Conheça Willemstad, a capital de Curaçao
Sim, há as famosas praias paradisíacas com água azul turquesa, afinal, o território faz parte do Caribe, mas, por enquanto, vamos detalhar essa cidade que é tão rica em cultura.
Cores vibrantes e um povo receptivo e bem animado. De imediato, essas são as primeiras características que nos chamam atenção ao pousarmos em Willemstad, capital da ilha caribenha de Curaçao.
As ilhas caribenhas sempre ganham os corações dos apaixonados por praia. Afinal, o mar azul turquesa e a água cristalina são impressionantes e encantam qualquer um, sejam eles brasileiros acostumados com o clima tropical, ou europeus em busca de altas temperaturas e dias de sol. O Caribe conta com mais de 7.000 ilhas para serem exploradas e muitas delas já são conhecidas mundialmente, como as Bahamas, Turks and Caicos, Aruba, Saint Barthèlemy, Anguilla, San Andres, entre outras.
Curaçao faz parte dessas inúmeras ilhas e está sendo desbravada aos poucos. Na verdade, o destino já é conhecido pelos amantes de cruzeiros, afinal, a capital Willemstad é rota de diversas embarcações e, todos os dias, há um navio ancorado por lá. Mas, abra sua mente e não espere encontrar apenas água azul e areia branquinha durante sua estadia no país, pois as atrações curaçaleñas vão muito além de praias paradisíacas. Prepare-se para desembarcar em uma cidade repleta de histórias, rica culturalmente, com um povo extremamente receptivo e, não à toa, foi eleita Patrimônio Mundial da Unesco.
A ilha foi colonizada pelos holandeses e, por isso, é possível avistar traços semelhantes a Amsterdã em quase toda região central. Ao todo, reúne 168 nacionalidades e conta com uma população de 160 mil habitantes. Seu idioma oficial é o papiamento (que eu mesma nunca tinha ouvido falar) e é um mistura de línguas, mas a principal base é o espanhol, e conta até com o nosso bom e velho conhecido português, além de mesclar com o holandês. É bem complexo mesmo! Mas, não se assuste: todas as pessoas falam inglês, espanhol e holandês, afinal, estes idiomas fazem parte da base escolar de cada morador. Willemstad é sua única cidade e possui diversas aldeias em seu pequeno território. A arquitetura local segue o padrão dos Países Baixos e tem um toque caribenho: é tudo muito colorido, com tons vibrantes e variados. O centro é, praticamente, dividido em dois bairros: Punda e Otrobanda.
Em Punda é possível avistar toda essa colonização holandesa nas casas e prédios baixos. Suas ruas são estreitas e repletas de lojas (o comércio é bem forte por lá), além de contar com um movimento intenso, seja de turistas ou de moradores locais. Não se espante caso esteja tirando fotos no meio da rua e os carros pararem, é respeito máximo aos turistas. No período da noite os bares ficam animados e as calçadas repletas de turistas, principalmente às quintas-feiras, quando o “Punda Vibes” entra em cena e até queima de fogos acontece. Já o Otrobanda traz uma outra parte da cultura curaçaleña, como o próprio nome diz. O colorido ainda paira e as ruelas também fazem parte de seu charme. Curaçao esteve na rota da escravidão e, por isso, o bairro é extremamente importante para a cultura, pois foi lá que os escravos libertos começaram uma nova história de vida e formaram o primeiro centro urbano do país. As casas são pequenas e bem coladas umas às outras, sem contar que as pinturas das fachadas parecem ser retocadas todo mês.
Ambos são separados pelo canal Anna Bay e o principal acesso dos bairros é pela ponte Queen Emma, um dos mais tradicionais pontos turísticos de Willemstad. A ponte é realmente uma grande atração, pois ela se desloca conforme o tráfego náutico. É possível ficar em cima enquanto as travessias marítimas acontecem, mas os tempos variam de acordo com os navios e embarcações, e não há hora para acontecer, podem ser realizadas de dia ou também à noite. Para alertar os turistas ou moradores, um sinal é tocado quando ela começará a se locomover e, nesta hora, os portões se fecham e ninguém poderá atravessar de um lado para o outro durante determinado tempo. Ao entardecer, as luzes da ponte são acesas e o centro de Willemstad fica ainda mais charmoso.
O que fazer em Willemstad?
Parque Nacional Shete Boka
Como já sabem, Curaçao é uma ilha e, por isso, todo o seu território já esteve coberto pelas águas do Caribe. O Parque Nacional das Sete Bocas, assim falado em bom português, é uma das grandes atrações próximas a Willemstad. Lá, é possível sentir toda a energia que o mar carrega ou até mesmo os elementos fundamentais que são encontrados apenas quando mergulhamos. O complexo é repleto de corais – sim, os mesmos que estão submersos – e está localizado abaixo do nível do mar. Os corais gigantes são vistos a olho nu, onde é possível tocá-los e ter uma ideia da vida marinha que existiu (e ainda existe) por ali. É chamado de Sete Bocas, pois há sete entradas para o mar aberto e as ondas que quebram nas rochas são extremamente fortes. Um dos pontos altos do passeio é poder adentrar uma das cavernas e sentir a onda vir em sua direção. O som transmitido e a energia são inexplicáveis, mas vale lembrar que o espaço para apreciar essa beleza é bem pequeno, então, não recomendamos para pessoas que tem um pouco de fobia. Caminhe pelas pedras imensas (todo cuidado é pouco) e vá até ao píer para curtir as ondas e os corais gigantes.
Rodovia para Westpunt, s/n
Sinagoga Mikvé Israel-Emanuel
Para judeus ou não, a Sinagoga de Willemstad é um passeio extremamente cultural. É considerada a sinagoga mais antiga das Américas e uma das mais históricas do mundo, e ainda está em pleno funcionamento, mas com um número reduzido de frequentadores. Seu interior é repleto de curiosidades, a começar pelo chão feito de areia, para que não se ouçam os ruídos de sapatos durante os serviços religiosos, e também é uma homenagem aos primeiros colonos judeus que tiveram que abafar os sons dos passos e orações ao se encontrarem em segredo. Os lustres centenários e imensos foram feitos de latas e continuam como grande atração. Consagrada em 1732, sua fachada é extremamente bem cuidada e parece uma construção bem recente. A sinagoga tem um museu anexo e lá, é possível conhecer toda a história detalhada do judaísmo, além de apreciar de perto elementos que foram fundamentais durante todos estes anos.
Rua Hanchi Snoa, 29 – Punda
Curaçao Liqueur Distillery
Os apaixonados por licores certamente já ouviram falar que aquele clássico líquido azul é produzido em Curaçao. E é realmente assim que acontece. O primeiro e original licor Curaçao é feito em Willemstad e a fábrica, pequena e bem artesanal, pode ser um dos passeios interessantes para fazer na cidade. A Curaçao Liqueur Distillery realiza um famoso tour por toda sua produção e é possível acompanhar de pertinho como a bebida alcóolica é feita. As explicações se iniciam logo na entrada quando descobrimos que a principal composição do licor é feita a partir da laranja (na verdade, o fruto parece mais um limãozinho) e, por isso, há algumas árvores plantadas bem no portão de entrada – para que o público possa ter uma ideia, mas não chegue tão perto da verdadeira produção. Ao longo do passeio, você descobre todas as curiosidades por trás da bebida, e inclusive, como ela toma aquela cor azul tão marcante. E, claro, ao final é possível provar todas as variedades que o licor oferece.
Rua Schottegatweg Oost, 129
Kura Hulanda
Ali em cima, falamos brevemente que Curaçao também teve sua marca na história da escravidão. A ilha foi rota do tráfico de escravos, sendo passagem para quem partia da Europa com destinos às Américas e por isso, o comércio de pessoas negras fazia parte do seu cotidiano, sendo legal ou não. Sendo assim, a cultura afro está bem enraizada em Willemstad. O Museu Kura Hulanda, localizado em Otrobanda, retrata este período tão marcante da história mundial e transmite a mensagem de uma forma impactante. O museu, com suas inúmeras características, também apresenta uma réplica do porão de um navio negreiro, além de celas onde os escravos ficavam presos. Prepare-se para conhecer um lado de Curaçao que não é bonito, mas é extremamente importante.
Rua Klipstraat, 9 – Otrobanda
Onde comer?
Gouverneur de Rouville
Quando te derem dicas de onde comer em Curaçao, com certeza o Gouverneur estará na lista, afinal, é um dos restaurantes mais badalados de Willemstad e está localizado em um dos casarões antigos de Otrobanda, bem próximo à ponte Queen Emma. Os pratos não têm tantas invenções e podemos dizer que são bem parecidos com a gastronomia que estamos acostumados no Brasil. O Keshi Jena é um dos clássicos curaçaleños e pode ser pedido por lá, feito com frango, temperos e bastante queijo. Há também a boa opção da carne de panela (servida com bastante pimentão, algo que eles adoram), que acompanha polenta frita e um clássico arroz com feijão. Aproveite o ambiente externo com uma fonte e diversas árvores.
Rua De Rouvilleweg – Otrobanda
Como chegar?
Em um passado não tão distante se locomover até Curaçao era um pouco cansativo. Afinal, as escalas faziam parte da rota de quem tinha passagens compradas para desembarcar no Caribe. Mas, desde dezembro de 2018, um novo voo entrou para a malha área do Aeroporto de Guarulhos e agora é possível viajar para Willemstad sem, necessariamente, parar em aeroportos da Colômbia ou do Panamá. A Divi Divi Air, empresa curaçaleña, se uniu a Corendon Airlines, linha área holandesa, para oferecer aos brasileiros um conforto ainda não visto, um voo direto de São Paulo para Curaçao, com apenas seis horas de duração. As idas para Willemstad acontecem apenas uma vez por semana e saem sempre aos domingos, às 9h35 (horário local) do Aeroporto Internacional de Guarulhos e as voltas também são feitas no mesmo formato, apenas aos sábados, às 10h50 (horário local). Por enquanto, as compras avulsas dos voos ainda não estão disponíveis, mas é possível adquiri-los em pacotes que são oferecidos pelos hotéis de Curaçao. O FlyTour e o ViajarBarato são os sites responsáveis pelas comercializações.
Vale lembrar que Curaçao exige o Certificado Internacional de Vacinação da Febre Amarela e é necessário tomar com 10 dias de antecedência a data de embarque.
A jornalista viajou a convite do Curaçao Tourism Board