Fazenda Churrascada é comprada e deve ter expansão nos próximos 5 anos

Ex-executivos do Burger King criaram holding a partir de R$ 100 milhões e adquiriram o controle da Churrascada com objetivo de transformá-la em sinônimo de churrasco

Gabriel Carvalho (à esquerda) e Gustavo Reichmann, fundadores do Heat Group, holding que detém o controle da Fazenda Churrascada
Gabriel Carvalho (à esquerda) e Gustavo Reichmann, fundadores do Heat Group, holding que detém o controle da Fazenda Churrascada Divulgação

Saulo Tafarelodo Viagem & Gastronomia

Apelidada de “Disney do churrasco”, a Fazenda Churrascada acaba de ser comprada por uma holding de food service com o objetivo de aumentar o número de operações e de fortalecer a marca de forma integrada, com eventos gastronômicos e o clube de assinaturas.

Quem está por trás da jogada é o Heat Group, recém-fundado por dois ex-executivos do Burger King, Gabriel Carvalho e Gustavo Reichmann. Além deles, outros três investidores levantaram R$ 100 milhões para criação da holding, que visa consolidar marcas do segmento de alimentação.

“Olhamos para várias oportunidades dentro e fora do país e a que mais brilhou nossos olhos foi a Fazenda Churrascada, justamente por ter essa combinação muito poderosa de marca forte e de capacidade de crescimento”, conta Gustavo.

Entre 2011 e 2016, ele e Gabriel conduziram a expansão agressiva do Burger King no Brasil, em que, em média, uma loja foi aberta a cada três dias, somando mais de 500 operações da rede em solo nacional. Gustavo, inclusive, chegou a ser CEO do Burger King no Reino Unido, com Gabriel ao seu lado como CFO.

A dupla agora deseja replicar a estratégia, mas de uma forma desenhada que leve em consideração as experiências que a Fazenda Churrascada entrega.

Segundo Gustavo, 30 a 40 restaurantes da marca podem existir no horizonte dos próximos cinco anos pelo Brasil. Atualmente, são cinco as unidades da Fazenda Churrascada: a matriz em um casarão colonial no Morumbi, em São Paulo, e em Campinas, Curitiba, Brasília e Campo Grande.

Churrasco como sinônimo da “Churrascada”

Espaço interno da Fazenda Churrascada no Morumbi, em São Paulo
No Morumbi, Fazenda Churrascada ocupa casarão de 8 mil m² e possui diferentes ativações, como loja de vinhos, açougue e sorveteria / Divulgação

Aberta em 2020 em um imóvel de oito mil metros quadrados no Morumbi, a primeira Fazenda Churrascada fixou-se como ponto gastronômico disputado pelos amantes do churrasco na capital paulista – parrilla, fogo de chão, pitch, varal de carnes, açougue e até sorveteria fazem parte dos ativos, sem contar a área kids e a música ao vivo.

Mas a operação só nasceu em decorrência do sucesso da Churrascada, festival gastronômico criado em 2015 com cortes preparados por chefs nacionais e estrangeiros acompanhados de muita cerveja, drinques e shows. Para se ter uma ideia, o evento deste ano já está com os ingressos esgotados: foram cinco mil deles vendidos em apenas 1h20 com valores entre R$ 400 e R$ 500. Serão 10 horas de festa no dia 3 de agosto em um galpão na Mooca.

É justamente por meio da integração do “ecossistema” da Churrascada, como define Gustavo Reichmann, que a marca deve se fortalecer. “Temos o tema do churrasco com muita força, vindo da cultura brasileira, do encontro das pessoas, das celebrações. Essa força da marca faz a gente acreditar que tem muito a se explorar ao redor do ecossistema do churrasco”, diz.

Além das operações de restaurantes, dos eventos, do catering móvel e do clube de assinaturas, os novos sócios pensam em fortificar o universo da venda de carnes e dos tutoriais e cursos, por exemplo. “Muitas dessas frentes já existem e vamos desenvolvê-las de uma forma mais integrada”, garante.

No final, gostaríamos de ser a referência de tudo o que a pessoa pensa no tema do churrasco. É ser o top of mind, que é ser a primeira coisa que vem na sua cabeça

Gustavo Reichamann, fundador do Heat Group

Sinergia da marca

Evento Churrascada em 2023
Marca nasceu a partir do Festival Churrascada, que reúne amantes do churrasco com “line-up” de chefs famosos, shows e coquetelaria / Divulgação

O valor da aquisição do controle da marca não pôde ser revelado por motivos contratuais, mas parte dos R$ 100 milhões levantados pelos investidores continua reservado para outros potenciais negócios.

Como a Churrascada é o primeiro projeto da holding, a busca de outros investimentos passa pelo filtro da marca “para ver se seriam negócios juntos ou totalmente separados”, como argumenta Gustavo.

No entanto, alguns negócios que se desdobraram a partir da Churrascada não entraram na aquisição. A Churrascada do Mar, por exemplo, aberta em 2022 na Avenida Rebouças e com foco em peixes e frutos do mar, tem uma composição societária diferente do grupo e não foi vendida. Os proprietários deverão mudar o nome da casa em cerca de oito meses.

Já o Rancho Churrascada, fazenda em Espírito Santo do Pinhal (SP) com restaurante, cabanas para locação e experiências rurais, mantém o nome, mas fica fora do escopo da empreitada do Heat Group.

Próximos passos

Enquanto a compra e as novidades se desenrolam, o grupo Churrascada deve faturar R$ 150 milhões neste ano, um crescimento de 20% em relação a 2023, muito devido à “maturação natural da marca”, como aponta Reichmann. Com um tíquete médio alto nos restaurantes, o empresário defende o custo-benefício do cliente.

“Como falamos de experiência, queremos que nosso cliente fique lá. Tem gente que vai no almoço de sábado e fica até o fim do dia, de quatro a cinco horas, escutando música, bebendo, comendo uma boa carne, com as crianças se divertindo e com acesso a açougue e loja de vinho, por exemplo. Ele consome mais porque acaba ficando mais, mas a visão pelo valor do dinheiro que ele está usando é positiva. O benefício é maior do que o custo”, defende o profissional.

Para os próximos anos, inovação é a palavra-chave na boca do empreendedor. “Inovação, de uma forma geral, é que queremos ter muito forte. E isso vem muito do evento, que deu origem à marca”, diz.