Chef Sei Shiroma reabre SUIBI no RJ, inspirado em restaurante da família em NY

Filho de pai japonês e mãe chinesa, chef americano dono do Ferro e Farinha revisita suas origens com sua nova aposta na Cidade Maravilhosa

Do chef Sei Shiroma, SUIBI Japanese Food abriu as portas na Dias Ferreira, no Leblon
Do chef Sei Shiroma, SUIBI Japanese Food abriu as portas na Dias Ferreira, no Leblon Divulgação

Daniela Caravaggido Viagem & Gastronomia

Rio de Janeiro, RJ

Esqueça tatames, mesas baixas e som ambiente com melodias orientais. Esqueça o tradicional e imagine que está em um restaurante japonês típico de Nova York. É com essa proposta que o chef Sei Shiroma abriu o SUIBI Japanese Restaurant em uma das ruas mais badaladas do Rio de Janeiro, a Dias Ferreira, no bairro do Leblon.

O americano que está no Brasil há 10 anos é dono do Ferro e Farinha e tem uma história pra lá de interessante até chegar ao seu sucesso na Cidade Maravilhosa. Filho de pai japonês e mãe chinesa, revisitou suas melhores memórias de infância e decidiu reabrir as portas do restaurante de sua família que funcionou em Nova York, nos Estados Unidos, de 1983 a 2009. Foi lá onde passou a maior parte de sua infância, seja fazendo lições de casa quando voltava da escola ou observando toda a dinâmica do local desde a cozinha à administração.

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Ao som de Hip Hop, um salão com apenas oito mesas internas e outras na calçada, o SUIBI fica no lugar do antigo Stuzzi, famoso bar carioca que Sei Shiroma também era sócio. Com “visão de filho de dono de restaurante” e  “liberdade poética” para criar, o chef destaca que o grande objetivo com sua nova – e ao mesmo tempo antiga – aposta é continuar o legado de seus pais.

A decoração com madeiras ripadas ganha um toque despojado e contemporâneo, levando à mesma fachada e proposta do SUIBI que ficava na Big Apple.

“Passei parte da minha vida no restaurante, fazendo lição de casa, observando como os entregadores preparavam as embalagens de papelão e como o meus pais administravam tudo. Lembro muito da câmara fria, da contagem dos ovos e de todos os setores. Aquilo era muito natural para mim,”, lembra ele, que ajudou os pais a traduzirem o cardápio para o inglês.

“Fiz um pouco de tudo em diferentes tipos de restaurantes, mas me encontrei na cozinha. Era onde os imigrantes recém-chegados do mundo inteiro estavam. Nunca estudei, mas vivi muito a rotina do negócio dos meus pais e já sabia de coisas básicas. Também sempre comi muito bem. Minha programação com meu pai era conhecer e frequentar restaurantes maravilhosos da cidade, então, replicava muitas coisas que conhecia”, conta.

“Aqui no SUIBI fui responsável por toda a criação do menu e treinamentos dos funcionários. Quem melhor do que um filho de pai japonês e mãe chinesa para fazer isso? Não há consultoria que seja melhor do que colocar a mão na massa e por em prática todo o conhecimento que tenho nessa área”, completa.

Sei na frente do SUIBI Japanese Restaurant em Nova York, que ficou aberto de 1983 a 2009 / Arquivo pessoal

O cardápio

O cardápio traz homenagens como duplas de guioza que comia na adolescência com sua mãe e que ganham novos sabores, com recheio de camarão com creme de burrata (R$ 45), porco, atum (R$ 39 – 4 unidades), wagyu (R$ 46 – 4 unidaes), entre outros.

Os comensais encontrarão também pratos clássicos como porções de sushis e sashimis variados, mas as criações do chef são as que não passam despercebidas. É o caso Surf And Turf Tartare, feito com tartare de atum, wagyu grelhado, gochujang, malá, aonori e muito grana padano para finalizar (R$ 52). Ele brinca que trouxe o queijo do Ferro e Farinha, que tem uma de suas unidades bem em frente ao restaurante.

Surf and Turf Tartare
Surf and Turf Tartare / Rafael Mollica

Vale ressaltar também que Sei não deixa de lado sua já conhecida paixão por fogo e forno, utilizando bastante esses recursos em itens do menu, como no Skoked Salmon, um salmão defumado com creme de burrata, cebola roxa, gergelim branco, furikake e hollandaise de shoyu (R$ 34 – 4 unidades ou R$ 58 – 8 unidades).

Já o “Steak Frites”, feito com Wagyu, cebola caramelizada, batata palha, cebolinha e molho de tomate especial (R$ 34 – 4 unidades ou R$ 58 – 8 unidades) é uma criação que visita diretamente a sua infância, quando não gostava de nada cru. Seu pai, então, pedia para o chef da cozinha preparar um bife com fritas para ele, que comia sentado no sushi bar junto com outros molhos do restaurante.

Steak Frites com shari, wagyu grelhado em volta, cebola caramelizada em shoyu e batata frita salgada com aonori / Divulgação

O extenso cardápio conta ainda com outras sugestões de tartares, ostras gratinadas, rolls, ramen, yakisoba – sempre com toques especiais que exaltam sabores e texturas, sejam eles frios, quentes, grelhados, defumados ou crus. O Shoyu está disponível nas mesas, mas seu uso acaba sendo totalmente dispensável.

Combinado Mike, sushis e sashimis
Combinado Mike, sushis e sashimis / Rafael Mollica

Por último, mas não menos importante, a experiência do restaurante japonês típico nova-iorquino não poderia deixar de ter um bar à altura. E ele existe. Os drinques são assinados por Vitoria Kurihara, que traz uma seleção de clássicos e autorais.

O preferido do chef é o “Eminem Highball”, feito com Gin, xarope de Matcha, basílico, limão e soda de melão cantaloupe (R$ 38). O “O que é Zuzu?”, que leva gin, cordial de abacaxi, suco de Yuzu (uma fruta típica do leste da China) e limão (R$ 38) e o “Carta na Manga”, com vodka, licor 43, manga, limão e tônica (R$ 40) também ganham destaque.

O chef costuma sempre estar pelo restaurante. Caso o veja, vale a pena os minutos de conversa. Boas histórias por trás de suas criações e experiências até chegar à Cidade Maravilhosa não faltarão.

Sei Shiroma em frente ao novo SUIBI, que abriu as portas em setembro no Rio de Janeiro em homenagem ao antigo restaurante de seus pais em Nova York / Divulgação

SUIBI Japanese Restaurant: Rua Dias Ferreira, 45 – Leblon, Rio de Janeiro/Horário de funcionamento: terça a quinta, das 18h30 às 00h; sextas e sábados, das 18h30 à 1h; domingo das 13h às 23h.