Transição verde e transformação tecnológica devem gerar 69 milhões de empregos até 2027, diz pesquisa
Contudo, no mesmo período, 83 milhões postos poderão ser eliminados por conta de novas tecnologias
A transição verde e a transformação tecnológica devem liderar a criação de cerca de 69 milhões de empregos entre 2023 a 2027, em uma base de dados que analisa 673 milhões postos de trabalho.
Contudo, no mesmo período 83 milhões, postos poderão ser eliminados. Isso corresponde a uma redução líquida de 14 milhões de postos de trabalho, ou 2% do emprego atual.
Os empregos que mais crescem são especialistas em inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina, especialistas em sustentabilidade, analistas de inteligência de negócios e especialistas em segurança da informação, mas o maior crescimento em números absolutos, segundo o estudo, é esperado em educação, agricultura e comércio digital.
Os dados são do relatório O Futuro do Trabalho 2023, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum – WEF) com o apoio da Fundação Dom Cabral (FDC) nas pesquisas de opinião executiva.
A pesquisa analisou 45 economias por meio de dados estatísticos, além da pesquisa de opinião executiva que alcançou 803 empresas de 27 diferentes setores e que, juntas, são responsáveis por mais de 11 milhões de postos de trabalho no mundo.
Perfil do trabalhador
De acordo com o relatório, 33% dos trabalhadores não se veem na empresa em que trabalham nos próximos dois anos. Além disso, 83% e 71% disseram priorizar flexibilidade no horário e no local de trabalho, respectivamente.
A pesquisa realizou ainda uma análise geracional, com foco na Geração Z, ou seja, aqueles que nasceram da segunda metade da década de 1990 até o início de 2001.
O resultado obtido foi de que 68% dos trabalhadores dessa geração não estão satisfeitos com o progresso de sua organização na criação de um ambiente de trabalho diversificado e inclusivo, e 56% dos trabalhadores da Geração Z não aceitariam uma função sem liderança diversificada.
A análise feita pelo relatório é de que os resultados evidenciam a necessidade de diversidade e inclusão para estabelecer um ambiente de trabalho atrativo.
No Brasil, 81% das organizações que fizeram parte da pesquisa possuem programas de diversidade e inclusão (D&I) que priorizam sobretudo o treinamento de D&I aos seus gerentes, enquanto média global é de 67%, segundo o levantamento.
Tendências
Uma análise levando em consideração o mesmo período (2023 a 2027) mostrou que a maioria dos executivos (86,2%), ao serem questionados sobre quais macrotendências seriam as mais prováveis ou crescentes nos próximos 5 anos, responderam que será a adoção de novas tecnologias “de fronteira”, ou seja, aquelas com grande potencial de crescimento e impacto.
Em seguida, 86,10% dos executivos responderam colocando a ampliação do acesso digital e, em terceiro, a aplicação de padrões ESG, com 80,6% das respostas.
O impacto positivo e negativo que a inserção de uma nova tecnologia ou política resultam na oferta de emprego é definida pelo Fórum Econômico Mundial como criação líquida de empregos e é medido, em porcentagem, pelo crescimento ou redução da oferta de empregos gerados.
A rotatividade geral esperadas dos empregos nos próximos cinco anos, segundo o relatório, é de 23%, agregando postos de trabalho emergentes e em declínio. No Brasil, essa taxa é um pouco menor, alcançando 21%.
Os investimentos que facilitam a transição verde dos negócios, a ampliação de padrões ESG e cadeias de suprimentos mais locais tendem a gerar ganhos significativos no número de vagas disponíveis.
Já a desaceleração da economia mundial e o aumento do custo de insumos e de vida são os três principais fatores apontados para a expectativa de redução de empregos.
Por outro lado, a área de big data lidera o ranking de tecnologias vistas como criadoras de empregos no Brasil e no mundo, com 51% dos entrevistados brasileiros esperando o crescimento do emprego em papéis relacionados.
Segundo a pesquisa, o emprego de analistas e cientistas de dados, especialistas em big data, especialista em IA e aprendizagem de máquina e profissionais de segurança cibernética devem crescer em média 30% até 2027 no mundo.
Entre os novos postos de trabalho gerados, o estudo destaca:
- Especialistas em IA e aprendizagem de máquina;
- Especialista em sustentabilidade;
- Analista em Inteligência de negócios;
- Analista de Segurança da Informação;
- Engenharia de Fintechs;
- Cientistas e analistas de dados;
- Engenharia de robótica;
- Especialista em Big Data;
- Operadores de equipamentos agrícolas;
- Especialistas em transformação digital.
Além disso, o estudo traz a expectativa de que os empregos na educação cresçam cerca de 10%, levando a 3 milhões de empregos adicionais para professores de educação profissional e professores universitários.
Também existe a perspectiva de que os empregos para profissionais do setor agrícola, especialmente Operadores de Equipamentos Agrícolas, Niveladoras e Classificadoras, tenham um aumento de 15% a 30%, levando a mais 4 milhões de empregos.
Já os principais postos de trabalho que devem desaparecer, segundo a pesquisa, são:
- Caixas de banco e funcionários relacionados;
- Funcionários dos Correios;
- Caixas e cobradores;
- Escriturários de entrada de dados;
- Secretários administrativos e executivos;
- Assistentes de registro de produtos e estoque;
- Escriturários de contabilidade;
- Legisladores e oficiais judiciários;
- Atendentes estatísticos, financeiros e de seguros;
- Vendedores de porta em porta, ambulantes e trabalhadores relacionados.
O relatório diz ainda que as organizações pesquisadas preveem 26 milhões de empregos a menos até 2027 impulsionadas principalmente pela digitalização e automação.
Habilidades profissionais
Os empregadores que participaram da consulta estimam que 44% das habilidades dos trabalhadores serão alteradas nos próximos cinco anos e que 60% da atual força de trabalho irá demandar treinamento antes de 2027.
As competências mais importantes exigidas, segundo média global, para os trabalhadores em 2023 são:
- Pensamento analítico;
- Pensamento criativo;
- Resiliência, flexibilidade e agilidade;
- Motivação e autoconsciência;
- Curiosidade e formação contínua;
- Literatura tecnológica;
- Empatia e escuta ativa;
- Liderança e influência social;
- Controle de qualidade.
No Brasil, executivos esperam que 53% das habilidades exigidas pela força de trabalho permaneçam as mesmas. As habilidades mais priorizadas para requalificação e qualificação nos próximos cinco anos no país são:
- Inteligência artificial e Big Data;
- Pensamento criativo;
- Resiliência, Flexibilidade e agilidade;
- Pensamento analítico.
Mercado brasileiro
Dos cerca de 136 milhões de pessoas economicamente ativas no Brasil, o relatório menciona que apenas 17% da força de trabalho possui um diploma de educação de nível superior ou vocacional.
A avaliação do fórum é de que as tendências globais impactarão fortemente na criação ou destruição de empregos no país.
As funções mais selecionadas no Brasil pelas organizações pesquisadas conforme saldo líquido positivo de empregos são analistas e cientista de dados (31%), profissionais de desenvolvimento de negócios (25%), gerente de operações (13%) e advogados (13%).
Segundo os executivos brasileiros que participaram do estudo, para contornar o problema de baixa disponibilidade de mão de obra qualificada, é necessário a adoção de algumas práticas com o intuito de elevar a disponibilidade de talentos na economia.
A prática mais selecionada foi a melhora no processo de promoção e progressão de carreira (55% das organizações respondentes), seguida pelo fornecimento de requalificação e qualificação eficazes (32%) e melhor articulação do propósito e impacto do negócio (31%).