrelas Michelin (“cozinha excelente, vale a pena o desvio”).

Do guia do ano passado saem o Eneko, o Vistas e o Largo do Paço (tinham todos uma estrela), sendo que o primeiro foi encerrado, o chef do segundo deixou o projeto e o terceiro está em processo de remodelação desde 2023. Portugal segue sem nenhum restaurante com a classificação máxima, ou seja, três estrelas.

Confira abaixo a lista completa do Guia Michelin em Portugal para 2024:

*em negrito são os que entraram este ano

  • Duas estrelas:

Antiqvvm (Porto, chef Vítor Matos)

Alma (Lisboa, chef Henrique Sá Pessoa)

Belcanto (Lisboa, chef José Avillez)

Casa de Chá da Boa Nova (Leça da Palmeira, chef Rui Paula)

Il Gallo d’Oro (Funchal, chef Benoît Sinthon)

Ocean (Alporchinhos, chef Hans Neuner)

The Yeatman (Vila Nova de Gaia, chef Ricardo Costa)

Vila Joya (Albufeira, chef Dieter Koschina)

  • Uma estrela:

Two Monkeys (Lisboa, chefs Vítor Matos e Francisco Quintas)

Desarma (Funchal, chef Octávio Freitas)

Ó Balcão (Santarém, chef Rodrigo Castelo)

Sála de João Sá (Lisboa, chef João Pedro Sá)

100 Maneiras (Lisboa, chef Ljubomir Stanisic)

A Cozinha (Guimarães, chef António Loureiro)

Al Sud (Lagos, chef Louis Anjos)

A Ver Tavira (Tavira, chef Luís Brito)

Bon Bon (Carvoeiro, chef José Lopes)

CURA (Lisboa, chef Pedro Pena Bastos)

Eleven (Lisboa, chef Joachim Koerper)

Encanto (Lisboa, chef José Avillez)

Epur (Lisboa, chef Vincent Farges)

Esporão (Reguengos de Monsaraz, chef Carlos Teixeira)

Euskalduna Studio (Porto, chef Vasco Coelho Santos)

Feitoria (Lisboa, chef André Cruz)

Fifty Seconds by Martín Berasategui (Lisboa, chef Rui Silvestre)

Fortaleza do Guincho (Cascais, chef Gil Fernandes)

G Pousada (Bragança, chef Óscar Gonçalves)

Gusto by Heinz Beck (Almancil, chef Libório Buonocore)

Kabuki Lisboa (Lisboa, chef Sebastião Coutinho)

Kanazawa (Lisboa, chef Paulo Morais)

LAB by Sergi Arola (Sintra, chefs Sergi Arola e Vladimir Veiga)

Le Monument (Porto, chef Julien Montbabut)

Loco (Lisboa, chef Alexandre Silva)

Mesa de Lemos (Viseu, chef Diogo Rocha)

Midori (Sintra, chef Pedro Almeida)

Pedro Lemos (Porto, chef Pedro Lemos)

Vila Foz (Porto, chef Arnaldo Azevedo)

Vista (Portimão, chef João Oliveira)

William (Funchal, chef Luís Pestana)

Portugal conta também com mais dois restaurantes com estrela verde (que distingue a gastronomia sustentável): Malhadinha Nova (João Sousa, Albernoa) e Ó Balcão (Rodrigo Castelo, Santarém).

O prêmio jovem chef foi atribuído à Rita Magro (Blind, Porto); o prêmio sala (que distingue o serviço da casa) foi entregue a Pedro Marques (The Yeatman, duas estrelas, Gaia), enquanto o sommelier ganhador foi Leonel Nunes (Il Gallo d’Oro, duas estrelas, Funchal).

Na categoria Bib Gourmand (relativo a uma boa relação qualidade/preço, na faixa de 45 euros), além dos21 estabelecimentos que já estavam no guia, foram anunciados oito novos restaurantes: Flora (João Guedes Ferreira, Viseu); Inato Bistrô (Tiago Costa e Miguel Rodrigues, Braga); Norma (Hugo Alves, Guimarães), O Pastus (Annakaren Fuentes, Paço de Arcos); Olaias (Mónica Gomes, Figueira da Foz); Oma (Luís Moreira, Baião); Patio 44 (Simão Soares e Afonso Ramos, Porto) e Poda (João Narigueta, Montemor-o-Novo).

Uma referência mundial

Criado no início do século XX para ajudar os viajantes nas suas deslocações, o Guia Michelin é hoje considerado uma referência mundial na qualificação de restaurantes.

Para atribuir as estrelas aos restaurantes, os inspetores, que trabalham de forma anônima, valorizam a qualidade dos produtos, o domínio dos pontos de cozinha e das texturas, o equilíbrio e a harmonia dos sabores, a personalidade da cozinha e a regularidade.