Grande Barreira na Austrália perde metade de seus corais em três décadas
Maior recife de coral do mundo cobre mais de 210 mil quilômetros quadrados e é o lar de mais de 1.500 espécies de peixes
A Grande Barreira de Corais da Austrália perdeu 50% de suas populações de corais nas últimas três décadas. Segundo um novo estudo revelado na terça-feira (13), as mudanças climáticas foram as maiores responsáveis pela perturbação dos recifes.
Pesquisadores do Centro de Excelência para Estudos de Recifes de Coral ARC, em Queensland, nordeste da Austrália, avaliaram as comunidades de corais e o tamanho de suas colônias ao longo da Grande Barreira de Corais entre 1995 e 2017, descobrindo o esgotamento de praticamente todas as populações de corais. Os recifes de coral estão entre os ecossistemas marinhos mais ricos do planeta: entre um quarto e um terço de todas as espécies marinhas dependem deles em algum momento de seu ciclo de vida.
Maior recife de coral do mundo, a Grande Barreira de Corais cobre mais de 210 mil quilômetros quadrados e abriga mais de 1.500 espécies de peixes, 411 espécies de corais duros e dezenas de outras espécies.
“Descobrimos que o número de corais pequenos, médios e grandes na Grande Barreira de Corais diminuiu em mais de 50% desde a década de 1990”, relatou Terry Hughes, coautor do estudo e professor do ARC, em um comunicado.
Os recifes são fundamentais para a saúde dos ecossistemas marinhos. Sem eles, os ecossistemas entram em colapso e a vida marinha morre.
O tamanho da população de corais também é considerado vital quando se trata da capacidade de reprodução do coral.
“Uma população ativa de corais tem milhões de pequenos corais bebês, bem como muitos corais grandes, que são as grandes mães que produzem a maior parte das larvas”, explicou Andy Dietzel, estudante de doutorado no ARC.
“Nossos resultados mostram que a capacidade da Grande Barreira de Corais de se recuperar (ou seja, sua resiliência) está comprometida em comparação com o passado, porque há menos bebês e menos adultos reprodutores de grande porte”, acrescentou.
Segundo os especialistas, os declínios populacionais ocorreram em espécies de corais de águas rasas e profundas, mas os corais ramificados e em forma de mesa (que fornecem habitats para peixes) foram os mais afetados por eventos de branqueamento em massa em 2016 e 2017, desencadeados por temperaturas recordes.
As altas temperaturas do oceano são o principal fator para o branqueamento, já que os corais desbotam como uma resposta ao estresse por causa da água que está muito quente. O branqueamento não mata o coral imediatamente, mas, se as temperaturas permanecerem altas, ele acaba morrendo, destruindo o habitat natural de muitas espécies de vida marinha.
O novo estudo encontrou deteriorações mais acentuadas das colônias de corais na Grande Barreira de Corais do Norte e Central após os eventos de branqueamento em massa em 2016 e 2017.
A Grande Barreira de Corais sofreu vários eventos de branqueamento em massa nos últimos cinco anos, e especialistas disseram que a parte sul do recife também foi exposta a temperaturas recordes no início de 2020.
“Costumávamos pensar que a Grande Barreira de Corais seria protegida por seu tamanho, mas nossos resultados mostram que mesmo o maior e relativamente melhor protegido sistema de recifes do mundo está cada vez mais comprometido e em declínio”, afirmou o professor Hughes.
Os autores do relatório alertaram que a mudança climática está aumentando a frequência de “perturbações nos recifes”, como ondas de calor marinhas.
“Não há tempo a perder: devemos reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa o mais rápido possível”, alertaram os autores do relatório no artigo, publicado na revista Proceedings of the Royal Society.
Helen Regan, da CNN, contribuiu para esta reportagem. (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)