Cervejaria Stannis homenageia mulheres em rótulos premiados

Com 16 prêmios na competição World Drink Awards, sócios Denis Torizani e Jorge Braier contam como suas mães influenciaram logos

Gabriela Pivado Viagem & Gastronomia

A dupla Denis Torizani e Jorge Braier não imaginava o sucesso que faria quando abriram, em 2011, a Cervejaria Stannis — com 16 prêmios, tornou-se a mais premiada do Brasil na competição internacional e de prestígio World Drink Awards, em 2024. Para completar, a cerveja Goddess Calíope foi eleita a melhor do mundo no estilo Sour & Wild Beer Lambic.

Com sede em Santa Catarina, no sul do Brasil, outras cervejas premiadas da marca levam rótulos femininos, como as Dear Paula e Gold Amelia. A CNN Viagem&Gastronomia conversou com os empresários para entender a ideia por trás dos logos e descobriu que suas mães, Dona Amélia e Dona Natalia, inspiraram o conceito.

“Elas foram nossas maiores incentivadoras, talvez porque, ao ‘roubarmos’ as panelas delas para fazer cerveja, acabaram acompanhando de perto todo o processo. Essa proximidade fez com que elas se convencessem mais facilmente de que o que estávamos fazendo ia além de um simples hobby”, disse Denis.

A maneira como as mulheres eram representadas em propagandas antigas de cerveja, comumente sensualizadas, foi outra inspiração para os rótulos femininos da Stannis.

Observávamos como as grandes cervejarias promoviam seus produtos, associando-os frequentemente a imagens de mulheres em biquínis, vinculando a sensualidade feminina à qualidade da cerveja. Essa abordagem nos incomodava.

Denis Torizani

À CNN Viagem&Gastronomia, Jorge e Denis também contaram como se conheceram — por meio da música — e qual é o segredo do sucesso para tantos prêmios com as cervejas. Além disso, também comentaram como foi o processo até se tornarem reconhecidos pela melhor do mundo, em 2024. Veja abaixo:

sócios jorge e dennis
Os sócios Jorge e Dennis se conheceram através da música antes de abrirem a Cervejaria Stannis • Divulgação/Cervejaria Stannis

CNN: Como vocês se conheceram? Eram amigos de longa data antes de criarem a cervejaria?

DENIS: Sim, já éramos amigos antes de começarmos a cervejaria. Nós nos conhecemos por uma paixão em comum: a música.

O Jorge Braier era integrante de uma banda chamada Aldiaz e eu tinha uma produtora de eventos chamada China Bird Produções. Através desses interesses em comum, acabamos nos conectando e, mais tarde, unimos nossas forças para construirmos juntos a história da Stannis.

Como surgiu a ideia de abrir uma cervejaria? Vocês viram que faltava algo no mercado na época quando fundaram a Stannis?

DENIS: Acho que, nesse início, nunca paramos para fazer análise de cenários, riscos ou um plano de negócios elaborado. Na verdade, não tínhamos muita noção de que o que estávamos fazendo seria nosso maior projeto de vida… Éramos apaixonados pelo que a cerveja nos proporcionava, como arte, gastronomia, história, experiências, amizades.

E como toda paixão é carregada por ingenuidade, nós acreditamos que poderíamos fazer daquilo que gostávamos um negócio, e foi assim que tudo meio começou.

Como foi o processo de criação e adaptação da cerveja até vocês serem reconhecidos como a melhor cerveja do Brasil pelo World Beer Awards? Tiveram que mudar a receita muitas vezes?

JORGE: Foi com muito teste, muito erro e acerto e um rigoroso cuidado na finalização do produto. Todas as cervejas Stannis seguem padrões criados mundialmente, onde cada estilo de cerveja possui uma cor característica, sabor, aroma e álcool.

Crio todas seguindo os guias de estilo como o BJCP (Brewers Judge Certification Program) e BA (Brewers Association), que indicam estes padrões. A Nossa Pilsen mudou pouco desde a criação: alteramos o processo de finalização, adotando um rigoroso controle de qualidade e padrão, fazendo com que cada cerveja que sai do tanque seja a mesma.

4. Qual é o processo essencial na hora de criar uma cerveja? Como vocês garantem que uma cerveja seja de boa qualidade?

JORGE: A primeira coisa que sempre fizemos é pensar: “Qual cerveja gostaríamos de beber?”; a segunda é: “Nosso público vai gostar?”. Depois, pesquiso as características e ingredientes, faço um lote piloto de 50 ou 100 litros e colocamos para vender.

Antes de fabricarmos em escala maior, saímos em busca de como fazer essa cerveja em um preço justo utilizando matéria-prima de excelente qualidade.

cervejaria stannis
Sócios contam processo para produção de cerveja • Divulgação/Cervejaria Stannis

5. Vocês também homenageiam mulheres nos rótulos das cervejas. De onde e como surgiu essa ideia?

DENIS: Quando decidimos deixar nossos empregos formais para seguir o sonho de empreender, não recebemos muito apoio das pessoas ao nosso redor, com exceção de duas mulheres: Dona Amélia e Dona Natalia, nossas mães. Elas foram nossas maiores incentivadoras, talvez porque, ao “roubarmos” as panelas delas para fazer cerveja, acabaram acompanhando de perto todo o processo. Essa proximidade fez com que elas se convencessem mais facilmente de que o que estávamos fazendo ia além de um simples hobby.

Naquela época, mesmo sendo uma empresa de fundo de quintal, já nos considerávamos um concorrente da grande indústria cervejeira. Observávamos como as grandes cervejarias promoviam seus produtos, associando-os frequentemente a imagens de mulheres em biquínis, vinculando a sensualidade feminina à qualidade da cerveja. Essa abordagem nos incomodava.

Decidimos, então, que também iríamos associar nossas cervejas a mulheres, mas de uma forma completamente diferente. Optamos por homenagear aquelas que realmente inspiram e representam valores que consideramos essenciais: bondade, resiliência, verdade e amor. Assim nasceram a Gold Amélia, a Natália Strong, a White Rosie e a Dear Paula, entre outras.

Essas são mulheres incríveis pelas quais temos profunda gratidão. Ter os nomes delas vinculados aos nossos produtos eleva ainda mais o nosso compromisso com a qualidade e o cuidado em tudo o que fazemos, porque sabemos que estamos honrando o legado delas.

6. Quais são os próximos passos da marca? Vocês pretendem expandir ainda mais? Como e para onde?

DENIS: A Stannis começou vendendo as cervejas no próprio pub, e acabou expandindo desde então. Hoje, temos mais de oito bares, entre próprios e franquias. Sempre gostamos desse modelo, pois nos conecta diretamente ao cliente final.

Queremos continuar expandindo via franquias, mas também ampliando nossa distribuição direta da cervejaria para as redes de mercados — e mantendo nossa essência: criar momentos incríveis na vida das pessoas.

Nosso plano de expansão é focado em fortalecer nossa presença em Santa Catarina nos próximos três anos, conquistando mais parceiros que distribuam e revendam Stannis, e atraindo novos franqueados da Stannis Tap.

Queremos crescer de forma sustentável, com um foco claro em nossos valores e propósito.

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