Península de Maraú: conheça o refúgio paradisíaco e destino dos jet setters pós-pandemia
Apelidada de Polinésia Baiana, Maraú é um paraíso pouco visitado no litoral sul da Bahia. A influencer e expert em sustentabilidade Paula Bedran dá dicas de passeios e hotéis da região
Piscinas naturais em Taipu de Fora, um dos passeios imperdíveis pela península (Foto: divulgação)
Por Paula Bedran*
A Península de Maraú, no litoral sul da Bahia, é aquele lugar falado por muitos, mas conhecido por poucos. A 100 km de Ilhéus e a cerca de 40 km de Itacaré, Maraú não é um destino de fácil acesso. O último trecho da entrada da península até as praias é de terra, portanto, o tempo entre quaisquer pontos na península triplica.
Porém, todo o esforço é completamente recompensado: as praias são praticamente virgens e desertas, fazendo jus ao apelido de Polinésia Baiana pela beleza e transparência das águas. São piscinas naturais, trilhas, cachoeiras, restaurantes maravilhosos com todos os tipos de comida, esportes aquáticos, hotéis cinematográficos e casas de deixar qualquer mansão hollywoodiana a desejar. Ali, sossego e paraíso são palavras de ordem e que caracterizam bem o local.
Abaixo, conto um pouquinho mais da minha experiência pelas lindas praias e dou dicas do que fazer e onde ficar neste paraíso quase intocado.
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Piscinas Naturais em Taipu de Fora
Nadar nas piscinas naturais da praia de Taipu de Fora é inesquecível. A praia tem grande influência da maré, o que acaba por acarretar no fenômeno das piscinas naturais – sempre na maré baixa. E essas piscinas são responsáveis por toda a fama de Maraú: suas águas são límpidas, a areia é fofa e as palmeiras deixam o cenário ainda mais paradisíaco em um dia ensolarado. Com tanto nencantamento, elas são bem concorridas. Assim, a dica é consultar em algum dos hotéis a melhor hora para ir às piscinas no dia que pretende visitá-las e se programar com antecedência.
Pôr do sol na Ponta do Mutá
É o pôr do sol mais famoso e lindo da península. Assisti-lo na Ponta do Mutá é uma atividade para relaxar e apreciar o espetáculo que acontece ali todos os dias, em que o céu ganha tons diferentes a cada minuto. São cores que não se repetem em nenhum outro lugar do mundo. Há diversos bares na orla da praia, portanto escolha o seu e aguarde o espetáculo com um drink.
Passeio de barco na Baía de Camamu
Na Costa do Dendê, de frente para a vila de Barra Grande, fica a Baía de Camamu. A dica é fazer um passeio de barco pelas ilhas da baía – a lancha costuma partir do píer de Barra Grande e tem como pontos principais de visita a Ilha da Pedra Furada, a Ilha do Goió e a Ilha do Sapinho.
Percorra a península com quadriciclo
Alugue um quadriciclo e percorra as regiões de Maraú onde geralmente não se pode ir de carro. Comece pela Lagoa Azul, onde é possível fazer stand up paddle, depois percorra a trilha das Bromélias Gigantes em direção à Lagoa do Cassange. Faça uma volta pequena na Praia do Cassange, que parece um pedaço perdido do paraíso, passe pela Praia de Algodões e suba até o Morro do Farol para ver a ilha toda. Termine o dia apreciando o pôr do sol, de preferência na Ponta do Mutá.
Treino de canoa havaiana
Todos os dias há um treino de canoa havaiana a partir das 7h na Ponta do Mutá. O local lindo é ideal para remar a embarcação, que recebe este nome genérico por conta de seu segundo casco, que funciona como um estabilizador. É uma aventura e tanto!
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Hotéis sustentáveis
Além de passeios estonteantes pelas praias e baías da região, os hotéis e pousadas dali também preocupam-se com a sustentabilidade. Os empreendimentos geralmente são menores e integrados à natureza. Destaco abaixo duas hospedagens dignas de serem conhecidas e que levam a sustentabilidade ao pé da letra:
Casa dos Arandis
A estadia na Casa dos Arandis é praticamente uma aula diária de sustentabilidade. A hospedagem conta com apenas quatro bangalôs, duas casinhas para famílias e uma casa sede com um restaurante que desbanca muito Michelin pelo mundo. A pousada na praia deserta de Algodões é praticamente um portal para um mundo dos sonhos.
Ao chegar, todo e qualquer hóspede é recebido pelo casal proprietário do local, Nanana e Cacau. Ambos são cariocas, mas moram na península há 10 anos. Não há como sair de lá sem considerá-los seus amigos, e a ideia é de fato essa: que cada hóspede sinta que a pousada seja uma extensão da sua própria casa.
Os hóspedes podem tomar café da manhã a qualquer hora do dia – até hoje não vi nenhum café com tanto capricho, até suco do mel de cacau tomamos – e todos os objetos de cada bangalô foram trazidos pessoalmente de alguma viagem do casal. Os bangalôs são feitos 100% de madeira de demolição e todos têm um chuveiro ao ar livre com um espaço para tomar sol completamente privativo. Na entrada de cada um há uma bacia de barro cheia de cristais para que os hóspedes possam energizá-los na lua cheia. Há também bicicletas e todo tipo de equipamento de esportes aquáticos à disposição; é possível fazer aula de yoga, massagem e ainda há uma cabana especial para um jantar a dois.
Outros aspectos fazem a diferença por ali. Os bangalôs têm banheira vitoriana com vista para a mata; há kits de bem-estar deixados nos banheiros, com hidratantes, shampoo, condicionador e repelente, todos feitos na própria pousada e garrafinhas de metal para não usar plástico; há um mirante para apreciar a vista e redes e cabanas na praia.
Detalhes de sustentabilidade:
– A pousada planta e compra orgânicos e é apoiadora da feira orgânica da península. As feiras orgânicas são cada vez mais comuns em Maraú, incentivada pela Rede Povos da Mata e pela própria Casa dos Arandis;
– Uma taxa ambiental de R$10,00 é cobrada em todo check-out para ser reinvestida no serviço público de fiscalização ambiental e preservação;
– A pousada possui o selo “Safe and Clean” e Turismo Responsável pela BLTA – Brazilian Luxury Travel Association;
– A água do banho vem do próprio lençol freático local, sendo muitas vezes até amarelada por conta da gordura do côco. Através de uma parceria com a tecnologia “Holy Health”, nanotecnologia de purificação e multi mineralização, a água é purificada;
– Toda a água potável é filtrada através da tecnologia de osmose reversa, que elimina todos os sais, cloro e outros contaminantes.
Villa Kandui
Numa proposta um pouco mais jovem e badalada, agora na praia de Taipu de Fora, o Villa Kandui foi inspirado nos hotéis da Indonésia e da Polinésia Francesa. São três villas de dois quartos e uma pequena piscina particular e quatro villas de um quarto, todas equipadas com cozinha para dar aos hóspedes a sensação de uma casa de praia. Os sócios, todos baianos, apesar de não terem nenhuma experiência prévia no mundo da hotelaria, possuem um tino e uma visão excepcional para o ramo, além de um bom gosto ímpar e uma dedicação sem igual.
O conceituado arquiteto André Luque foi escolhido a dedo pelos proprietários para o projeto – e foi um tremendo acerto. Conhecido por projetos que prezam pela integração com a natureza, uso de madeiras e o máximo de elementos naturais possível aliado ao menor impacto, as sete villas são o cool-chic despretensioso que Maraú precisava.
A pousada foi inaugurada no final de 2019 e, depois de quase três meses aberta, teve que fechar por conta da pandemia. Porém, nos meses em que abriu, o sucesso foi tanto que já se planeja uma expansão para o próximo ano.
Assim como na Casa dos Arandis, alguns detalhes merecem ser destacados: a gosto dos hóspedes, a pousada fornece uma tábua de frutos do mar com o que tem de melhor na península; o lounge na praia se tornou point da praia de Taipu de Fora e, apesar da cozinha em cada villa, há possibilidade de pedir room service. Todos amenities são de marcas locais; o café da manhã é servido à beira-mar e, no final da tarde, pode-se apreciar um drink no mirante em cima do restaurante.
Detalhes de sustentabilidade
– Cabides ecológicos;
– Todos os objetos de decoração e móveis são de demolição e foram comprados de uma única casa em Minas Gerais;
– A construção foi feita sem mexer em nenhuma árvore original do terreno, com alteração mínima da vegetação local;
– Todas as madeiras usadas são certificadas e de reflorestamento;
– Toda água é aquecida por painéis solares e a água das descargas é reutilizada, assim como todos os esgotos são tratados com biodigestores;
– Todo óleo de cozinha descartado é destinado a produção de sabonete local.
*Sobre Paula Bedran
É expert em sustentabilidade. Administradora de formação, mas jornalista de profissão, ela mantém um blog de moda, beleza e viagens, todos relacionados à sustentabilidade, e um quadro na TV Cultura sobre o assunto. Paula viaja o Brasil e o mundo em busca de projetos e marcas conscientes, presta consultoria para marcas com esse viés e dá palestras sobre sustentabilidade.