Propostas de Musk para Twitter podem abrir espaço para fake news, diz professor
Em entrevista à CNN, o economista e professor do Insper Guilherme Fowler analisou as propostas do bilionário para a rede social
Na última segunda-feira (25), o bilionário Elon Musk anunciou a compra do Twitter por cerca de US$ 44 bilhões. Em comunicado lançado no mesmo dia, ele afirmou que deseja tornar a rede “melhor do que nunca”. De acordo com o economista e professor do Insper Guilherme Fowler, as novas medidas propostas pelo magnata podem abrir espaço para fake news e discursos de ódio na plataforma.
Em diferentes declarações, Musk afirmou que deseja uma plataforma mais “livre” e com menos moderação das publicações. “Liberdade de expressão é a base da nossa democracia, e o Twitter é a praça pública digital onde assuntos vitais para o futuro da humanidade são discutidos”, disse em publicação.
No entanto, uma diminuição das restrições da plataforma pode acarretar em uma maior distribuição da desinformação na rede social.
“Eu vejo dois caminhos possíveis: uma rede melhor, mais aberta, em que de fato as opniões podem ser expressas de uma forma positiva. Mas, também pelo movimento dos atores políticos ontem reagindo a essa compra, o Twitter pode se tornar um espaço de fake news e muito discurso de ódio. O que pode afastar tanto usuários, quanto anunciantes, e aí a equação financeira pode começar a não fechar para o Elon Musk“, disse Fowler em entrevista à CNN.
Segundo o especialista, um possível aumento da circulação de desinformação na plataforma, pode levar a um afastamento dos usuários e dos anunciantes do Twitter. “O ponto importante é perceber se essas fake news, que eventualmente podem existir no Twitter daqui para frente, vão impactar os anunciantes”, disse – lembrando que, apesar de Musk ter dito não se importar com a rentabilidade da plataforma, ele não investe sozinho e terá de pagar o empréstimo feito para a compra.
Outra promessa do magnata para o Twitter é a abertura do código do site, que revelaria os processos do algoritmo da rede. Para Fowler, os algoritmos são ativos valiosos das empresas de mídia social, artigos “valiosos, raros e difíceis de imitar”.
“[O algoritmo] é a base que sustenta a vantagem competitiva das redes sociais. A partir do momento em que eu abro esse código, eu, no fundo, estou contando para todo mundo qual é o meu segredo, a minha fórmula secreta. Se eu induzir os meus concorrentes a também abrirem os códigos deles, a principal variável de concorrência acaba sendo impactada, e a dinâmica entre essas empresas e entre as redes sociais pode ser alterada também”, afirmou.