Veneza vai cobrar taxa de entrada para turistas

Cidade italiana sofre com excesso de visitantes

da CNN

Gôndolas em Veneza, na Itália
Gôndolas em Veneza, na Itália
Foto: Gerhard Bogner/Pixabay

Com visitantes nadando nos canais, sentando no meio da rua para comerem e até um caso em que um turista manteve uma trabalhadora local como refém, Veneza se tornou a cidade modelo para turistas se comportando mal.

Tão mal, na verdade, e em uma quantidade tão alta, que a cidade decidiu cobrar aos turistas de único dia uma taxa de entrada, numa tentativa de frear o turismo “bate e volta” de mais de 30 milhões de pessoas por ano.

O sistema de cobrança deveria ser introduzido no início do verão europeu, mas foi adiado indefinidamente dado o esvaziamento da economia veneziana quando o número de visitantes despencou por conta da pandemia.

Mas agora, está de volta.

As autoridades da cidade confirmaram que a taxa para aqueles que entram em Veneza sem uma reserva de pernoite vai passar a valer em 1º de janeiro de 2022.

“À luz da situação atual com a pandemia da Covid-19, decidimos fazer um gesto importante, tendo em vista o desejo de encorajar os turistas a voltarem”, disse Michele Zuin, o conselheiro econômico local.

A cidade —cuja economia é principalmente baseada no turismo —sofreu muito durante a pandemia, com lojas e restaurantes fechando. Moradores estão desesperados para que os visitantes voltem —embora alguns vejam essa pausa forçada como uma chance de mudar o turismo para melhor.

Catracas de acesso

 

Turistas tiram foto em Veneza após primeira onda de casos de Covid-19 na Itália
Turistas tiram foto em Veneza após primeira onda de casos de Covid-19 na Itália; país passa por novo pico da doença
Foto: Manuel Silvestri – 24.mai.2020/ Reuters

O contributo di acesso, ou taxa de acesso, será precificado de acordo com a lotação da cidade em uma tentativa de dissuadir as pessoas de entrarem nas cidades em dias de pico, e distribuir as visitas ao longo da temporada.

Preços oficiais ainda não foram confirmados para 2022, mas para a implementação prevista em 2020, era planejado um preço máximo de 10 euros (R$ 63,73) nos dias mais cheios.

Visitantes que pernoitarão na cidade são isentos da taxa, um movimento para encorajar as pessoas a passarem a noite e colocarem mais dinheiro na economia.

Chamando o anúncio como parte do plano para “relançar a economia da cidade”, Zuin disse que passarão os próximos 14 meses desenvolvendo o sistema que permitirá que as pessoas façam suas reservas com antecedência.

Valeria Duflot, co-fundadora de Venezia Autentica, uma plataforma online que encoraja o turismo sustentável, disse estar feliz que a taxa tenha sido adiada, mas pediu que as autoridades façam mais para mudar o tipo de turismo na cidde.

“A recuperação é prevista para durar vários anos, a situação é crítica”, disse ela à CNN. “Muitos negócios locais, apesar de não serem diretamente relacionados a turismo, estavam sobrevivendo graças ao dinheiro do turismo”.

“Como a comunidade precisa desesperadamente de movimento, adiar uma taxa que foi pensada no tempo antes da pandemia, de sobreturismo, faz sentido para nós”.

“No entanto, esse tempo não deve ser desperdiçado. É importante mudar a estratégia de turismo da cidade para fazer com que a indústria seja menos extrativa. Uma prioridade é garantir que uma parcela maior da renda do turismo seja gasta em negócios locais”.

O número de visitantes em Veneza tem ficado cada vez mais difícil para a cidade lidar.

E apesar de alguns residentes terem protestado contra a implementação de catracas separando locais e turistas em dias cheios, e compararam o sistema de ingresso a tornar a cidade um ‘parque temático’, o prefeito Luigi Brugnaro, que capitaneou esses planos, venceu a reeleição em setembro.

Cerca de 70% dos moradores de Veneza deixaram a cidade nos últimos 70 anos —principalmente, acredita-se, por conta da economia cada vez mais voltada ao turismo.

(Texto traduzido, leia o original em inglês)

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