Chef Sei Shiroma reabre SUIBI no RJ, inspirado em restaurante da família em NY
Filho de pai japonês e mãe chinesa, chef americano dono do Ferro e Farinha revisita suas origens com sua nova aposta na Cidade Maravilhosa
Esqueça tatames, mesas baixas e som ambiente com melodias orientais. Esqueça o tradicional e imagine que está em um restaurante japonês típico de Nova York. É com essa proposta que o chef Sei Shiroma abriu o SUIBI Japanese Restaurant em uma das ruas mais badaladas do Rio de Janeiro, a Dias Ferreira, no bairro do Leblon.
O americano que está no Brasil há 10 anos é dono do Ferro e Farinha e tem uma história pra lá de interessante até chegar ao seu sucesso na Cidade Maravilhosa. Filho de pai japonês e mãe chinesa, revisitou suas melhores memórias de infância e decidiu reabrir as portas do restaurante de sua família que funcionou em Nova York, nos Estados Unidos, de 1983 a 2009. Foi lá onde passou a maior parte de sua infância, seja fazendo lições de casa quando voltava da escola ou observando toda a dinâmica do local desde a cozinha à administração.
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Ao som de Hip Hop, um salão com apenas oito mesas internas e outras na calçada, o SUIBI fica no lugar do antigo Stuzzi, famoso bar carioca que Sei Shiroma também era sócio. Com “visão de filho de dono de restaurante” e “liberdade poética” para criar, o chef destaca que o grande objetivo com sua nova – e ao mesmo tempo antiga – aposta é continuar o legado de seus pais.
A decoração com madeiras ripadas ganha um toque despojado e contemporâneo, levando à mesma fachada e proposta do SUIBI que ficava na Big Apple.
“Passei parte da minha vida no restaurante, fazendo lição de casa, observando como os entregadores preparavam as embalagens de papelão e como o meus pais administravam tudo. Lembro muito da câmara fria, da contagem dos ovos e de todos os setores. Aquilo era muito natural para mim,”, lembra ele, que ajudou os pais a traduzirem o cardápio para o inglês.
“Fiz um pouco de tudo em diferentes tipos de restaurantes, mas me encontrei na cozinha. Era onde os imigrantes recém-chegados do mundo inteiro estavam. Nunca estudei, mas vivi muito a rotina do negócio dos meus pais e já sabia de coisas básicas. Também sempre comi muito bem. Minha programação com meu pai era conhecer e frequentar restaurantes maravilhosos da cidade, então, replicava muitas coisas que conhecia”, conta.
“Aqui no SUIBI fui responsável por toda a criação do menu e treinamentos dos funcionários. Quem melhor do que um filho de pai japonês e mãe chinesa para fazer isso? Não há consultoria que seja melhor do que colocar a mão na massa e por em prática todo o conhecimento que tenho nessa área”, completa.
O cardápio
O cardápio traz homenagens como duplas de guioza que comia na adolescência com sua mãe e que ganham novos sabores, com recheio de camarão com creme de burrata (R$ 45), porco, atum (R$ 39 – 4 unidades), wagyu (R$ 46 – 4 unidaes), entre outros.
Os comensais encontrarão também pratos clássicos como porções de sushis e sashimis variados, mas as criações do chef são as que não passam despercebidas. É o caso Surf And Turf Tartare, feito com tartare de atum, wagyu grelhado, gochujang, malá, aonori e muito grana padano para finalizar (R$ 52). Ele brinca que trouxe o queijo do Ferro e Farinha, que tem uma de suas unidades bem em frente ao restaurante.
Vale ressaltar também que Sei não deixa de lado sua já conhecida paixão por fogo e forno, utilizando bastante esses recursos em itens do menu, como no Skoked Salmon, um salmão defumado com creme de burrata, cebola roxa, gergelim branco, furikake e hollandaise de shoyu (R$ 34 – 4 unidades ou R$ 58 – 8 unidades).
Já o “Steak Frites”, feito com Wagyu, cebola caramelizada, batata palha, cebolinha e molho de tomate especial (R$ 34 – 4 unidades ou R$ 58 – 8 unidades) é uma criação que visita diretamente a sua infância, quando não gostava de nada cru. Seu pai, então, pedia para o chef da cozinha preparar um bife com fritas para ele, que comia sentado no sushi bar junto com outros molhos do restaurante.
O extenso cardápio conta ainda com outras sugestões de tartares, ostras gratinadas, rolls, ramen, yakisoba – sempre com toques especiais que exaltam sabores e texturas, sejam eles frios, quentes, grelhados, defumados ou crus. O Shoyu está disponível nas mesas, mas seu uso acaba sendo totalmente dispensável.
Por último, mas não menos importante, a experiência do restaurante japonês típico nova-iorquino não poderia deixar de ter um bar à altura. E ele existe. Os drinques são assinados por Vitoria Kurihara, que traz uma seleção de clássicos e autorais.
O preferido do chef é o “Eminem Highball”, feito com Gin, xarope de Matcha, basílico, limão e soda de melão cantaloupe (R$ 38). O “O que é Zuzu?”, que leva gin, cordial de abacaxi, suco de Yuzu (uma fruta típica do leste da China) e limão (R$ 38) e o “Carta na Manga”, com vodka, licor 43, manga, limão e tônica (R$ 40) também ganham destaque.
O chef costuma sempre estar pelo restaurante. Caso o veja, vale a pena os minutos de conversa. Boas histórias por trás de suas criações e experiências até chegar à Cidade Maravilhosa não faltarão.
SUIBI Japanese Restaurant: Rua Dias Ferreira, 45 – Leblon, Rio de Janeiro/Horário de funcionamento: terça a quinta, das 18h30 às 00h; sextas e sábados, das 18h30 à 1h; domingo das 13h às 23h.