Os EUA de Lana Del Rey: Flórida, Nova York e Califórnia estão nas letras da cantora

De Miami a Los Angeles, confira um miniguia com as principais localidades do país norte-americano contidas na discografia da artista

Lana Del Rey canta em São Paulo neste sábado (3)
Lana Del Rey canta em São Paulo neste sábado (3) Reprodução/Facebook

Saulo Tafarelodo Viagem & Gastronomia

Principal nome do festival Mita, com edições no Rio e em São Paulo, a cantora norte-americana Lana Del Rey nutre uma paixão pelos Estados Unidos que é expressa explicitamente nas letras de suas canções.

Lana, que cantou com fãs no aeroporto do Galeão, aproveitou a praia de Ipanema e ainda visitou o Cristo Redentor, tem uma extensa discografia que abrange músicas com referências à várias cidades e locais de seu país natal, principalmente no estado da Califórnia.

“Meu corpo é um mapa de Los Angeles”, canta a artista em “Arcadia”, canção do álbum “Blue Banisters” (2021) que carrega outras tantas referências aos Estados Unidos e à cultura estadunidense.

Nova York, Flórida e outros destinos da “terra do Tio Sam” são locais referenciados muitas vezes junto de um sentimento de ser americano, comum nas letras de Del Rey – ela tem até uma música chamada “American”, em que também menciona ícones do país, como Elvis e Bruce Springsteen.

A seguir, confira uma breve viagem – não definitiva – pelos Estados Unidos de acordo com as referências de estados, cidades e locais específicos presentes nas músicas da cantora:

Flórida

Destino queridinho dos brasileiros, o “estado do sol” tem lugar garantido nas canções de Del Rey. Em “Florida Kilos”, canção de “Ultraviolence” (2014), ela diz: “Venha para Flórida / Eu tenho algo para você / podíamos ver os ‘kilos’ ou Keys”.

Mesmo falando sobre uma relação permeada por drogas, Keys se refere à região de Florida Keys, arquipélago de ilhas tropicais com mar azul celestial no sul do estado que conta com praias de areia fina e pôr do sol magnífico. Key West é a cidade mais ao extremo sul do estado e fica a 145 km de Cuba.

Miami também aparece na letra da mesma canção e em outra música, “Salvatore”, do álbum “Honeymoon” (2015). Plural, agitada, praiana e contemporânea, a cidade de 450 mil habitantes é muitas vezes a porta de entrada para brasileiros nos Estados Unidos e une uma cena gastronômica premiada a uma interessante transformação artística.

Outra cidade adorada pelos brasileiros é Orlando, lar de parques temáticos que recebeu 74 milhões de turistas em 2022. Em “White Dress”, do álbum “Chemtrails Over The Country Club” (2021), o nome da cidade aparece entre reflexões sobre uma vida mais simples antes da fama e o desabafo de desilusão com a indústria da música.

Nova York

Referências diretas à Big Apple e endereços nas redondezas da cidade mais populosa dos Estados Unidos são facilmente encontradas e entoadas nas canções de Del Rey. A cantora, inclusive, nasceu em Manhattan.

A saudade de Nova York, a revelação de que ela saiu da cidade há anos e o desejo de voltar à metrópole são cantadas em “Ultraviolence”, “The Greatest”, “How to disappear” e em “Diet Mountain Dew”. Em “Old Money” ela se refere como a “Rainha da Cidade de Nova York”.

Já “Brooklyn Baby”, canção de 2014, faz referência direta ao distrito nova-iorquino, em que a artista canta sobre uma jovem que se gaba de seu namorado descolado e músico.

A cerca de uma hora de trem de Manhattan fica Coney Island, península com calçadão, parque de diversões, lanchonetes e praia que aparece nas letras de “Off to the Races” e “Carmen”, ambas do álbum “Born to Die” (2012).

Coney Island é cenário inclusive de filmes notórios, como “Roda Gigante” (2017), de Woody Allen, e “Os Bons Companheiros” (1990), de Martin Scorsese.

Em “Off to the Races” há a referência também a Rikers Island, ilha no East River, no Bronx, que abriga a maior prisão de Nova York. Aberta em 1932, a unidade é notícia constante com relação a abuso das autoridades e chamada até de “prisão dos horrores”.

Hamptons, balneário de luxo a pouca distância de Manhattan frequentemente explorado na cultura popular, tem menção direta em “National Anthem”, canção que fala sobre a vida da elite e os desejos materiais que acompanham esta camada da sociedade americana.

Recentemente, o local foi cenário para a segunda temporada de “Succession”, em que filmagens ocorreram em uma casa avaliada em US$ 105 milhões (mais de R$ 520 milhões).

Em “Looking for America”, Del Rey canta sobre o sonho de uma situação melhor nos Estados Unidos, já que a música foi lançada em meio a onda de tiroteios em massa no país.

Ela canta que pegou um voo para Nova York, que sentiu falta da linha do rio Hudson e que tomou um trem até Lake Placid, vila no parque Adirondack, no norte do estado de Nova York, local rodeado por montanhas, lago e recheado de atividades ao ar livre – também cenário para “Succession”.

Califórnia

Sem dúvidas, a Califórnia é a região com mais menções nas letras de Lana Del Rey. O uso de referências californianas pela artista tem sido uma constante nas composições por mais de uma década, desde o antigo glamour de Hollywood no álbum “Born to Die” (2012) até as alusões a Venice Beach em “Norman Fucking Rockwell” (2019).

Lana já cantava “Baby, se você quiser partir / Venha para a Califórnia, seja uma aberração como eu também” em “Freak”, canção em que convida a pessoa amada para uma dança lenta e um amor ao estilo californiano.

Recentemente, em março deste ano, a cantora lançou seu nono disco, batizado de “Did you know that there’s a tunnel under Ocean Blvd”, com uma canção de mesmo nome. Há, de fato, um túnel sob a Ocean Boulevard em Long Beach, cidade à beira-mar na região metropolitana de Los Angeles com mais de 450 mil habitantes.

Segundo a biblioteca pública da cidade, o túnel foi aberto em 1928 como uma passagem de pedestres para a praia e foi fechado em 1967. Na música, Lana se compara ao túnel e se pergunta de forma melancólica quando sua “beleza artesanal” será “selada por duas paredes feitas pelo homem”, em que descreve os tetos em mosaico e azulejos pintados na parede do local.

Esta não é a única vez que Long Beach é citada em sua discografia: em “The Greatest”, além de Nova York, Lana cita que sente saudade da cidade e de seu amor. A música faz parte do álbum “Norman Fucking Rockwell” (2019), um dos discos da cantora que mais se refere à Califórnia.

Na música homônima do álbum, Lana cita Laurel Canyon, área em Hollywood Hills, em Los Angeles, que liga West Hollywood e o Vale de São Fernando.

Outra música é “Mariners Apartment Complex”, que faz referência a blocos de apartamentos – chamados na vida real de Mariners Village Apartments Homes – que fica logo em frente à Marina Del Rey, comunidade californiana próxima de Venice, distrito pertencente à Los Angeles.

Venice também não fica de fora das letras: em “Venice Bitch”, a cantora faz um trocadilho com o nome da praia, Venice Beach, ao entoar “Oh Deus, sinto sua falta nos meus lábios / Sou eu, sua pequena vadia de Venice”.

A rodovia Interestadual 405 (I-405) corta Los Angeles e é tida como uma das mais movimentadas e congestionadas do país, em que Lana a cita em “The Next Best American Record”. A mesma letra fala sobre Topanga, comunidade entre as montanhas de Santa Mônica, e de Malibu, cidade praiana amplamente conhecida pelas mansões de celebridades e restaurantes badalados, como o Nobu Malibu, que faz filas de paparazzi.

O nome da Pacific Highway Coast, outra rodovia californiana, é cantada em “Bartender”. A estrada remonta à década de 1930 e hoje possui mais de 900 km de extensão rodeada por paisagens acidentadas do litoral da Califórnia.

Los Angeles, a Cidade dos Anjos, é também constantemente mencionada. Ela “sobe no H do letreiro de Hollywood” em “Lust for Life”; diz que Larchmont Village, pequeno bairro na região de central, cheira a lírios do vale em “Violets for Roses”; e toma pílulas roxas no alto de Hollywood Hills, bairro nobre da cidade onde se encontra o famoso letreiro.

Várias vias emblemáticas de Los Angeles ganham fôlego em suas canções. É o caso de Sunset Boulevard, presente em “Wild at Heart”, via que capta a essência da cidade ao passar por mansões em Beverly Hills e Bel Air e seguir em direção até algumas praias.

Na mesma via, na altura de West Hollywood, fica o lendário Chateau Marmont, notório hotel de 1927 cheio de histórias e escândalos de Hollywood que é parte da canção “Off to the Races”. É um símbolo da decadência de luxo da cidade e do mundo do cinema, em que serviu ao longo das décadas como refúgio, brigas e até palco para mortes de pessoas famosas.

Já em “Honeymoon”, que carrega o nome do álbum homônimo, Wilshire Boulevard e Pico Boulevard são citadas. Estendendo-se por quase 26 quilômetros, a primeira vai do centro de Los Angeles até a Ocean Avenue em Santa Monica, sendo referida como um caleidoscópio da cultura californiana.

Por sua vez, a segunda via também vai da zona central de L.A até Santa Monica e é uma importante artéria entre as cidades cheia de comércios diversos.

Por fim, em “Old Money”, Lana cita o cruzamento entre a Sunset Boulevard e a Vine Street, mais uma vez importantes vias de circulação no coração de Los Angeles. Hollywood e Vine, cruzamento da Hollywood Boulevard com a Vine Street, é cantado em “Happiness is a Butterfly”, em que se refere ao local antes conhecido por concentrar negócios voltados ao rádio e ao cinema.

Refúgio de casarões avaliados em milhões de dólares e constantemente alvo de séries e filmes, o bairro de Bel Air não escapou das canções: além de estar presente na letra de “Young and Beautiful”, há uma música com o nome do local, “Bel Air”, do álbum “Born to Die – Paradise Edition” (2012).

Outros locais ao longo da Califórnia são citados nas músicas: “Looking for America” menciona São Francisco e Fresno, duas grandes cidades do estado; Santa Mônica, cidade costeira conhecida pelas vistas para o Pacífico e o Píer de Santa Mônica, aparece em “Burning Desire”.

No subúrbio de Oakland, a cidade de Brentwood, de pouco mais de 60 mil habitantes, tem atmosfera familiar e vários parques, em que é diretamente citada na canção “Textbook”.

As cidades de Berkeley, Calabasas, Ventura, Santa Clarita, San Gabriel e Sierra Madre são outros destinos da Califórnia citados ao longo da discografia de Del Rey, assim como a Skid Row, área de Los Angeles com uma das maiores concentrações de sem-teto dos EUA.

Las Vegas, Detroit e outros endereços

A “Cidade do Pecado” também não fica de fora: novamente em “Off to the Races”, Lana canta sobre ter um passado em Las Vegas; já em “Guns and Roses” ela canta “Deveríamos ter deixado Las Vegas / E então recomeçaríamos de novo / Levar sua moto de volta a Detroit / De volta à terra prometida”, em que, de quebra, cita Detroit, cidade mais populosa do estado de Michigan, no centro-oeste dos EUA.

Em “Not All Who Wander Are Lost”, a artista se refere diretamente à Lincoln, capital do estado de Nebraska, cidade de quase 300 mil habitantes que foi batizada em homenagem ao ex-presidente Abraham Lincoln e possui 125 parques, a Universidade de Nebraska e vários museus.