Belém: a saborosa porta de entrada para a gastronomia paraense
Com herança indígena e influências portuguesas e africanas, capital do Pará nos convida a experimentar os mais diversos sabores e aromas por ingredientes amazônicos; confira 7 locais para desfrutar sabores regionais
Estar em Belém é entender que a todo momento nossos sentidos são aflorados.
Primeira capital da região norte do Brasil, ela é lar de mais de 1,3 milhão de pessoas que, entre vatapás, carurus, peixes de rio e muito açaí, fazem desta cidade um lugar ainda mais interessante.
Por aqui, além do calor o ano inteiro, quem nos recebe de braços abertos são também suas frutas esbeltas, temperos variados e peixes amazônicos.
A capital do Pará se mostra ainda uma terra de tradições: seu centro histórico merece ser visitado, o Círio de Nazaré, em outubro, continua a colocar milhões de pessoas nas ruas com sua festividade de fé celebrada há mais de 200 anos e o Mercado Ver-o-Peso concentra os principais elementos da cultura regional.
E já adianto que Belém foi a porta de entrada para, junto da equipe do CNN Viagem & Gastronomia, conhecer um pouco mais das belezas do Pará. Digo com afinco que finalmente – e muito felizmente – conheci este estado que estava no topo da minha lista!
E lembre-se: já que as chuvas se concentram mais entre os meses de dezembro a abril, o melhor período para visitar a capital é entre junho e novembro.
Mas para entender Belém de fato, nada melhor do que se lançar a um desafio prazeroso: comer.
É uma cidade que nos convida a experimentar os mais diversos sabores, aromas, texturas e misturas, em que, além do mercado Ver-o-Peso, restaurantes tradicionais servem pratos paraenses para serem curtidos sem pressa. Entram no vocabulário gastronômico nomes como maniçoba, cupuaçu, maniva, bacuri, cumari, filhote, entre (muitos) outros.
A gastronomia paraense
Reconhecida pela Unesco como uma cidade criativa da gastronomia, Belém é um bom ponto de partida para encontrarmos algumas das iguarias mais deliciosas do estado.
A gastronomia do Pará é baseada principalmente em ingredientes da fauna e da flora da Floresta Amazônica, em que as receitas são feitas de peixes, raízes, folhas, frutos e sementes. A cultura indígena se mistura aqui com nítidas influências dos colonos portugueses e também da África, em que as características regionais saltam aos olhos e aguçam o nariz.
Açaí, tucupi, tacacá, maniçoba, pirarucu, jambu, camarão, ervas e pimentas são algumas das matérias-primas que ouvimos falar, que lemos nas placas e que paramos para saborear.
A missão então é fácil: assim como eu, ao longo das andanças, deixe-se levar pelo ritmo do carimbó, dança típica do estado, e não se esqueça de pedir uma cerveja gelada com algum tipo de peixe típico. É um combo de felicidade.
A seguir, confira 7 endereços para se deliciar na gastronomia paraense em plena capital Belém:
Remanso do Peixe
Situada no fim de uma vila residencial, a simples casa é uma referência na capital paraense com foco em peixes, moquecas e caldeiradas. O interessante é que o restaurante oferece o que chama de comida paraense de família, em que a residência familiar virou de fato um restaurante.
Aqui não podem faltar o clássico camarão empanado na tapioca como porção de entrada e ainda a moqueca paraense do seu Chicão, receita criada pelo patriarca da casa e há mais de 20 anos no cardápio. As caldeiradas também são boas escolhas, com tamanhos para uma, duas e até três pessoas.
Entre as bebidas, caipirinha sabor cupuaçu e jambu sour, drinque à base de suco de limão e cachaça de jambu, estão entre as escolhas.
Para arrematar, as sobremesas também merecem destaque: estão entre as pedidas tiramisu de bacuri, clássico pavê italiano de café com toque desta que é uma das frutas mais populares do Norte, e pavê de cupuaçu com farofa de chocolate do combu, cujo chocolate vem da produção artesanal da Ilha do Combú.
Remanso do Peixe: Conjunto Célso Malcher, 64 – Marco, Belém – PA / Tel.: (91) 3228-2477 / Horário de funcionamento: terça a sábado das 11h30 às 15h e das 19h às 22h; domingo e feriados das 11h30 às 15h30.
Bar e Restaurante da Alzira
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Brinco que quem tem um prato feito de peixe frito e uma cervejinha gelada não quer guerra com ninguém! E assim acontece no Bar e Restaurante da Alzira, que serve um dos melhores peixes fritos da cidade.
Bem simples, o restaurante é parada obrigatória para quem estiver em Belém. É local de comida caseira, onde as opções mais procuradas são o filé de dourada e o pirarucu fritos, acompanhados com porções generosas de feijão, arroz branco, farofa e vinagrete.
Para arrematar do jeito local, uma tigela de açaí também acompanha bem.
Bar e Restaurante da Alzira: Travessa Angustura, 2815 – Marco, Belém – PA / Tel.: (91) 3276-3089 / Horário de funcionamento: segunda a sábado, das 11h às 15h; quarta, quinta e sexta também das 19h às 22h; fechado aos domingos.
Estação das Docas
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Localizado às margens da baía do Guajará, o antigo porto de Belém foi revitalizado e hoje abriga um espaço cultural, gastronômico e artístico. Projeto muito interessante, os armazéns de ferro inglês característicos do finzinho do século 19 agora são o lar de lojas de souvenir, roupas, restaurantes e sorveterias.
Entrando na seara da gastronomia, fica difícil escolher entre tantos lugares do espaço, mas não deixe de tomar as cervejas com ingredientes amazônicos da Amazon Beer, que faz referência à Amazônia com cervejas artesanais únicas e geladas.
Outro destaque imperdível parte para a sobremesa: os incríveis sorvetes da Sorveteria Cairu.
Já na segunda geração desta empresa familiar, de 60 anos, o local possui um dos melhores sorvetes que já experimentei. São mais de 50 sabores, muitos regionais, entre eles o premiadíssimo doce de cupuaçu e castanha do Pará – tamanho prestígio rendeu um lugar entre as 50 melhores sorveterias do mundo.
Para terminar de um jeito mais doce, o Sr. Armando, o proprietário, também esbanja simpatia por onde passa.
Estação das Docas: Avenida Boulevard Castilhos França, Belém – PA / Tel.: (91) 3344-0100 / Horários de funcionamento no site oficial.
Os restaurantes Casa do Saulo: Quinta de Pedras e Onze Janelas
Os restaurantes comandados pelo chef Saulo Jennings são uma verdadeira viagem pelos sabores amazônicos.
Além de restaurante e hospedagem à beira do Rio Tapajós, entre Alter do Chão e Santarém, o chef também comanda outra duas casas na capital paraense: a Casa do Saulo Quinta de Pedras, dentro do hotel Atrium Quinta de Pedras, e a Casa do Saulo Onze Janelas, no Complexo Feliz Lusitânia, local de origem de Belém.
Enquanto o Quinta de Pedras se abre para um átrio arejado no meio do hotel, situado em um casarão histórico do século 18, e serve do café da manhã ao jantar, o Onze Janelas é ideal para um jantar à beira do rio.
Entre as pedidas apetitosas que saem das cozinhas estão o pato no tucupi, já um clássico de Saulo, assim como a paella do chef e o prato que leva o nome do restaurante, servido com camarão e banana da terra. E não se esqueça dos drinques:
Casa do Saulo Quinta de Pedras: Rua Doutor Assis, 834 (dentro do Hotel Atrium Quinta de Pedras), Cidade Velha, Belém – PA / Tel.: (91) 98612-2674 / Horário de funcionamento: todos os dias café da manhã das 7h às 10h; almoço das 12h às 15h e jantar 19h às 23h.
Casa do Saulo Onze Janelas: Rua Siqueira Mendes, S/N, Cidade Velha, Belém – PA / Tel.: (91) 9 9338-4511 / Horário de funcionamento: terça-feira a sábado, das 11h às 23h; domingo, das 11h às 22h.
Casa Igá
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No coração do bairro de Campina, em um antigo casarão charmoso, fica a Casa Igá, uma mistura de restaurante com estúdio de design comandado pela dupla Oriana Bitar e Patricia Gondim.
Um dos lemas da casa é pensar a comida como um processo de transformação, em que, no fogão, se transforma a natureza em cultura. Logo, aqui apreciamos uma comida carregada de afeto e toques para lá de locais.
Os ingredientes são frescos e comprados localmente, como no Mercado Ver-o-Peso.
No cardápio mais recente constam, por exemplo, caldinho de caranguejo com tucupi e jambu; bolinho de piracuí; peixe do dia na brasa com arroz no tucupi e jambu, feijão manteiguinha, vinagrete de banana e farofa de banana; e espetinho de pirarucu.
Casa Igá: Travessa Frei Gil de Vila Nova, 215 – Campina, Belém – PA / Tel.: (91) 99293-6215 / Horário de funcionamento: quinta-feira, das 11h30 às 15h; sexta, das 11h30 às 15h e das 19h às 23h; sábado e domingo, das 11h30 às 16h.
Muamba Bar
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Apesar de falarmos sobre a comida da floresta e de toda a expressão gastronômica que o Pará tem diante dos frutos amazônicos, peixes de rio e ensinamentos passados de geração em geração, pouco falamos da mixologia local.
De uma maneira contemporânea e descomplicada, como é a Amazônia no copo? Um dos exemplos mais notáveis que ajuda a responder a pergunta é o Muamba Bar, que traz a Amazônia em drinques autorais, sazonais e clássicos.
Situado na Vila Container, complexo cultural e gastronômico no bairro de Nazaré, o bar tem a criatividade como aliada. Do balcão saem drinques como o Chicocktail, que leva tequila e soda artesanal de chicória, ou ainda o Ariramba, com gim de jambu e cheiro verde.
Entre drinques sazonais podem vir criações que usam bacuri, guaraná, cumaru, taperebá e cacau. Para os que não abrem mão de um clássico, Daiquiri e Negroni também estão na carta.
Muamba Bar: Vila Container – Loja 8 – Nazaré, Belém – PA / Horário de funcionamento: quarta-feira a domingo, das 18h à 0h.
Mercado Ver-o-Peso
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Não poderia deixar de citá-lo. Emblemático, é um dos pontos turísticos mais conhecidos de toda Belém e do Pará, em que sentimos o verdadeiro vai e vem de algumas tradições locais.
Inaugurado em 1901, é um mercado público que se assemelha a uma grande feira com ingredientes que chegam da floresta, do rio e da terra. É onde os principais elementos da cultura belenense se encontram e são comercializados.
Uma palhinha do que encontramos aqui: o tradicional açaí com peixe frito; o cozimento e embalo da maniva; várias tipos de temperos, ervas e especiarias; o preparo do tucupi; barraquinhas com castanhas e também a famosa cachaça de jambu.
Uma série de construções históricas fazem parte do complexo arquitetônico e paisagístico, que se estendem por cerca de 25 mil m².
Em determinado momento, também não é difícil formar uma roda de carimbó e deixar-se levar pelo ritmo contagiante. É ponto imperdível da cultura, da gastronomia e da história paraense.