Central comemora título de melhor restaurante do mundo e coloca América Latina no foco

Virgilio Martínez e Pía León, chefs por trás do restaurante em Lima, ressaltaram a diversidade do território peruano e o trabalho em equipe após casa ser coroada a nº1 do mundo

Equipe do Central comemora título de melhor restaurante do mundo no palco da premiação do 50 Best em Valência, na Espanha
Equipe do Central comemora título de melhor restaurante do mundo no palco da premiação do 50 Best em Valência, na Espanha David Holbrook Photograhy

Saulo Tafarelodo Viagem & Gastronomia

Trabalho em equipe, transparência, consistência e perseverança são termos usados pela equipe do restaurante peruano Central para agradecer o título de melhor restaurante do mundo em 2023, distinção revelada nesta terça-feira (20) em cerimônia do ranking do The World’s 50 Best Restaurants.

Esta é a primeira vez que um restaurante da América Latina encabeça a seleção desde o início da lista, em 2002.

“Depois de 21 anos do 50 Best acontecendo, a América Latina está lá. É um resultado das nossas lindas culturas, da América do Sul ao México, da América Central às nossas pessoas, arte, culturas e o trabalho de um incrível time e da minha bela esposa Pía”, disse Virgilio Martínez em coletiva de imprensa logo após receber o prêmio.

Pía León e Virgilio Martínez no palco do The World’s 50 Best Restaurants em Valência / David Holbrook Photography

Virgilio lidera o restaurante limenho ao lado da também chef e esposa Pía León. Ainda no palco da premiação em Valência, na Espanha, ela agradeceu ao trabalho coletivo:

“À toda equipe, obrigado por se juntarem nesta aventura que é o Central, e obrigado Virgilio pela perseverança – vocês são um exemplo único do que significa trabalhar duro para seguir sua trajetória”.

Peru no foco mundial

Há tempos o Peru é um território pujante em se tratando de gastronomia. O cenário, agora, ganha ainda mais relevância – e atenção mundial – com o resultado da premiação.

“Somos gratos com o território, com a América Latina e com a força que somos. Porque foi a vez do Peru levar para casa o número um, mas a partir de agora saibam que a pista está asfaltada e a região encontrou um acesso direto”, escreveu o perfil oficial do Central nas redes sociais após a vitória.

Não se trata de ser o número 1, não se trata de competir ou ser o melhor. Trata-se de fazer o que amamos todos os dias, continuar alcançando nossos belos objetivos e apenas buscar a verdade

Virgilio Martinez

Além do Central, outros três restaurantes peruanos, todos da capital Lima, constam na lista atual dos 50 melhores do mundo. São eles o Maido (6º lugar); o Kjolle (28º) e o Mayta (47º).

Ao todo, 12 restaurantes do ranking são da América Latina, com destaque ainda para A Casa do Porco, restaurante paulistano dos chefs Jefferson e Janaína Rueda (12º lugar); o Don Julio, em Buenos Aires (19º) e o Boragó, em Santiago (29º).

Ainda no palco, Virgilio ressaltou que busca dar consistência e credibilidade à indústria, à América do Sul e ao Peru com o trabalho no Central.

Malena Martínez, irmã do chef, ecoou a mensagem. “Vamos aproveitar este holofote com responsabilidade, porque agora estamos representando algo novo que está acontecendo nesta lista. Mas isso vai definitivamente refletir algo que está acontecendo no mundo”, declarou na coletiva de imprensa após o resultado.

Malena é codiretora da Mater Iniciativa, organização interdisciplinar que é considerada a força motriz do Central e é liderada pela dupla de chefs. A Mater nasceu com o objetivo de pesquisar ingredientes nativos do Peru para incorporá-los ao menu do restaurante. Hoje o projeto vai além e reúne uma rede de antropólogos, botânicos e linguistas que viajam e pesquisam ingredientes indígenas do país.

Toda a minuciosa pesquisa resulta em um menu que é uma verdadeira viagem pelos ecossistemas peruanos. Comensais podem escolher atualmente quatro menus-degustação, os quais podem revelar criações com ingredientes de 12 a 14 ecossistemas ou ainda de 12 a 14 diferentes altitudes do país.

“Temos que ser especiais por sermos uma representação do nosso território, da nossa mega diversidade e da nossa cultura. Então estamos muito orgulhosos em ser parte disso”, arrematou Virgilio após a premiação.