Vinhos e petiscos de boteco: saiba quais as melhores combinações

A dica de harmonização é se atentar aos métodos de cocção e à predominância de ingredientes dos quitutes; confira sugestões

Vinho branco também cai bem com quitutes de boteco, como bolinho de camarão e dadinho de tapioca
Vinho branco também cai bem com quitutes de boteco, como bolinho de camarão e dadinho de tapioca Unsplash

Stêvão Limanada CNN

Tradicionalmente, petiscos de boteco como coxinha, croquete, pastel ou bolinho frito são acompanhados por uma cervejinha, não é mesmo? Porém, engana-se quem acha que esta é a única opção de bebida com potencial de harmonização. Os vinhos também podem ser boas companhias durante o seu happy hour.

A dica principal para tentar combinar as iguarias típicas brasileiras com vinhos é se atentar a dois fatores: métodos de cocção e predominância de ingredientes.

Para petiscos que são fritos por imersão, a untuosidade da gordura vai ser predominante no momento da mastigação, por isso é necessário escolher vinhos com alta acidez, como é o caso dos espumantes com baixo teor de açúcar (brut, extra-brut ou nature) ou brancos intensos.

Se o cardápio oferecer grelhados ou assados, até dá para arriscar um vinho tinto dependendo da proteína e dos molhos que serão servidos como acompanhamento.

Confira abaixo alguns dos petiscos mais populares do país e as respectivas sugestões de harmonização: 

  • Coxinha de frango

Coxinha de frango
Coxinha é um dos petiscos mais amados pelos brasileiros e cai bem com espumantes mais secos / Pixabay

A coxinha de frango é um dos mais tradicionais petiscos de boteco brasileiro. Geralmente, além da proteína, ela também é recheada com catupiry ou queijo cheddar. Portanto, além da massa frita, há o incremento da gordura dos queijos que fica evidente na boca.

Então, a melhor opção nestes casos é um espumante que tenha longo tempo de autólise e que seja o “mais seco” possível para poder limpar o paladar durante a mastigação. Prefira espumantes extra-brut ou nature, mas que sejam feitos pelo método tradicional (champenoise).

  • Espetinho de carne com farofa

Na hora de compartilhar bons momentos com os amigos, os bares costumam ter aquele “espetinho de carne especial” para quem quer beliscar e bebericar. Neste caso, os espetinhos, costumeiramente, são feitos a partir de carnes mais magras, como coxão mole, alcatra ou patinho. Então, você até pode arriscar um vinho tinto, mas o recomendado é que seja um de baixa intensidade. Nada de Malbec ou Cabernet Sauvignon, já que estas castas são indicadas para churrascos completos.

A melhor dica fica para um Tempranillo, de preferência espanhol, ou um Syrah do novo mundo sem a passagem por barrica de carvalho. Como você estará bebendo, comendo e conversando, o vinho deve ser fácil de beber, ou seja, não deve exigir decantação ou tempo de descanso na taça. Precisa ter aquele gostinho de “quero mais”, simples e gostoso.

  • Bolinho de camarão

Não dá para fugir da fritura, não é mesmo? O bolinho de camarão é um clássico e, além de estar no cardápio dos botecos, também faz parte das entradas de grandes restaurantes. Diferente dos outros petiscos, o camarão, por ser uma carne mais “magra”, contrasta com a massa e exige um vinho refrescante.

Aqui podemos deixar duas opções: um vinho branco como Sauvignon Blanc ou um Riesling itálico. Ambos possuem elevada acidez. Pelo prato ser consumido muito na beira da piscina ou do mar, rosés mais frutados podem tornar experiência incrível. Há também quem queira arriscar um Pinot Noir europeu jovem, mas é uma aposta menos certeira que as demais sugestões.

  • Dadinho de tapioca com geleia de pimenta

dadinhos tapioca mocoto
Dadinhos de tapioca conquistaram paladar brasileiro; na foto, exemplar do Mocotó, em SP / Ricardo D’Angelo

O dadinho de tapioca tem se tornado um dos petiscos mais queridinhos dos frequentadores de boteco. Aqui é preciso destacar, como mencionamos no início do texto, o método de cocção (fritura) e o molho que acompanha.

Pela geleia ser apimentada, a escolha do vinho deve contrastar com a intensidade deste sabor na boca. A melhor opção fica para brancos aromáticos como os alemães Riesling e Gewurztraminer. As duas variedades foram escolhidas por serem de baixo corpo e, acima de tudo, baixo teor alcoólico, para contrapor aquela sensação de “quentura” na garganta.

  • Croquete de carne moída

O croquete de carne moída possui um sabor marcante e uma persistência no paladar. Ao mastigar, existe a predominância da proteína animal. Desta forma, vale apostar em um vinho italiano que possua, mais uma vez, um grau a mais de acidez.

Nada de tintos encorpados ou com taninos muito presentes: a harmonização será perfeita ao escolher rótulos italianos como Sangiovese (Chianti) ou um português Touriga Nacional. Além disso, como estamos falando de petiscos brasileiros, uma outra variedade que vai cair muito bem é o Cabernet Franc plantado no Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul.

*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.

Sobre Stêvão Limana

O jornalista Stêvão Limana com taça de vinho na mão
O jornalista Stêvão Limana / Divulgação

Stêvão Limana é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pós-graduado em enologia e postulante a sommelier profissional. Na televisão fala sobre política e eleições, na internet sobre vinhos e gastronomia.