De Veneza a deserto em Abu Dhabi: os cenários de “Missão Impossível – Acerto de Contas”

De volta às telonas como o agente Ethan Hunt, novo longa também mostra Tom Cruise em salto vertiginoso em montanha na Noruega e uma luta em uma das ferrovias mais bonitas da Europa

Tom Cruise como Ethan Hunt pelas ruas de Roma em "Missão Impossível - Acerto de Contas Parte 1"
Tom Cruise como Ethan Hunt pelas ruas de Roma em "Missão Impossível - Acerto de Contas Parte 1" Christian Black

Saulo Tafarelodo Viagem & Gastronomia

Pela sétima vez, Tom Cruise veste a camisa do personagem Ethan Hunt e estrela o mais novo filme da franquia “Missão Impossível”, que chega aos cinemas no dia 12 de julho. Se você acompanha a saga desde 1996, já sabe o que esperar: muita ação, perseguições insanas e cenários surpreendentes ao redor do mundo.

Em “Missão Impossível – Acerto de Contas Parte 1”, o protagonista e seu time rastreiam uma nova arma poderosa antes que ela caia nas mãos erradas e ameace toda a humanidade.

Para tanto, cenas foram rodadas em áreas montanhosas da Noruega em sequências de cair o queixo sem dublês, nas areias do deserto de Abu Dhabi, ao lado dos icônicos canais de Veneza e pelas ruas históricas de Roma.

O diretor Christopher McQuarrie aposta que as locações moldam a narrativa, em que escreve as cenas em torno delas. “Onde estamos filmando informa como filmamos. A localização dita a ação”, afirma o diretor nas notas da produção fornecidas à CNN Viagem & Gastronomia.

A seguir, confira onde “Missão Impossível – Acerto de Contas Parte 1” foi filmado:

 

Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos

Tom Cruise no deserto de Rub’ al Khali em “Missão Impossível – Acerto de Contas Parte 1” / Christian Black

A combinação entre uma cidade supertecnológica e paisagens desérticas ofereceu à produção do filme uma oportunidade ímpar nas filmagens em Abu Dhabi. Cenas de perseguição foram rodadas no Midfield Terminal, inédito terminal de passageiros no aeroporto internacional da capital dos Emirados Árabes Unidos.

A construção faz parte de um programa de expansão multibilionário e deve ter capacidade anual de movimentação de mais de 45 milhões de pessoas. Construído de forma assimétrica para refletir as dunas de areia do entorno, o terminal ainda não foi aberto e as construções estavam ocorrendo enquanto a equipe filmava no local em 2021.

“Uma das coisas difíceis de filmar em aeroportos é que, obviamente, é um ambiente extremamente seguro. E a vantagem de filmar em um aeroporto que não foi aberto é que não tivemos que lidar com as limitações de onde você pode ou não filmar…”, disse o diretor Christopher McQuarrie.

As areias em volta da cidade também foram palco para ação. Foram 12 dias de filmagem no deserto, mais especificamente na área de Liwa, no deserto de Rub’ al Khali, que cobre 650 mil km² e ocupa o sudeste da Arábia Saudita, com porções menores no Iêmen, Omã e nos Emirados Árabes Unidos.

Dunas ondulantes podem ser vistas no longa e uma espécie de cidade mineradora abandonada foi erguida para o filme em cinco semanas. Este é o cenário em que Ethan Hunt cruza o deserto a cavalo e encontra Ilsa Faust (Rebecca Ferguson).

Com o deserto de pano de fundo, o público pode esperar cenas de tempestade de areia e ainda sequências com helicópteros de ataque de alta velocidade cedidos pelo Departamento de Defesa dos EUA especialmente a Tom Cruise.

Roma e Veneza, Itália

Com suas ruas de paralelepípedo e construções históricas por todos os cantos, Roma foi uma das locações mais desafiadoras para a produção. Pela primeira vez, a Via dei Fori Imperiali, uma das mais importantes artérias da cidade, e outras ruas ao redor foram fechadas especialmente para as filmagens durante dois dias.

As gravações na Cidade Eterna ocorreram em outubro de 2020 e contemplam uma perseguição de carro e de moto, que ocorre após um tiroteio na área dos fóruns imperiais, série de praças erguidas entre 46 a.C e 113 d.C.

O imponente Coliseu pode ser visto aos fundos de algumas cenas e as escadarias da Piazza di Spagna, que levam até a igreja Trinità dei Monti, do século 16, também foram usadas em sequências de perseguição.

Após nove dias de gravação na capital italiana, a equipe partiu para Veneza. As filmagens não foram feitas nas águas, mas sim em construções históricas, já que o diretor e a produção decidiram se concentrar na arquitetura gótica da cidade.

As cenas foram rodadas no inverno sem sinal de turistas em razão da pandemia de Covid-19, o que fez com que a cidade ganhasse um tom misterioso. Perseguições a pé dão lugar às cenas com veículos, já que não é permitido entrar com carros na cidade. Segundo o diretor, Veneza se assemelha a um labirinto, característica explorada no longa.

Enquanto Roma foi usada para cenas de dia, Veneza teve gravações à noite – o desafio foi fazer isso sem que a cidade se parecesse com um cenário montado. Um dos locais que aparecem no longa é o Palazzo Ducale, um dos símbolos da cidade que representava o poderio político do império mercante e obra-prima do gótico veneziano.

Construído entre os séculos 13 e 14, serviu para uma festa de gala no filme. Fora das telas, o palazzo é como um museu, em que recebe exposições e abre ao público seus suntuosos salões recheados de obras, como “Paradiso”, do veneziano Tintoretto.

A torre da icônica Basílica de São Marcos também faz uma ponta, assim como há uma cena no pôr do sol no telhado do Gritti Palace, que data de 1495 e hoje funciona como hotel cinco estrelas – as vistas compreendem o Grande Canal e o horizonte de Veneza.

A perseguição a pé tem seu clímax na Ponte Minich, que liga a Calle Trevisan com a Calle Bressana. Curiosidade: ao todo, 55 eletricistas trabalharam dia e noite para mover os equipamentos das filmagens com ajuda de cerca de 20 pequenas barcaças.

Noruega

Exuberantes cenários a oeste da Noruega foram usados no novo filme para fazer as vezes dos Alpes Austríacos nas telonas. As paisagens do outono foram ideais para as gravações, que envolveram cenas em um trem e também um salto de moto vertiginoso de Tom Cruise sem a ajuda de dublês.

O salto merece destaque: foi feito em um penhasco na montanha Helsetkopen, próxima de Hellesylt, pequena vila rodeada por fiordes. A face da montanha fica a 1.200 metros acima do nível do mar e há empresas especializadas em tours guiados pelo local.

Para a cena, Cruise dirigiu uma moto feita sob medida em uma rampa de 203 metros de comprimento, 17,5 metros de altura no ponto de saída e três metros de largura, a qual foi especialmente construída no precipício da montanha com a ajuda de 450 viagens de helicóptero, uma vez que essa foi a única maneira de levar as 280 toneladas de material para o pico.

Após o salto, a cena revela que Cruise abandona a moto e faz um base jump até abrir o paraquedas a pouco mais de 150 metros do chão.

Mas isso não foi feito apenas uma vez: Cruise fez a mesma cena outras sete vezes para ter certeza de que a filmagem estava perfeita. A façanha é tida pela equipe como a mais perigosa da carreira do ator. Para tanto, ensaios tomaram mais de um ano: ao todo foram mais de 500 saltos de paraquedas e 13 mil saltos de motocross.

Já a sequência do trem foi rodada na Rauma Railway, linha de trem que, em cerca de 1h40, leva os passageiros das montanhas que cercam o vilarejo de Dombås até o fiorde em Åndalsnes. Com cenários deslumbrantes ao longo do caminho, a ferrovia foi eleita a mais bonita da Europa neste ano pela Lonely Planet.

Nas cenas, Cruise trava uma luta corporal com o antagonista Gabriel (Esai Morales) no teto do trem a uma velocidade de quase 100 km/h.