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    Primeiros humanos já se adaptavam às mudanças ambientais há 2 milhões de anos

    Pesquisadores descobriram as ferramentas de pedra mais antigas já vistas na garganta do cânion Ewass Odulpa, conhecido como "berço da humanidade"

    Ashley Strickland, , da CNN

    A capacidade de adaptação a novas situações e ambientes dos humanos provavelmente começou com nossos primeiros ancestrais.

    Novas evidências descobertas na Garganta do Oldupai, um Patrimônio Mundial da UNESCO na Tanzânia conhecido como o “Berço da Humanidade”, revelou que a “adaptabilidade ambiental e comportamento pioneiro existiam há dois milhões de anos” nos primeiros humanos, segundo Julio Mercader, autor do estudo principal, professor da Universidade de Calgary, no Canadá.

    A nova pesquisa foi publicada no dia 7 de janeiro na revista “Nature Communications”.

    Os pesquisadores que trabalham na garganta descobriram o sítio arqueológico mais antigo do local, datado de 2 milhões de anos. Conhecido como Ewass Oldupa, que significa “a caminho do desfiladeiro” na língua local Maa, ele fica entre a borda e o fundo do cânion.

    No local, os pesquisadores descobriram as ferramentas de pedra mais antigas já vistas na garganta do cânion, também datadas de 2 milhões de anos atrás. Embora os cientistas ainda não tenham recuperado fósseis pertencentes a nenhum dos primeiros humanos no local, eles encontraram ferramentas que colocam os primeiros humanos no local durante um período que durou 200 mil anos e aconteceu entre 1,8 e 2 milhões de anos atrás.

     

    Além das ferramentas, os pesquisadores também acharam fósseis de animais – como porcos, gado selvagem, panteras, hipopótamos, leões, hienas, primatas, répteis e pássaros – que lançam luz sobre como o ambiente na área mudou ao longo do período de 200 mil anos.

    A área abrigou diversos habitats durante esse tempo, incluindo rios e lagos, prados de samambaias, bosques, pastagens secas, palmeiras à beira de lagos e as paisagens naturalmente queimadas criadas por incêndios florestais. A atividade vulcânica também contribuiu para essas mudanças ambientais e ecológicas.

    Adaptabilidade de hominíneos

    Ao datar as ferramentas, os pesquisadores foram capazes de determinar que os primeiros humanos, chamados hominíneos, usavam a área periodicamente conforme o ambiente evoluía. As mudanças ambientais também alteraram os tipos de animais e vegetação que eles podiam usar como alimento. Também há períodos que não mostram atividade humana inicial, sugerindo que eles tiveram recursos suficientes para se mudar para outras áreas quando este local não atendia às suas necessidades ou era inóspito.

    “A ocupação de ambientes variados e instáveis, incluindo após a atividade vulcânica, é um dos primeiros exemplos de adaptação a grandes transformações ecológicas”, disse o coautor do estudo Pastory Bushozi, diretor do Centro de Pesquisa de Humanidades e professor sênior no departamento de arqueologia e estudos patrimoniais da Universidade de Dar es Salaam, na Tanzânia.

    Os primeiros humanos estudados na garganta tinham as habilidades e ferramentas para se adaptar e usar as mudanças do ambiente para obter vantagens. Isso indica que os hominíneos eram capazes de comportamentos complexos. Em vez de mudar suas ferramentas quando o ambiente mudava, eles mantiveram sua tecnologia estável e a usaram para processar plantas e estripar animais.

     

    “Os hominíneos foram uma espécie pioneira, movendo-se rapidamente para paisagens recém-destruídas para aproveitar os recursos emergentes, por exemplo, logo após erupções vulcânicas e deslizamentos de terra, quando lagos se formaram e se expandiram, ou quando rios substituíram lagos”, explicou Mercader.

    “Eles aproveitaram perturbações e ambientes instáveis, e isso ocorreu entre grandes predadores e na ausência de outros motores adaptativos importantes, como o fogo”, detalhou.

    Sítio arqueológico
    Durante as escavações, foram encontrados utensílios do povo Oldowan, que viveu na África entre 1,5 e 2 milhões de anos atrás
    Foto: Michael Pedruglia

    Os resultados do estudo mostram que a bacia da fenda ocidental da garganta é anterior aos fósseis e descobertas do lado oriental da garganta em mais de 180 mil anos.

    Embora não haja nenhum fóssil de hominíneo em Ewass Oldupa (o tal “Caminho do Desfiladeiro”), fósseis pertencentes ao Homo habilis foram recuperados a apenas 350 metros de distância. Os fósseis desse ancestral humano primitivo foram datados de 1,82 milhão de anos atrás.

    Os pesquisadores não podem ter certeza se o Homo habilis esteve presente em Ewass Oldupa, mas “esses primeiros humanos certamente percorriam amplamente a paisagem e ao longo das margens do antigo lago”, disse Mercader. Outros hominíneos também podem ter vivido e criado ferramentas de pedra no local.

    O “Berço da Humanidade” fica no leste da África, no Grande Vale do Rift, onde os registros de humanos extintos e do ambiente por eles habitados remontam a vários milhões de anos.

    Os pesquisadores esperam continuar estudando essa área para aprender mais sobre a linha do tempo dos eventos que ocorreram lá e entender se houve um limiar de mudança ambiental para os primeiros humanos que os inspirou a inovar.

    O estudo fornece mais evidências para apoiar uma crença crescente de que os primeiros humanos eram muito mais hábeis do que os cientistas pensavam.

    (Texto traduzido, leia o original em inglês).

     

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