Alê D’Agostino: o nome por trás de balcões badalados, empresário de sucesso e agora apresentador de TV

Descubra quem é Alê D'Agostino, um dos grandes especialistas da coquetelaria brasileira e sócio da APTK Cocktails

Tina Binido Viagem & Gastronomia

Alexandre é um dos fundadores da APTK Cocktails & Co., marca de sucesso de drinques engarrafados, assina a carta de bares como o badalado Guilhotina e do icônico Terraço Itália, ambos em São Paulo, tem mais de 20 anos de história atrás dos balcões, coleciona prêmios, é jurado nos maiores campeonatos de coquetelaria do país e agora estreia na televisão no programa Shaking the Bar, na Sony Channel.

Se ele imaginava que chegaria tão longe com a sua paixão por drinques? Não. Aliás, essa é uma história que tem um início clássico. Era uma vez um menino de 8 anos que adorava a palavra bartender. “Não tenho ideia onde ouvi essa palavra pela primeira vez. Mas a verdade é que eu brincava muito fingindo que era bartender”, ri Alê D’Agostino ao começar contar sua trajetória profissional.

Alê D’Agostino em ação no programa Shaking the Bar, da Sony Channel / Guido Ferreira

Na casa da sua avó tinha um daqueles barzinhos bem estilo anos 80 e ele ficava fissurado vendo o pai abrir aquele móvel que hoje é tão démodé, mas que na época era o sonho de todo mundo ter um pra chamar de seu, e preparar um Campari. “Eu achava aquilo lindo demais”.

O primeiro serviço de bar, inclusive, foi em uma dessas ocasiões: “Estava numa festa de família, meu pai estava tomando uísque e queria mais um pouco. Me ofereci para repor e enchi um copo longo até a borda. Mesmo com esse serviço de bar ruim me tornei bartender”, relembra.

Ele cresceu e continuou apaixonado por esse universo, mas na hora de escolher um curso de faculdade a paixão pelo esporte falou mais alto. Prestou vestibular na Universidade de São Paulo para o Bachalerado em Esportes. Não passou na primeira chamada, nem na segunda.

Certo de que precisava trabalhar, começou no restaurante Spot como garçom e logo pulou para dentro do bar. E aqui cabe uma contextualização dada pelo próprio Alê: “No final dos anos 90, o Spot era o lugar onde todo mundo queria estar. O pessoal do staff eram todos jovens, em sua maioria atores, bonitos e o público que frequentava era gente muito descolada, os formadores de opinião da época”.

Foi lá que D’Agostino se desenvolveu graças ao público que demandava drinques pouco conhecidos aqui, mas que já era hype fora do Brasil. “Eu posso falar que o Spot era uma rede social num momento antes do Instagram, o lugar era frequentado por muita gente interessante, com histórias interessantes”, relembra.

Após passar 10 anos como bartender, no inicio de 2010, ele teve um hiato de alguns meses: foi convidado por um amigo para ser gerente geral de um restaurante que ele diz taxativamente que não deu certo. “Eu sou criativo. Não sei fazer uma planilha e não queria gerenciar nada. Voltei pro meu balcão no Spot onde eu tinha liberdade para criar e fazer o que eu queria. Eu sou uma pessoa muito ligada a atendimento e treinamento. Eu adoro conversar, adoro atender. Sou zero administrador”.

Do balcão para os engarrafados. Ops, não. Outro balcão

Mas em 2015, já maduro, Alê percebeu que precisava dar um rumo na sua carreira e sair do conforto do balcão do Spot. Sabia que queria sim continuar com bebidas, que era uma pessoa mais de desenvolvimento e hospitalidade. Foi quando observou um mercado que crescia lá fora: o dos drinques engarrafados. Saiu do Spot – em definitivo – se juntou com alguns amigos para poder amadurecer esse negócio. Foi então que nasceu o Apothek. “Tudo começou de verdade como uma brincadeira: eu fazia os drinques, desenhava os rótulos e vendia. O meu primeiro foi um Manhattan que dei de presente para uma amiga”, relembra. Sim, ele desenhava os próprios rótulos. “Não é que eu desenho bem, são os outros que não sabem desenhar nada”. E os desenhos de Alê ficaram famosos tanto quanto a ligação dele com Dry Martini, drinque ao qual é a grande referência brasileira.

“No Spot vendíamos drinques também via delivery, meio mambembe. Para ficar um pouco melhor a apresentação eu desenhava drys martinis nos copos de isopor. E as pessoas postavam. E sim, é um dos meus drinques preferidos ao lado de manhattan, old fashioned e negroni!”.

Copo desenhado por Alê D'Agostino
Copo de drinque enviado por delivery no Spot desenhado pelo próprio Alê D’Agostino / Acervo pessoal Alê D’Agostino

Como era de se esperar, a pressão para que ele tivesse o próprio bar veio. Ele cedeu, mas com uma condição: o bar ia abrir só o dia da semana que ele quisesse, com a música de sua escolha, com o menu que ele ia decidir sozinho. Em 2016 então abria oficialmente o bar Apothek de apenas 17 m² que comportava 7 pessoas, e abria só às quintas-feiras. Depois também às sextas. E no fim, às segundas e aos sábados. “Era uma sala de estar. Onde eu servia o que eu queria para os convidados. Era um bar de rua e foi onde eu pude me provar. Ganhei prêmios, democratizei os drinques e era uma época que nascia bares que até hoje são referências como Guarita, Guilhotina, Frank, Astor. Foi muito interessante como experiência, mas ele acabou tomando mais tempo do que deveria e os drinques engarrafados ficaram de lado”, conta.

E foi nessa época que tomou uma decisão importante: era hora de fechar o bar. “Precisávamos ganhar dinheiro. Um bar com sete lugares não é rentável. Então decidimos, de forma super racional, fechar o bar, estudar regulatórios e buscar um galpão para iniciar mesmo uma indústria de bebidas. Conseguimos a homologação em 2021, mudamos o nome de Apothek para APTK, para desvincular do bar e assim nos jogamos para o mercado de engarrafados”, conta.

Além dos engarrafados

Uma busca rápida no Google e o nome de Alê desponta. Ele cuidou da renovação da carta do Terraço Itália, também dá consultoria no bar do hotel Sandi em Paraty e agora assumiu o Guilhotina Bar – e dá spoiler: vai ter uma seção apenas de Martinis. “Confesso que o Guilhotina é um super desafio para mim. Não esperava finalizar 2023 com isso no currículo. Passaram pessoas muito relevantes ali e agora a minha missão é levar a minha assinatura para lá, entender como é estar em um bar com uma rotatividade tão grande e, claro, criar que é algo que eu mais gosto de fazer na vida”, completa.

Cheio de estilo – não é difícil vê-lo dirigindo pela cidade no seu Alfa Romeo, ano 73, vermelho. Ou até fazendo publicidade de marcas de relógios, roupas e lifestyle. Estilo que transpassa para os amantes da coquetelaria.

O Alê tem uma coisa que considero rara na coquetelaria. Tudo o que ele faz tem equilíbrio e elegância. Nada passa do ponto – e isso vai desde a hospitalidade no atendimento até o resultado no copo. Me sinto um bon-vivant, no bom sentindo, quando estou com um drinque do Alê nas mãos.

Gilberto Amendola, jornalista do jornal O Estado de São Paulo e um dos maiores jornalistas quando o assunto é coquetelaria, do Brasil

 

Alê defende que os bares e bartenders precisam lembrar que a pessoa que vai tomar um drinque quer se divertir, antes de tudo. “Acho chatíssimo quando você vai num bar, escolhe um coquetel e o cara fica horas ali te contando sobre ele, querendo te catequizar o tempo todo. É só um drinque. Você precisa acolher a pessoa, mostrar que ela pode tomar o que quiser, sem muita frescura”, diz.

O Alfa Romeo vermelho do Alê D'Agostino
O Alfa Romeo vermelho do bartender Alê D’Agostino / Acervo pessoal

Esse e outros ensinamentos Alê D’Agostino, ao lado da bartender Michelly Rossi, do Bar dos Arcos, e Facundo Guerra, empresário da noite paulistana, pretende levar ao programa Shaking the Bar, o primeiro reality brasileiro de coquetelaria, que estreia na Sony Channel hoje (10). 

“Foi muito legal. Bebi muito, e muito bem. O programa na verdade é também sobre empreendedorismo. Muita gente tem o sonho de abrir um bar, mas é preciso saber se você tem essa veia empreendedora, fazer planilha, avaliar o negócio como todo, ter ideia de conceito e muito  mais”. Agora é preparar o drinque e assistir os ensinamentos de Alê e seus colegas.

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