Paraíso no centro do Brasil, Chapada dos Veadeiros esconde joias naturais e gastronômicas
Com paisagens deslumbrantes e pores do sol emocionantes, a Chapada é reduto riquíssimo de fauna e flora que nos presenteia com cachoeiras refrescantes e achados gastronômicos que aquecem alma e estômago com pratos autênticos
Cerca de 240 km separam a capital Brasília de um dos tesouros mais bem conservados e singulares de todo Brasil. Repleta de formações de quartzo, piscinas rochosas e quedas d’água que fazem brilhar os olhos, a Chapada dos Veadeiros é um destino nacional digno de ser visitado sem pressa.
Suas paisagens, seus saberes e seus sabores encantam e formam um convite especial que nos traz para mais perto da terra, onde a natureza exuberante marcada pelas particularidades do Cerrado nos dá calorosas boas-vindas.
Que tal passar as noites observando um céu extremamente estrelado dentro de um domo envolto pela natureza? Ou se banhar em cachoeiras de águas refrescantes? E ainda entrar em contato com uma vida animal e vegetal ímpar e terminar o dia contemplando um pôr do sol que pincela o céu de cores quentes?
Com isso, costumo dizer que a Chapada é mais do que um paraíso: é uma experiência natural bem no centro do Brasil que mexe com todos os nossos sentidos.
Uma vez aqui, difícil não se surpreender com tamanha imensidão e energia que este pedaço do interior de Goiás nos revela.
A Chapada: ecoturismo e paisagens
Quando falamos sobre a Chapada dos Veadeiros estamos nos referindo a uma região no noroeste de Goiás que se distingue por suas belezas e importâncias naturais.
A viagem a partir de Brasília leva cerca de três horas de carro e a região conta com algumas cidades-base para percorrer a Chapada, como Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante, assim como a vila de São Jorge, ligada à Alto Paraíso.
Por aqui, cenários que mesclam a fauna e a flora do Cerrado ditam o tom das maravilhas que encontramos pelo caminho, já que a Chapada também compreende um dos principais destinos nacionais para os amantes de ecoturismo.
Para além das riquezas naturais do entorno, a essência da Chapada reside justamente no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, unidade de conservação que carrega a fama da área.
Administrado pelo ICMBio, que realiza trabalhos com objetivo de pesquisa científica, educação ambiental e visitação pública, o parque abrange 240 mil hectares. Ele é dividido em pelo menos cinco trilhas com atrações naturais, assim como é lar de espécies e formações vegetais únicas, centenas de nascentes e cursos d’água e até rochas com mais de um bilhão de anos.
Não é à toa que foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco em 2001.
Trilhas, caminhadas, banhos de rios e cachoeiras, acampamento, canionismo, escalada, observação astronômica…São várias as possibilidades de conhecer a fundo o parque, que ainda nos reserva paisagens a se perder de vista e pores do sol impressionantes.
Vale ressaltar que a entrada no parque é controlada e paga-se R$ 45 para adentrar a área – os valores mudam para moradores locais e comprovantes de meia-entrada.
E, praticamente no quintal do parque, o Hidden Treasure – Glamping Chapada dos Veadeiros é uma das hospedagens que mais nos surpreendem neste pedaço de terra.
Com cerca de quatro domos que se abrem para dias esplêndidos e noites estreladas, ficar aqui é um verdadeiro convite para experimentarmos de fato a Chapada como ela é.
A recepção é feita da maneira mais hospitaleira possível, as comidinhas vêm de produtores locais e a intimidade com o entorno da Chapada faz brilhar nossos olhos. Confira como é acampar de maneira sofisticada no centro do Brasil nesta minha outra coluna.
Cachoeiras, trilhas e Vale da Lua: o que ver e fazer
A seguir, seleciono cinco das atrações imperdíveis para contemplar e se aventurar na Chapada, seja em territórios particulares no entorno do parque ou ainda dentro da própria unidade de conservação.
Vale lembrar que a Chapada também é um destino ideal para ser curtido ao lado das crianças, já que este cantinho de Goiás oferece uma aproximação da natureza sem igual – difícil não ver a criançada esboçando sorrisos e se aventurando nas caminhadas ou nos banhos refrescantes.
Cachoeira dos Cristais
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A oito quilômetros de Alto Paraíso de Goiás fica a Cachoeira dos Cristais, complexo que nos presenteia com poços e deliciosas quedas d’água. É um local ideal para ser curtido ao lado da família.
A trilha única nos revela cachoeiras de diversos nomes e também diferentes tipos de poços, em que alguns até se parecem com piscinas naturais.
No final da trilha, que é curta, encontramos uma cachoeira formada por algumas quedas que são para lá de refrescantes para banho – vale destacar que o poço é raso.
O local tem estrutura com estacionamento, banheiros, restaurante, lojinha e deques – dê preferência para conhecer o local em dias de semana, já que a proximidade da cidade faz com que feriados e períodos de férias aumentem a quantidade de visitantes.
A entrada gira em torno dos R$ 20.
Cachoeiras Almécegas e São Bento
Também a cerca de oito quilômetros de Alto Paraíso está a trinca de cachoeiras Almécegas 1, Almécegas 2 e São Bento.
Elas ficam dentro de uma propriedade particular, a Pousada São Bento, o que garante certa estrutura para nós visitantes, como estacionamento, restaurante, banheiros e trilhas sinalizadas.
É um ponto bastante visitado na região por não ser tão longe das principais bases de hospedagem e do Parque da Chapada.
A Cachoeira São Bento é a mais próxima atração dentro da área, a cerca de 300 metros da entrada da fazenda, em que possui um poço bom para atividades como mergulho e natação.
Aqui ainda ficam as Cachoeiras Almécegas 1 e 2. A maior delas é a Almécegas 1, que é acessada a partir da portaria num trajeto de terra de seis quilômetros até a chegada da trilha, que tem mais 1,5 km de extensão.
Todo o esforço vale a pena quando nos deparamos com o grande paredão de quartzito de 50 metros por onde a água escorre. Além dos muito bem-vindos banhos, um mirante no alto nos ajuda a contemplar a beleza ímpar do local.
Para os mais aventurados, também é realizado rapel no canto direito da cachoeira.
Já sua irmã menor, Almécegas 2, é acessada por uma curta trilha com percurso plano, em que a queda possui cerca de 10 metros de altura e conta com um poço grande para banho – na parte de cima há algumas piscininhas naturais.
A entrada somente para a cachoeira São Bento custa R$ 40; para acessar as três cachoeiras é necessário desembolsar R$ 70 e se programar para passar o dia por aqui.
Vale da Lua
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No entorno da Chapada, a cerca de 35 km de Alto Paraíso em direção ao vilarejo de São Jorge, fica esta que é uma das atrações mais emblemáticas de toda a região.
Um dos cartões-postais daqui, o Vale da Lua deve constar no seu roteiro: é daqueles locais únicos que enriquecem a diversidade paisagística e natural do nosso Brasil.
O Vale da Lua recebe este nome por ser um conjunto de rochas que cria uma superfície similar com a da lua, em que as águas que correm entre elas são transparentes. As formações rochosas cinzentas são esculpidas pelo rio São Miguel.
É um local famoso por ser místico e carregar uma paisagem autêntica, em que as forças da natureza esculpiram os buracos nas rochas e a aparência lunar ao longo de milhões de anos.
Interessante é que os buracos são chamados de panelas, marmitas ou liquidificadores. Quando adentramos em algumas das rochas, a queda d’água que passa por elas forma uma espécie de hidromassagem natural – um deleite!
O complexo também tem piscinas naturais, em que a última delas é a mais recomendada. Vale destacar que as corredeiras e caldeirões de água são ideais para serem curtidos em época de seca, já que no período de chuvas o Vale da Lua se torna um local arriscado com os grandes volumes de água e as pedras lisas.
A dica é aproveitar a atração natural ao lado de um guia local, que dá uma melhor dimensão do espaço, de sua história, importância e também dicas para melhor aproveitamento. A entrada para o Vale da Lua é controlada e sai por cerca de R$ 40.
Corredeiras do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
Dentro do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros ficam as Corredeiras do Rio Preto, local que, além de lindo, é ótimo para tomarmos banhos de rios e aproveitarmos as hidromassagens naturais formadas pelas pequenas quedas. As águas também chegam a ficar quentes por conta do sol que bate nas pedras do entorno.
A boa notícia é que a concessionária que atua dentro do parque tem um serviço de transporte interno que nos leva desde o centro de visitantes até as corredeiras e o início da descida da trilha para os Saltos do Rio Preto.
No total, o caminho apenas para as corredeiras é de cerca de seis quilômetros.
Além das corredeiras, os mais corajosos podem ainda fazer um percurso de cerca de 11 km que inclui passagem no Mirante do Salto do Rio Preto (um salto de 120 metros) e no Carrossel, um poço que fica aberto na época da seca.
O trajeto passa ainda pelo local conhecido como Garimpo, considerado o maior garimpo de cristal de quartzo da região quando estava em atividade entre 1912 e 1961. Aqui podemos avistar paisagens deslumbrantes que caracterizam a Chapada dos Veadeiros.
Mas atenção: além de termos de ficar atentos aos horários de fechamento do parque, também é recomendada a contratação de um guia para auxiliar nos trajetos.
Termais do Morro Vermelho
Para além das águas frescas das cachoeiras, a Chapada também conta com algumas piscinas de águas termais que são bem quentinhas. Nada melhor do que terminar o dia depois de trilhas e aventuras relaxando de forma bem serena nessas águas.
As águas termais do Morro Vermelho ficam na Fazenda do Morro Vermelho, a cerca de 14 km de Alto Paraíso no sentido de Colinas do Sul. A propriedade fica bem ao lado da rodovia. Uma trilha fácil e pavimentada nos leva às piscinas de pedra, que possuem mais de um metro de profundidade e águas que podem chegar aos 30°C.
O preço para entrar nas piscinas fica em torno dos R$ 40 – mas fique atenta se o local está aberto de acordo com a época da viagem.
Sabores da Chapada
Além de sua abundância natural, a Chapada também nos garante maravilhas gastronômicas que são verdadeiros achados.
Receitas bem típicas usam ingredientes locais para nos oferecer uma culinária que reflete um sabor delicioso de Goiás.
O encanto destas bandas é também deixar-se surpreender. E uma das surpresas mais agradáveis da viagem foi cair por acaso no Moringa Gastronomia, restaurante no caminho da Cachoeira do Segredo, na Vila de São Jorge.
Depois de percorrer mais de sete quilômetros na trilha da cachoeira, uma das mais bonitas da região que se ergue a 100 metros de altura em meio a um imponente cânion, paramos no Moringa famintos.
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É definitivamente um lugar simples e acolhedor situado em uma casinha simpática “no meio do nada” que nos recepciona com um atendimento mais que especial. O melhor? Preço bom e comida surreal de boa.
Entre as escolhas, a aposta foi na galinhada com pequi e arroz da roça com linguiça e couve crocante. Deu para sentir fome daí?
E para finalizar, um crème brûlée de doce de leite. Com tamanha simplicidade e explosão de sabor, são momentos como estes que fazem a viagem valer a pena. O restaurante funciona todos os dias das 12h às 18h.
E os deleites gastronômicos ainda não acabaram: comandado pela chef brasiliense Mara Alcamim, que também está por trás do Restaurante Universal, em Brasília, o Na Mata é um dos melhores achados gastronômicos do Centro-Oeste.
Com um supercuidado na seleção dos ingredientes, o restaurante traz a lenha como protagonista em técnicas de fogo que vão da parilla à defumação – aprendidas durante uma temporada da chef com o argentino Francis Mallmann, mestre do fogo.
Situado às margens de um rio na Vila de São Jorge, em Alto Paraíso, o ambiente aberto em meio às árvores já nos surpreende com brasas ao ar livre com carnes, legumes e frutas que escaldam na lenha.
Para começar, a boa pedida é um refrescante Gin Tônica Na Mata, que leva gengibre, gim gaseificado e infusão com açafrão.
No âmbito dos pratos, a cremosa polenta com rabada, finalizada na lenha, é viciante, assim como os pastéis de queijo cremosos e as croquetas de costela e pamonha frita do molho de pequi.
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De principal, a dica é se divertir nos acompanhamentos, como a salada de legumes defumados, arroz de banana com especiarias e a boa e tradicional salada de batata.
Tudo isso para acompanhar uma bela costela cozida à baixa temperatura por horas ou o corte premium de bisteca à fiorentina, que vem no ponto perfeito.
Servidos? Pois na Chapada é assim: paisagens que brilham os olhos, banhos de cachoeiras que refrescam o corpo e comidas típicas que nos dão um abraço.