Roberta Sudbrack reabre ‘Da Roberta’ com nova proposta e em outro endereço no Rio de Janeiro

Em um casarão restaurado em Botafogo, estrelada chef explora sabores de comidas de rua pelo mundo no novo momento de seu restaurante

Daniela Caravaggido Viagem & Gastronomia

A chef Roberta Sudbrack está de volta com um de seus grandes xodós. O ‘Da Roberta‘, que fechou as portas durante a pandemia, reabriu na última terça-feira (11), em um casarão do ano de 1920 todo restaurado, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.

Agora inspirado em comidas de rua pelo mundo, o local traz Sudbrack de volta às origens, e mais uma vez resgata sentimentos de quando vendia cachorros-quentes com sua avó Iracema pelas ruas de Brasília.

“Depois que abri meu primeiro foodtruck e vi filas de quase cinco horas de pessoas querendo comer meus sanduíches, percebi que era isso que eu amava e exatamente o lugar onde eu queria estar. Estar no meio da rua, de forma descontraída, era como eu enxergava o meu negócio para os próximos anos. Fiquei muito emocionada com todo o sucesso e resolvi estacionar o caminhão em um local fixo, dentro de uma garagem. Assim, abri as portas do ‘Da Roberta’ no Leblon, em 2015″, relembra a chef, que já era há muitos anos reconhecida no mundo da gastronomia

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Roberta chegou ao Rio de Janeiro em 2005 e abriu o primeiro restaurante a oferecer menu degustação na cidade. Sempre com ingredientes frescos e brasileiros, o local que levava seu nome ganhou a confiança e paladar de muita gente, conquistando uma Estrela Michelin e somando prêmios durante os seus 12 anos de funcionamento.

A trajetória

Apesar de todo o glamour que uma chef estrelada tem à disposição, Sudbrack sempre preferiu restaurantes “low profile”. A trajetória, que parece um conto de fadas para quem vê de fora, teve muita batalha e persistência para chegar ao lugar em que chegou.

Quando era mais nova, recebeu uma oportunidade imperdível para cursar veterinária nos Estados Unidos. Amava (e ainda ama) animais e achava que aquilo era seu futuro. Mal sabia que aquela mudança de país modificaria todos os seus planos.

“Fui criada pelos meus avós e sempre admirei minha avó na cozinha. Sempre foi muito batalhadora e minha referência para tudo. Tive essa oportunidade de estudar fora com o dinheiro dos cachorros-quentes que vendia com ela. Pela primeira vez, fui morar sozinha e tive de aprender a cozinhar. Deu muito certo e passei a vender quentinhas na embaixada brasileira em Washington”, conta Roberta.

Sem cursos, aprendeu a cozinhar de forma autodidata e dedicou seu tempo para estudar gastronomia do jeito que dava: mergulhando em livros que tinha à disposição, com muita disciplina. Resolveu voltar ao Brasil para investir naquilo que havia descoberto uma vocação e teve incentivo daquela que a apoiava em tudo.

“Minha avó só me falou: é isso o que você quer fazer? Então faça o melhor. O que posso fazer para ajudar? Como ela era uma costureira de mão cheia, pedi pra ela fazer meu primeiro jaleco, bordado com meu nome”, lembra.

De volta a Brasília, através do “boca a boca”, começou a preparar jantares na casa de figuras importantes da política brasileira. Em um desses encontros, que estavam sempre cheios de autoridades, conheceu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“Me falaram de última hora que mais dois convidados chegariam e era ele com sua esposa, dona Ruth. Ele estava em seu primeiro mandato e nunca tinha tido um chef de cozinha responsável pelas refeições de sua casa. Gostou da ideia e comecei a trabalhar para ele em eventos especiais. Depois de alguns jantares, ele me convidou para ficar no Palácio da Alvorada, fazendo a comida do dia a dia. Ele adorava picadinho e frango assado. Usava ingredientes simples e brasileiros, que mostravam a identidade do nosso país. Foi uma experiência maravilhosa”, conta.

Após terminar seu ciclo em Brasília em 2003, resolveu que mudaria de cidade. Já conhecida no meio, foi convidada para comandar um espaço em São Paulo com uma estrutura completa, mas recusou. Apenas com a vontade de dar certo, sem conhecer ninguém, optou pelo caminho mais difícil. “Obstinação”, classifica. Chegou ao Rio de Janeiro em 2005 para abrir o estrelado “Roberta Sudbrack”.

“Nunca trabalhei pensando em prêmios e sempre falo para os meus cozinheiros não trabalharem pensando nisso. O que é importante para mim é a relação que se tem com o produtor e com os ingredientes, além da linguagem que criamos para conversar com o alimento. O Roberta Sudbrack teve uma trajetória de 12 anos. Durante dez deles eu fui muito feliz. Nós ganhamos tudo o que foi possível, mas comecei a me incomodar por estar muito distante do público, em um ambiente que eu já não enxergava mais fazer sentido “, pondera.

Depois de muitas viagens pelo mundo, passou a observar mais de perto a comida de rua e a forma como ela era feita em cada local, principalmente na Europa, com seriedade e ótima relação dos empresários com os produtores artesanais. Daí nasceu a vontade de ter seu Foodtruck em 2015, que logo transformou-se no Da Roberta e também a incentivou na abertura de outro restaurante, o Sud, o Passário Verde, que está no Jardim Botânico há cinco anos.

O novo Da Roberta

Em um casarão restaurado no bairro de Botafogo, chef aposta em sabores de comida de rua pelo mundo para nova fase de seu restaurante / Divulgação

A reabertura com uma proposta diferente mantém a essência que sempre guiou os restaurantes da chef. Valorizando os pequenos produtores brasileiros, o cardápio do Da Roberta não é fixo. A cada semana ele é desenhado e adaptado de acordo com o que há de melhor entre os seus fornecedores. O que muda neste novo formato é que além dos seus famosos sanduíches, porções e pratos explorando sabores da comida de rua pelo mundo serão servidos – mas sempre feitos com ingredientes do Brasil. “É um bar de comida de rua”, classifica.

E quem já é fã da chef pode ficar tranquilo: o SudDog, seu icônico hot dog, é presença certa por lá, e lidera a lista das ‘street foods’. Feito na baguete, com salsicha levemente picante e muito queijo brasileiro derretido (R$ 34), foi o item mais pedido no dia da abertura.

Clássico sanduíche da chef, o Sudgog foi inspirado em seu início e faz parte do cardápio também do novo ‘Da Roberta’ / Divulgação

“A pandemia deu uma sacudida em tudo e foi um grande aprendizado pra mim. Fechamos o Da Roberta e continuamos com o restaurante Sud, que precisou se adaptar ao Delivery. Nunca tinha feito e confesso que tinha um preconceito. Levei um tapa na cara, porque salvou o meu negócio. Não precisei demitir ninguém e me reinventei. Criamos uma cozinha voltada para as entregas, já com objetivo de torná-la o novo Da Roberta assim que as coisas fossem estabilizadas. Tudo deu certo e hoje estamos aqui”, comemora a chef.

Asinha de frango caipira super picante (R$ 29 – 4 unidades); Guioza de costelinha de porco (R$ 28 – 4 unidades); Brisket Texas Barbecue, com batata assada e coleslaw (R$ 59); Falafel da Roberta, com hommus, saladinha mediterrânea, coalhada sumack e pão sem fermento (R$ 47); SudBurger, com queijo raclette derretido, alface, tomatinhos marinados e maionese picante (R$ 65) e lasanha com ragu, bechamel, queijo, acompanhado de saladinha orgânica fresca (R$ 49) estão dentre as opções do cardápio de reabertura.

Falafel ‘da Roberta’, com hommus, saladinha mediterrânea, coalhada, sumack e pão sem fermento é um dos pratos do cardápio da inauguração / Divulgação

Lá, os clientes também encontrarão sobremesas, como o bolo molhado de chocolate da chef (R$ 38), e opções de vinhos, cervejas e drinques, como caipirinha, Negroni, Martini, Gin Tônica e Aperol.

Da Roberta: Rua Mena Barreto 105, Botafogo, Rio de Janeiro /Tel.: (21)-99370-9996 / Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 12h às 22h .


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