Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Seis inovações que podem ajudar a alimentar o mundo no futuro

    Técnicas já são aplicadas em menor escala em alguns países; se copiadas, podem reduzir desperdício e ampliar a distribuição de alimentos

    Revestimento de alimentos à base de plantas da Apeel
    Revestimento de alimentos à base de plantas da Apeel Nick Presniakov

    Mark Tuttonda CNN

    Quando se trata de alimentar o planeta, enfrentamos alguns desafios monumentais. A população global aumentou de 7 bilhões para 8 bilhões nos últimos 12 anos, e a Organização das Nações Unidas (ONU) projeta que atingirá cerca de 10,4 bilhões de pessoas na década de 2080. São muitas bocas extras para alimentar.

    Ao mesmo tempo, a crise climática significa que os alimentos se tornarão mais escassos e mais caros, de acordo com o painel de mudanças climáticas das Nações Unidas, enquanto algumas culturas perderão seu valor nutricional.

    Enfrentar o desafio pode exigir uma nova revolução agrícola. A CNN pediu a três especialistas que delineassem as inovações que podem ajudar a aumentar a produção de alimentos sem prejudicar o planeta.

    Revestimentos à base de plantas

    Incríveis 40% dos alimentos cultivados globalmente nunca são consumidos, de acordo com a ONG WWF. Parte se perde durante e após a colheita, parte se perde na cadeia de suprimentos e parte é desperdiçada quando estraga nas prateleiras das lojas ou em nossas casas.

    Uma maneira de prolongar a vida útil do produto é cobri-lo com um revestimento comestível à base de plantas, diz Richard Munson, autor de “Tech to Table: 25 Innovators Reimagining Food”.

    Munson dá o exemplo da empresa norte-americana Apeel, que, segundo ele, criou “coberturas insípidas, inodoras, invisíveis e comestíveis — compostas de ácidos graxos e outros compostos orgânicos extraídos das cascas e da polpa dos produtos — que agem como uma barreira física para manter a água dentro e o oxigênio fora”.

    Ele diz que os revestimentos da Apeel podem dobrar o prazo de validade de abacates, laranjas e outros produtos.

    Pesquisadores na Índia também desenvolveram revestimentos comestíveis que, segundo eles, podem manter os alimentos frescos por mais tempo.

    Culturas resistentes ao clima

    Para muitas partes do mundo, a mudança climática significa que a água está se tornando cada vez mais escassa, e isso representa um grande problema para os agricultores em regiões como o Oriente Médio, que depende da água do mar dessalinizada em muitos lugares.

    Globalmente, mais de 1 bilhão de hectares de terra — uma área maior que a China — já estão degradados pela salinidade, de acordo com Dr. Tarifa Alzaabi, diretor-geral do Centro Internacional para Agricultura Biosalina (ICBA), uma organização de pesquisa sem fins lucrativos com sede em Dubai.

    O Centro Internacional de Agricultura Biosalina está pesquisando o potencial de culturas tolerantes ao sal, incluindo a quinoa / Showkat Rather/ICBA

    Uma solução é cultivar produtos que prosperam em solo salgado. Ela diz que o ICBA identificou diversas variedades de tamareira tolerantes ao sal, e está cultivando com sucesso a Salicornia, uma planta comestível encontrada em muitas partes do mundo. Alzaabi o descreve como um “super-herói do deserto” por sua capacidade de crescer na salmoura criada como subproduto do processo de dessalinização da água.

    Ela acrescenta que o ICBA também testou tecnologias como hidrogéis (géis que retêm água) e sistemas de irrigação subsuperficial, e descobriu que eles podem reduzir significativamente o uso de água pelos agricultores.

    Agricultura de precisão

    Em todo o mundo, os alimentos são cultivados em terras de todos os tamanhos e tipos, mas essa diversidade significa que os agricultores muitas vezes não levam em consideração a complexidade da paisagem e a variabilidade do solo, de acordo com Chandra A. Madramootoo, professor de Engenharia de Biorecursos da Universidade McGill, em Montreal no Canadá.

    Ele diz que uma solução é a agricultura de precisão, uma abordagem que “permite a seleção de culturas e aplicações de produtos químicos e água em zonas de terra e solo espacialmente semelhantes”.

    Isso pode ser feito por meio de mapeamento digital, usando tecnologias como drones e sensores para distinguir o tipo e as características do solo. A modelagem geoespacial (usando modelos estatísticos de características do solo e topografia) pode ser usada para agrupar áreas de paisagem que possuem propriedades semelhantes.

    Juntos, isso pode ajudar a “sequestrar mais carbono nos ecossistemas agrícolas, conservar a água e reduzir a contaminação química em paisagens agrícolas complexas”, diz Madramootoo.

    Alzaabi diz que o ICBA tem usado drones para coletar dados em sua plantação de tamareiras e adotou técnicas de agricultura de precisão, incluindo sensores e lisímetros inteligentes (dispositivos que medem a perda de umidade) para otimizar a aplicação de fertilizantes e o uso da água de irrigação.

    Proteína de insetos

    Uma fonte tradicional de proteína em partes da África, Ásia e América do Sul, o cultivo de insetos para alimentação está se tornando mais popular em outros lugares. Em 2020, a Nestlé lançou a ração Purina Beyond Nature’s Protein, que inclui proteína de insetos, painço e favas.

    Em Singapura, a Insectta cultiva larvas de mosca-soldado negras para uso na alimentação animal. As larvas são alimentadas com restos de comida, como subprodutos de fábricas de soja e cervejarias.

    A Insectta, com sede em Singapura, usa larvas de mosca soldado negro para converter resíduos de alimentos orgânicos em fertilizantes e ração animal / CNN

    “As fazendas de criação de aves e peixes há muito dependem de produtos químicos […] e irrigação para cultivar milho e soja”, diz Munson. “Insetos, como os besouros da farinha, oferecem alternativas. Eles ocupam pouco espaço, vivem felizes quando amontoados, sobrevivem sem luz, reproduzem-se o ano todo, emitem poucos poluentes ou gases de efeito estufa e requerem pouca alimentação”.

    Adotando uma abordagem de “paisagens inteiras”

    “A produção de alimentos está sendo realizada às custas da perda de biodiversidade”, diz Madramootoo. Uma razão, diz ele, é a falha em considerar a “multiplicidade de ecossistemas adjacentes”.

    Ele pede uma “abordagem abrangente”, produzindo alimentos de forma sustentável em todos os ecossistemas — costeiros, marinhos e terrestres, incluindo florestas, terras agrícolas e áreas urbanas.

    “Os benefícios incluem a produção de proteína a partir de recursos marinhos, integração de zonas úmidas com sistemas de aquicultura e piscicultura, e o uso de sistemas florestais para produzir também alimentos”, diz Madramootoo.

    Segundo ele, a agrossilvicultura e a silvicultura (manejo das florestas) podem beneficiar os povos meios de subsistência, aumentar a produção de alimentos, ajudar na conservação e aumentar os estoques de carbono.

    Agricultura urbana

    Madramootoo diz que uma abordagem de paisagens inteiras também pode ser aplicada à produção de alimentos em áreas urbanas e periurbanas — espaços imediatamente ao redor de uma cidade.

    “As árvores nas áreas periurbanas e urbanas podem fornecer alimentos, fornecer sombra, ter um efeito de resfriamento e sequestrar carbono”, diz ele.

    “Os telhados […] podem ser usados para cultivar alimentos. Podemos aproveitar a água cinza e energia desperdiçada das casas para cultivar alimentos em pequenos lotes, casas sombreadas ou túneis cobertos onde é provável que ocorra geada. Em áreas periurbanas congestionadas, podemos usar fazendas verticais em armazéns ou prédios abandonados, por exemplo, para produzir alimentos. Isso reduz a necessidade de água e insumos químicos de alto custo e reduz o fluxo de resíduos.”

    A cidade de Morehead, no Kentuchy, é casa da maior estufa dos EUA / CNN

    As fazendas verticais desse tipo se tornaram mais difundidas nos últimos anos. Usando LEDs para cultivar em ambientes fechados, sem solo, essas fazendas são altamente automatizadas, com água rica em nutrientes fornecida diretamente às raízes da planta.

    “Elas não usam pesticidas e reduzem o uso de água em 95%”, diz Munson sobre fazendas verticais. “Elas produzem 100 vezes a produção de um terreno horizontal de tamanho equivalente”, complementa.

    Segundo o especialista, com uma estação de cultivo que nunca acaba, o modelo permite a entrega rápida de verduras frescas e orgânicas para restaurantes e supermercados locais durante todo o ano.

    “[Elas] oferecem empregos bem remunerados em espaços anteriormente abandonados em bairros negligenciados”, diz.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

    versão original