Historiadora e curadora de arte entrega o melhor de Nova York
A brasileira Gisela Gueiros mora na Big Apple desde 2007 e de lá revela seus destinos favoritos - de museu longe do burburinho ao restaurante que vale a pena enfrentar fila
Mesmo quem nunca visitou Nova York, ao escutar algo sobre o Brooklyn, a Times Square ou a Estátua da Liberdade, uma imagem mental da cidade logo vem à cabeça. Um dos destinos mais populares entre os brasileiros que viajam aos Estados Unidos, a Big Apple, porém, não se resume somente a locais repletos de turistas e compras. A cidade, de mais de 8,4 milhões de habitantes, pulsa arte, história, cultura e, claro, uma rica diversidade gastronômica.
E para conhecer dicas menos óbvias mas igualmente incríveis da “cidade que nunca dorme”, nada melhor do que conversar com alguém que vive na metrópole. Historiadora e educadora, a paulistana Gisela Gueiros chama Nova York de lar desde 2007, onde mora com a família, e dividiu com o CNN Viagem & Gastronomia suas experiências e endereços prediletos pela cidade. Como ela pontua: às vezes a surpresa está no lugar que você menos espera.
Confira a seguir, as dicas de Gisela Gueiros e seu olhar sobre a cidade:
Passeios
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Como moro no Brooklyn, recomendo um passeio pela Brooklyn Heights Promenade, que é uma passarela sob Brooklyn Heights que você pode caminhar e que é incrível, com uma vista privilegiada para Manhattan. Se for para o Brooklyn, um passeio muito bacana é assistir ao jogo de basquete no Barclays Center.
Uma das coisas que percebo de Nova York depois de tanto tempo morando aqui é que as coisas mais incríveis são também aquelas consideradas as mais clássicas. Um exemplo? Neste ano, na primavera, fiz um passeio de barco a vela à noite de Manhattan até a Estátua da Liberdade.
É superclichê, mas a Estátua da Liberdade nunca para de ser incrível. Tenho essa sensação com NY: mesmo com os passeios mais óbvios, ou consideradas turísticos, a cidade continua impressionando e atraindo todos os públicos.
Gastronomia
Minha dica é o badalado Via Carota, restaurante italiano no West Village com cardápio sazonal que serve antepastos, peixes e carnes e possui uma ampla carta de vinhos.
Inspirado numa vila do século 17 nas colinas perto de Florença, o Via Carota presta uma homenagem às raízes italianas, com seu estilo de vida, comida e decoração.
Sempre ouvi falar dele, já tentei reservar e não consegui, até que um dia cheguei cedo, por volta das 11h50 com um grupo de amigas. Realmente vale a pena enfrentar a fila e quase almoçar no horário do café da manhã para conseguir uma mesa.
Uma outra sugestão mistura gastronomia com arte: é o Café Sabarsky, restaurante austríaco que fica dentro da Neue Gallery, museu de arte e design alemão e austríaco na Quinta Avenida. Decorado com objetos de época, o restaurante é inspirado nos grandes cafés vienenses e em toda a vida intelectual e artística desses lugares na virada do século.
Ali é servido café da manhã, almoço e jantar, com um cardápio que varia entre spätzle (massa muito difundida no sul da Alemanha), salsichas, schnitzel (fatia fina de carne de vitela ou porco à milanesa) até sachertorte, bolo clássico de chocolate amargo vienense. E atenção: não confunda “scallops” com escalope, pois a tradução, na verdade, se resume às vieiras.
Arte
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Minha primeira dica fora do óbvio é o The Noguchi Museum, que fica no Queens. O museu preserva e exibe os trabalhos do artista nipo-americano Isamu Noguchi (1904–1988), que consistem em esculturas, desenhos, projetos e modelos arquitetônicos.
Com dois andares, ele fica em um edifício industrial dos anos 1920 com um pavilhão construído nos anos 1980 pelo próprio artista. Além do espaço de exposição, um jardim com esculturas complementa o local, onde Noguchi cultivou plantas nativas do Japão e dos Estados Unidos.
Dos clássicos, tem que visitar o Metropolitan Museum of Art, o MET, do lado do Central Park na Quinta Avenida. Muitas vezes a surpresa está justamente no lugar que você acha que já conhece bem. O museu, por exemplo, tem uma réplica do tamanho real da sala de estar da casa do icônico arquiteto Frank Lloyd-Wright. Pouca gente que visita o museu – e que eu conheço – sabe da existência dessa réplica. Minha sugestão para os turistas é: visite o MET, que é o básico, mas não fique só vendo as múmias e as pinturas renascentistas – que seria o instinto de quem vai ao museu desse porte.
Mais um lugar obrigatório para se perder sem pressa é o MoMA, Museu de Arte Moderna de Nova York, entre a Quinta e a Sexta Avenida. Com uma arquitetura arrojada, são seis andares e aproximadamente 200.000 obras de arte em sua coleção. É um dos mais conhecidos do mundo e abriga obras de importantes artistas, como Andy Warhol, Paul Cézanne, Van Gogh, Pablo Picasso e o brasileiro Dalton Paula.
Outra dica: sou obcecada pela Frick Collection, que é uma coleção que ocupa a antiga mansão de Henry Clay Frick – agora fechada para reforma, eles estão na antiga sede do Whitney Museum, na Madison Avenue. Essa é uma das mais incríveis coleções de arte do mundo. Por exemplo, o artista holandês Vermeer fez por volta de 34 pinturas durante a vida e na coleção Frick há três delas. É imperdível.
Por último, um museu que é muito legal e que pouca gente vai é o The Drawing Center, no SoHo. Muito pequeno, é dedicado ao desenho e a trabalhos em papel, com exibições temporárias e programas com tatuadores, chefs, romancistas, soldados, prisioneiros e também os que se definem como artistas plásticos.
Sobre Gisela Gueiros
Moradora de Nova York desde 2007, Gisela Gueiros mudou-se para a cidade para estudar história da arte contemporânea. Historiadora e educadora, hoje ela oferece visitas guiadas nos mais importantes museus e galerias da metrópole e já realizou mais de 40 exposições de arte independentes.