Onde comer em Boa Vista, capital influenciada pela gastronomia indígena e nordestina
Banhada pelo Rio Branco e totalmente acima da linha do Equador, a capital roraimense possui cantinhos muito simples mas que são ideais para apreciarmos uma cozinha local cheia de iguarias
Destino pouco conhecido pela maior parte dos brasileiros, Boa Vista é a única capital completamente no hemisfério norte, isto é, acima da linha do Equador. Banhada pelo Rio Branco, é uma capital com ares de interior, contando com pouco mais de 420 mil habitantes.
A cultura gastronômica da cidade é influenciada pelos descendentes de indígenas e nordestinos, que compõem a população local, e também da Guiana e da Venezuela, países vizinhos.
Não há tantos restaurantes quanto em outras capitais brasileiras, mas, com a ajuda da jornalista e pesquisadora da culinária indígena e amazônica Denise Rohnelt Araujo, que mora na cidade há muitos anos, consegui garimpar algumas ótimas opções para se comer bem na cidade.
A seguir, confira boas opções na capital roraimense que refletem o melhor da cozinha local:
FlutuaíBV Sky Bar & Lounge
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Bolinho paraense do FlutuaíBV é feito com massa de tucupi e camarão com jambu • Caroline Grimm
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Bolinho roraimense feito com carne de panela • Caroline Grimm
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Pastel de carne de sol desfiada • Caroline Grimm
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Tacacá, prato bem regional, é servido na casa flutuante • Caroline Grimm
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Varal do Kite traz amostra das entradas da casa, com dadinho de tapioca, croqueta roraimense e camarão cruviana • Caroline Grimm
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Chegada ao flutuante, na Avenida Getúlio Vargas • Caroline Grimm
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Flutuante fica atracado nas águas do Rio Branco • Caroline Grimm
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Segundo andar do flutuante garante vistas privilegiadas para o entorno • Caroline Grimm
Primeiro flutuante de Boa Vista, o FlutuaíBV está atracado à margem do Rio Branco, o que garante uma vista privilegiada para o entorno.
Conta com uma cozinha completa, de onde saem pratos regionais como o tacacá (R$ 35), o pastel caçari de carne de sol desfiada (R$ 47), o pirarucu em crosta de castanha (R$ 50) ou a caldeirada de tambaqui (R$ 85), que serve 2 pessoas.
Para termos uma amostra das entradas da casa, uma ótima pedida é o Varal do Kite (R$ 90), que traz dadinho de tapioca, croqueta roraimense (feita com carne de panela), bolinho paraense (feito com massa de tucupi e camarão com jambu – foi dos melhores que já comi) e camarão cruviana.
Para beber há opções para todos os gostos, desde sucos, refrigerantes, cervejas, destilados em dose ou garrafa, espumantes, drinques clássicos e autorais.
Há ainda shows ao vivo e também podemos alugar stand up paddle ou contratar passeios de pôr do sol e lua cheia. Não é cobrada entrada, somente consumação.
Avenida Getúlio Vargas, 1471 – Caçari, Boa Vista – RR / Telefone: (95) 99155-1040 / Aberto de quarta a domingo das 11h às 22h.
Café Barracão do Poeta
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Cuscuz com carne de sol na nata, queijo coalho na chapa e banana frita do Barracão do Poeta • Caroline Grimm
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X-caboquinho é icônico sanduíche manauara que leva queijo coalho, banana frita e tucumã • Caroline Grimm
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Praça de alimentação do Plataforma 8, onde fica o Barracão do Poeta • Caroline Grimm
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Localizado dentro do espaço de coworking Plataforma 8, no centro de Boa Vista, o Café Barracão do Poeta é especializado em cafés da manhã, com inúmeras opções de cuscuz, tapiocas, crepiocas, aveiocas, pães, sanduíches, wraps, panquecas, paçocas, omeletes, waffles, doces, cafés e sucos.
Minha sugestão? Peça o cuscuz com carne de sol na nata, queijo coalho na chapa e banana frita (R$31) e o x-caboquinho (R$ 22), icônico sanduíche manauara que leva queijo coalho, banana frita e tucumã, um fruto fibroso de uma palmeira amazônica que tem um sabor levemente amargo.
E para beber? Uma vez na Amazônia, não deixe de pedir um suco com alguma das deliciosas frutas locais, como o cupuaçu, o taperebá ou a graviola (R$ 10).
Rua Pedro Rodrigues, 80 – Centro, Boa Vista – RR / Telefone: (95) 98104-2119 / Aberto de segunda a sábado das 07h às 10h30 e das 15h às 18h30.
Damurida Gourmet
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Damurida é prato típico do estado e o preparo tradicional consiste numa fervura de diferentes tipos de pimenta, tucupi preto, erva (normalmente a folha da pimenteira) e um peixe ou carne de caça • Caroline Grimm
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Prato costuma ser preparado para dar as boas-vindas a um visitante e é servido numa cuia com pedaço de Beiju ou farinha
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Algumas das inúmeras pimentas que são utilizadas no preparo da damurida • Caroline Grimm
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Ambiente interno do Damurida Gourmet, na Avenida Princesa Isabel • Caroline Grimm
A Damorida (ou damurida), prato típico de Roraima, é o carro-chefe da culinária indígena, e costuma ser preparado para as boas-vindas de um visitante.
O preparo tradicional consiste numa fervura de diferentes tipos de pimenta, tucupi preto, alguma erva (normalmente a folha da pimenteira) e um peixe ou carne de caça. É servida numa cuia com um pedaço de Beiju ou farinha. É um prato complexo de sabores, com o umami do tucupi e a picância das pimentas.
A Damorida não é encontrada em restaurantes tradicionais. A Damurida Gourmet serve uma versão discretamente adaptada ao nosso paladar, somente às quartas-feiras. Então, se estiver visitando a cidade, programe-se com antecedência, para não correr o risco de não conseguir experimentar.
O valor do rodízio por pessoa é de R$ 45.
Avenida Princesa Isabel, 347 – Liberdade, Boa Vista – RR / Telefone: (95) 99148-7914 / Aberto somente às quartas, das 19h30 às 22h30.
Tapiocaria Cangaço
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Uma das inúmeras tapiocas servidas no local - casa serve desde tapioca de carne de sol até a Cartola, que leva banana prata, queijo mussarela, açúcar e canela • Caroline Grimm
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Cuscuz Cangaço vem com carne de sol, ovo e queijo coalho • Caroline Grimm
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Danado de Bom leva purê de jerimum, carne de sol e nata • Caroline Grimm
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Fachada da Tapiocaria Cangaço, casa especializada em tapiocas • Caroline Grimm
Casa especializada em tapiocas, é um dos cantinhos mais charmosos da cidade. Fica numa casa de esquina toda decorada com temas do sertão nordestino, em cores alegres e vibrantes.
Da cozinha você pode pedir diversas tapiocas, como a de carne de sol (R$ 19,60), e a Cartola (R$ 11,60), que leva banana prata, queijo mussarela, açúcar e canela.
Caso não queira tapioca, também pode pedir cuscuz como o Cangaço (R$ 19,50), que vem com carne de sol, ovo e queijo coalho, ou pratos, como o Danado de Bom (R$ 24), que leva purê de jerimum, carne de sol e nata.
O local ainda oferece pratos mais leves e para pessoas com restrições alimentares, além de diversos sucos, smoothies, vitaminas e polpas.
Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, 386 – Aparecida, Boa Vista – RR / Telefone: (95) 99134-4327 / Aberto de segunda a sábado das 16h às 22h.
Restaurante Marina Meu Caso
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Banda de tambaqui assado é carro-chefe da casa • Caroline Grimm
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Prato serve duas pessoas e vem com baião de dois, salada, farofa e vinagrete • Caroline Grimm
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Fachada do Marina Meu Caso, na Avenida Santos Dumont • Caroline Grimm
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Deque da casa tem vistas para o Rio Branco • Caroline Grimm
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Pescadores ficam às margens do Rio Branco e podem ser observados no deque do restaurante • Caroline Grimm
Restaurante às margens do Rio Branco, o Marina Meu Caso é muito simples, com um deque com vista para o rio.
A cozinheira, Marina, é uma personagem na cidade, dadas as inúmeras histórias pelas quais já passou.
A mais inusitada é a de ter se travestido de homem para conseguir entrar e trabalhar no maior garimpo a céu aberto do mundo, a Serra Pelada, na década de 1980, pois era proibida a entrada de mulheres naquela época.
Assim, Marina conseguiu montar dois restaurantes na região. O local existe desde 1994 e é tocado por Marina e seu marido, que é pescador.
O cardápio é muito enxuto, mas com pratos bem executados. O carro-chefe é a banda de tambaqui assado (R$ 135), servido com baião de dois, salada, farofa e vinagrete.
Avenida Santos Dumont, 40 – São Pedro, Boa Vista – RR / Telefone: (95) 3624-3911 e (95) 99173-7552 / Aberto de segunda a sexta das 08h às 22h e aos sábados, domingos e feriados das 08 às 18h.
Seu Suassuna Comida Nordestina
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Tripa frita acompanha vinagrete e farofa • Caroline Grimm
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Rubacão com arroz vermelho leva ainda feijão branco, creme de leite, nata, queijo coalho, manteiga e charque • Caroline Grimm
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Pão Matutão vem com pasta de nata com carne de sol desfiada e queijo coalho maçaricado • Caroline Grimm
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Fava com charque, bacon e vinagrete • Caroline Grimm
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Cartola com calda de chocolate é pedida certa para sobremesa • Caroline Grimm
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Quintal do Seu Suassuna, restaurante cheio de árvores e redes • Caroline Grimm
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Localizado em uma casa com um quintal amplo, cheio de árvores para fazer sombra e aplacar o calor sufocante da cidade, o Seu Suassuna Comida Nordestina conta com mesas e redes espalhadas.
Serve comida nordestina raiz, com muita nata e carne de sol.
As sugestões são o Rubacão com arroz vermelho (R$ 35), prato que leva feijão branco, arroz vermelho, creme de leite, nata, queijo coalho, manteiga e charque; ou o Pão Matutão (R$ 11), que vem com uma pasta de nata com carne de sol desfiada com queijo coalho maçaricado.
Também vale a Fava com charque, bacon e vinagrete (R$ 23). Para os mais ousados, a Tripa frita (R$ 28), que acompanha vinagrete e farofa.
Às sextas é servida feijoada a R$ 24 por pessoa.
Sobrou espaço para a sobremesa? Vá de Cartola com calda de chocolate (R$ 22) e depois corra para tirar uma soneca em uma das redes embaixo das árvores.
Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, 3571 – Mecejana, Boa Vista – RR / Telefone: (95) 3224-1000 / Aberto de segunda a sexta das 11h às 23h e aos sábados e domingos das 11h às 15h.
Riu
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Assim como Risoto Macuxi, o Carbonara leva carne de sol, queijo coalho e banana • Caroline Grimm
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Filetto di Roraima é prato composto por mignon curado, purê de banana, molho da própria carne, chips de macaxeira e espaguete alho e óleo • Caroline Grimm
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Pasteis com carne de sol e requeijão é porção tradicional na casa • Caroline Grimm
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Fachada do Riu, um dos restaurantes mais emblemáticos de Boa Vista • Caroline Grimm
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Ambiente interno do Riu, restaurante que fica à beira do Rio Branco • Caroline Grimm
O Riu é um dos restaurantes mais badalados da cidade. A casa apresenta uma cozinha mais tradicional e serve pratos como massas, risotos, salmão e filé à parmegiana.
Por estar à margem do Rio Branco, tem uma bela vista e é um dos únicos restaurantes da região com ar-condicionado.
Sempre dou preferência aos pratos com ingredientes locais. Logo, minhas sugestões são o pastel com carne de sol e requeijão (R$ 44), o Carbonara ou Risoto Macuxi (R$ 64), que levam carne de sol, queijo coalho e banana.
Caso prefira carne, uma opção é o Filetto di Roraima (R$ 76), prato composto por mignon curado, purê de banana, molho da própria carne, chips de macaxeira e espaguete alho e óleo.
Rua Floriano Peixoto, 545 – Centro, Boa Vista – RR / Telefone: (95) 99162-6044 / Aberto todos os dias das 11h30 às 15h e de quinta a sábado das 18h às 23h. Aceita reservas.
Recanto da Peixada
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Tambaqui à moda da casa • Caroline Grimm
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Bolinho de tambaqui do Recanto da Peixada • Caroline Grimm
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Capa de gordura do tambaqui, peixe amazônico • Caroline Grimm
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Fachada do Recanto da Peixada, na Avenida Major Williams • Caroline Grimm
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Um dos salões do Recanto da Peixada, casa bastante movimentada e frequentada por famílias • Caroline Grimm
É um restaurante simples, com dois salões muito amplos, bastante movimentado e frequentado principalmente por famílias. Como o próprio nome já diz, a especialidade do Recanto da Peixada são os peixes, em especial os amazônicos.
São servidos diversos tipos de preparos, como o tambaqui assado recheado (R$ 79), a caldeirada (R$ 69 a R$ 79), escabeche (R$ 70 a 79), à moda (R$ 71 a R$ 81) e o famoso Peixe à Delícia (R$ 75 a R$ 85), que leva filé de peixe empanado coberto com molho branco da casa, queijo mussarela e banana a milanesa – é um dos pratos mais pedidos da cidade.
Todos os pratos servem tranquilamente de duas a três pessoas.
Avenida Major Williams, 1670 – São Francisco, Boa Vista – RR / Telefone: (95) 3623-7007 / Aberto de segunda a sexta das 11h às 15h, sábados e domingos das 11h às 15h30 e todos os dias das 18h às 23h.
Sobre Caroline Grimm
Curitibana, médica de formação e gastrônoma de coração, Caroline Grimm também é criadora de conteúdo e acumula milhares de seguidores nas redes sociais. Como ela mesma descreve, vive para cozinhar, comer, beber e viajar – não necessariamente nesta ordem, mas sempre em busca das melhores experiências.
*Os textos publicados pelos Insiders não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.