Dia do Garçom: conheça a história de cinco profissionais de SP

Moisés está há 34 anos no La Casserole e Gomes completa 21 no Ici Bistrô em 2022 - o que não faltam são histórias boas para contar

Thayana Nunesda CNN

Para se ter um bom restaurante, sem dúvida, olhar para o atendimento é essencial. É por meio dele, não apenas pelo chef estrelado ou a ótima carta de vinhos, que faz com que as pessoas voltem – e muitas vezes, se tornem clientes assíduos.

Não é à toa que os garçons ganharam um dia só para eles, o dia 11 de agosto. Nesta quinta-feira, CNN Viagem & Gastronomia resolveu fazer uma homenagem ao Dia do Garçom com essa pequena amostra de profissionais de São Paulo que, com sua simpatia, sempre estão dispostos a oferecer a melhor experiência aos comensais.

Moisés, do La Casserole

Moisés, do La Casserola, prepara um steak tartare como ninguém/ Divulgação

O centro da cidade, em São Paulo, bem ali no Largo do Arouche, uma pérola da gastronomia paulistana tem o prazer de contar com os serviços de Moisés de Souza Lima. Há 34 anos, esse pernambucano se dedica à atender aos comensais do tradicional La Casserole.

Até o prato chegar à mesa, o caminho é longo, e Moisés conhece cada um deles. Em 1988, começou lavando louça, passou para ajudante do chef e ficou na cozinha por 5 anos. Mas por conta de seu carisma e gentileza, foi convidado para ir ao salão em 1993, de onde não saiu mais.

De todas as histórias boas que vivenciou, uma ele não tem dúvida: “Trabalhar no La Casserole me ensinou a comer bem, apurou meu paladar”, conta. Já o prato que mais gosta de preparar e comer é o steak tartare, que aprendeu a fazer com a fundadora Dona Touna (apelido carinhoso de Fortunée Henry). “Lembro que a primeira vez que preparei a receita, deixei o prato verde de tanta mostarda que coloquei”, ri. Atualmente, é um dos garçons que dá show aos clientes, temperando o prato com maestria no salão.

Gomes, do Ici Bistrô

Gomes trabalha há 21 anos no Ici Bistrô/ Divulgação

A primeira pessoa que vem conversar com você assim que sentamos à mesa no Ici Bistrô, em Higienópolis, é o maître Valdeci Gomes. E pode ser um estreante no restaurante ou um frequentador assíduo da casa do chef Benny Novak, não importa: parece que você o conhece há anos.

Tudo porque Gomes tem a habilidade de fazer todo mundo se sentir em casa. De repente, estamos ali contando causos da família e discutindo as notícias do dia. Afinal, são 21 anos trabalhando pelos salões desse pequeno – mas gigante – restaurante e, hoje, ajudando a harmonizar os pratos com os melhores vinhos.

São tantas histórias para contar… Mas a mais divertida, segundo ele, foi sem dúvida quando recebeu dois casais para um jantar, e, quando foi levá-los à mesa, “um sentou com a mulher de um e outro sentou com a mulher do outro”, lembra rindo.

Quem o conhece também sente o maior orgulho do projeto social voltado ao esporte que ele lançou há 11 anos, no Capão Redondo: o Talentos do Capão. Uma iniciativa que começou com 12 crianças e agora atende 150. “Foi uma brincadeira, por causa do meu filho que tinha problema de respiração e precisava fazer natação para melhorar. Hoje, ele virou piloto de avião. Para você ver como a história pode mudar.”

Pacheco, do Pé de Manga

Pacheco, do Pé de Manga: vida corrida mas com sorriso no rosto, sempre/ Divulgação

Quem frequenta o Pé de Manga, na Vila Madalena, já sabe o que vai encontrar.  Se for um sábado, terá um pouco de ar fresco e muito verde no meio da metrópole paulistana, com direito à cardápio repleto de petiscos saborosos para um drinque refrescante, e também o Fredson Pacheco, garçom que há 14 anos está lá, recebendo a todos com atenção e cuidado.

Sempre bem-humorado, Pacheco, claro, às vezes precisa ter muita paciência quando chegam clientes estressados, que “maltratam seus colegas e no fim não pagam os 10%”. Mas precisa ter jogo de cintura, né? Quem nunca passou nervoso no trabalho?

O jeito é colecionar memórias e levar a vida mais leve. Pacheco conta que “um dia de sábado ensolarado”, um cliente se serviu no bufê de feijoada e, na volta, distraído e conversando, escorregou e caiu no lago que fica na área externa do Pé de Manga.

“Todo o prato caiu sobre ele. Corremos para ajudá-lo, mas no fim todo mundo riu muito e ele fez questão de continuar no restaurante.” E volta sempre, claro.

Santana, do Die Meister Stube

Evaldo Santana trabalha há 20 anos no Die Meister Stube/ Divulgação

Mesas fartas e público cativo fazem do dia a dia do Evaldo Santana uma correria. Lá se vão 20 anos de trabalho como garçom no restaurante alemão Die Meister Stube, no bairro do Campo Belo, e ele só tem coisas boas para contar.

É um comunicador nato, daqueles que adoram interagir com os clientes e que estão sempre abertos para escutar suas histórias. Só tem coisa boa para falar profissão – mas como todo ser humano, confessa que gostaria de ter os fins de semana só para ele e a família.

De todas as histórias que passou nessas duas décadas no restaurante, ri até hoje ao lembrar da animação de toda a casa, com os garçons juntos, cantando em alto e bom tom, “parabéns a você” – quem nunca passou isso? Evaldo levava o bolo em suas mãos e chegou, todo animado… à mesa errada. “Culpa da minha patroa que se confundiu. Até hoje ela relembra essa história e morre de dar risada.”

Gildo, do Freddy

Gildo se sente parte da família do Freddy/ Arquivo Pessoal

A foto do WhatsApp do Gildo já entrega que ele conheceu muita gente importante. No clique, ele aparece ao lado de Pelé, com o maior sorriso no rosto e um forte aperto de mão. Hermenegildo Irineu Oliveira tem 62 anos e 34 deles foram dedicados aos clientes do restaurante Freddy.

Nos salões dessa casa francesa, inaugurada em 1965, circulam de políticos a desembargadores e personalidades, todos em busca de tradição – do boeuf bourguignon ao foie de veau. E é com Gildo, que começou como operador de caixa e agora atende como o grande maître e sommelier, que todos querem conversar.

“É uma profissão que depende de você para dar certo. Tem suas dificuldades, claro, como os horários meio malucos, mas o mais prazeroso é a convivência com o público. Eu gosto muito de fazer o que faço”, diz Gildo. “Me sinto parte de uma família aqui.”

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