O Castelo de Osaka e o Japão feudal de “Xógum”, nova série da Disney

Cenas de um reinado japonês grandioso da época de 1600, com direito a castelo e jardins, são parte de "Xógum: A Gloriosa Saga do Japão", que, por incrível que pareça, não foi filmada no país

Castelo de Osaka remonta ao século 16 e é bastante procurado durante florada das cerejeiras; local é fundamental na narrativa de "Xógum"
Castelo de Osaka remonta ao século 16 e é bastante procurado durante florada das cerejeiras; local é fundamental na narrativa de "Xógum" ©True/JNTO

Saulo Tafarelodo Viagem & Gastronomia

Além de cenas de lutas e conquistas épicas, a nova série “Xógum: A Gloriosa Saga do Japão”, que estreia simultaneamente no Disney+ e no Star+ nesta terça-feira (27), revela uma visão de um Japão feudal. É nesta época, no início dos anos 1600, que a trama se passa, pontuada por costumes, decorações e pelo clima político do período.

Em resumo, o senhor de guerra Yoshi Toranaga (Hiroyuki Sanada) luta por sua vida enquanto seus inimigos se unem contra ele quando um misterioso navio europeu é encontrado próximo de uma vila de pescadores. Surge aqui o marinheiro inglês John Blackthorne (Cosmo Jarvis), que estava no navio e que possui experiências geográficas e conhecimentos capazes de alterar o rumo do Japão.

Baseada no best-seller de James Clavell, a série de 10 episódios é ambientada no país oriental, mas foi, na verdade, filmada na outra ponta do Pacífico, em Vancouver, no Canadá.

Takehiro Hira como o personagem Ishido Kazunari em cena de "Xógum: A Gloriosa Saga do Japão"
Takehiro Hira como o personagem Ishido Kazunari em cena de “Xógum: A Gloriosa Saga do Japão” / Imagem cedida pela FX Networks

Tanto cenas internas, com destaque para as reproduções do interior do Castelo de Osaka, quanto tomadas externas, em meio à uma rica vegetação, foram feitas no país norte-americano. A concepção dos ambientes foi feita com a ajuda de historiadores, obras de arte e colecionadores de antiguidades, já que não existem fotografias da época.

Apesar da bandeira americana, a produção se orgulha em ter um elenco majoritariamente japonês, assim como ter recrutado consultores japoneses para colaborar na autenticidade deste pedaço da história do Japão, o que contribui para a riqueza que se vê na telinha.

O Castelo de Osaka

O arco principal se desenrola em Osaka, cidade que se tornou uma das principais do Japão no período Edo (1603–1867), com destaque, na época, ao seu porto movimentado, que é rapidamente representado na série.

Entra em cena o Castelo de Osaka, um dos elementos cruciais na história, já que é nele e em seus arredores que boa parte da trama se passa. Fictícios são apenas os cenários usados na série para reproduzi-lo, uma vez que o castelo existe na vida real desde o final do século 16 e pode ser visitado até os dias atuais, em que aparece entre os melhores castelos do país.

Desde que foi erguido em 1583, o castelo foi incendiado e reconstruído diversas vezes devido a vários conflitos. A construção que se vê hoje, um dos marcos da cidade e de todo o Japão, foi erguida em 1931.

Situado no alto de uma colina, ele é cercado por um parque de 106 hectares com direito a áreas de piquenique. Ele é disputado principalmente na primavera durante a temporada da florada das cerejeiras.

Além de belo, o castelo prova ser multifuncional: ele abriga um museu com mais de 10 mil objetos históricos que contam a história de Osaka. Enquanto um mirante no topo garante vistas panorâmicas da cidade, lá embaixo as águas que o cercam são ideais para passeios de barquinhos turísticos.

O ingresso para adentrar o Castelo de Osaka sai por 600 ienes (cerca de R$ 20), sem cobrança para crianças de até 15 anos.

Nas dependências do parque fica o Jardim Nishinomaru, agradável e amplo jardim que rende momentos tranquilos e muitas fotos. Outras atrações próximas são o Osakajo Hall, grande espaço para espetáculos internacionais, e o Museu de História de Osaka, que se aprofunda sobre a história desta que é a terceira maior cidade do Japão, com mais de 2,6 milhões de habitantes.

Curiosidades das filmagens “Xógum”

Vancouver, no Canadá, é cidade portuária na costa da Colúmbia Britânica
Vancouver, no Canadá, é uma cidade portuária bastante procurada para gravações de séries e filmes / Wikimedia Commons

Para recriar a atmosfera do Japão feudal e dar vida ao Castelo de Osaka sem filmar no endereço real, os sets em Vancouver ocuparam dois grandes espaços externos e dois enormes estúdios internos. Interiores do castelo, jardins, uma missão católica e até partes do navio europeu batizado de “Erasmus” foram recriados aqui.

Dentro do castelo, o salão de reuniões cerimonial aparece logo no primeiro episódio e é elemento importante nas cenas. Na vida real, ele era usado para encontros entre líderes e projetado para intimidar e impressionar. Como visto na série, os interiores do castelo são ainda dotados de fusumas, painéis retangulares deslizantes que dividem cômodos.

“No final das contas, construímos tantos cenários como teríamos construído para um longa-metragem de 80 a 100 dias a tempo de estarmos prontos para os dois primeiros episódios”, diz a designer Helen Jarvis na nota da produção compartilhada com o CNN Viagem & Gastronomia.

Outro desafio foi replicar as mais de 10 mil telhas de quase todas as estruturas presentes nas filmagens. Uma equipe paralela passou três meses criando-as e mergulhando-as em cinco soluções diferentes de tinta para criar uma aparência autêntica para a época.

Elas eram feitas de materiais ecológicos e continham amido de milho, o que atraiu pássaros. Ao longo das gravações, a equipe teve de remendar as telhas por conta das bicadas dos animais.

“Xógum: A Gloriosa Saga do Japão”
Estreia nesta terça-feira (27) com dois episódios no Disney+ e no Star+; depois um episódio é lançado a cada terça-feira – conheça o elenco da série.