Por que a digitalização é essencial na educação, segundo gigantes da tecnologia
Líderes de Google, SAP e Instituto Ayrton Senna falaram no Fórum de Economia CNN sobre o papel do digital na educação e combate às desigualdades
Um debate fundamental para o crescimento do Brasil é sobre como melhorar a educação do país para ter bons retornos no longo prazo. A discussão apareceu em vários painéis do Fórum de Economia CNN – Os desafios de um Brasil essencial. Em um deles, a conversa foi sobre como conciliar digitalização e educação.
Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, defende que o debate sobre o crescimento do Brasil passa por muitos fatores: agenda de reformas, melhoria da infraestrutura, segurança jurídica e melhora do ambiente de negócios. Mas o “ingrediente-mãe” da receita, segundo ela, é a educação.
“Todos os engenheiros são formados pela educação. E se vamos ter um ambiente jurídico estável, precisamos formar legisladores e juízes. O grande desafio da educação é entregar ao país capital humano qualificado, que absorve tecnologia”, disse Viviane.
E por falar em tecnologia, o painel, mediado pelo apresentador da CNN Brasil William Waack, contou com dois grandes nomes do setor: SAP e Google. Por isto, a discussão tomou o rumo de como as ferramentas de digitalização serão úteis na transformação da educação.
Paula Bellizia, vice-presidente de Marketing do Google para a América Latina, lembra que a pandemia de Covid-19 forçou a adoção do ensino remoto e, agora, essa ferramenta pode ajudar o sistema de ensino brasileiro.
“Tínhamos o debate sobre o papel do digital e vimos que não substitui o professor, mas ajuda a aumentar seu potencial. Podemos tirar o melhor de todos os sistemas de ensino que já tivemos até agora”, afirmou Paula.
Segundo Adriana Aroulho, presidente da SAP Brasil, agora, educação e digitalização andam de mãos dadas. “A grande transformação por trás da aceitação do digital na educação é cultural. A pandemia nos forçou a aceitar a digitalização e empresas podem se abrir para a agenda de educação digital”, disse.
Combate à desigualdade
Ainda que a internet e suas ferramentas sejam ótimas soluções para a melhoria do ensino no Brasil, ainda é preciso colocar um fator na conta: a equidade. Viviane Senna afirmou que a educação brasileira já cresceu em quantidade, mas ainda precisa combater desigualdades e crescer em qualidade.
“Temos 50 milhões de crianças no ensino básico. A cada dez crianças que entram na primeira série do ensino fundamental, apenas seis chegam ao fim do ensino médio”, contou.
Ou seja, perdemos quase metade das crianças pelo caminho. Esses alunos desistem da escola por motivos diversos, como trabalho infantil ou falta de acesso – em questão de infraestrutura – ao local de estudo.
“Colocamos todos na escola, mas em uma escola que não ensina. Se não colocarmos quantidade, qualidade e equidade na mesma equação não vamos sair do lugar”, disse Viviane.
Para Adriana Aroulho, além do poder público, a iniciativa privada pode – e deve – alavancar a agenda educacional no Brasil. Ela cita uma pesquisa feita pela SAP que mostrou que 70% das empresas brasileiras estão construindo agendas ESG, termo que fala sobre responsabilidade social, ambiental e corporativa das companhias.
Com todos esses empresários preocupados em causar impacto positivo na sociedade, ela diz que é hora de as empresas “mostrarem coerência” entre discurso e realidade e se engajar mais neste debate tão importante para o futuro do país.
Paula Bellizia, do Google, disse que um dos caminhos que as empresas podem seguir para diminuir a desigualdade na educação é capacitar crianças e adolescentes para lidar com ferramentas digitais.
A gigante de tecnologia fez uma pesquisa com a McKinsey que mostrou que pessoas com habilidades digitais têm duas vezes mais chances de se colocar no mercado de trabalho rapidamente. “Temos que agir imediatamente para fechar essa lacuna”, disse Paula. Durante a pandemia, o Google treinou 1,5 milhão de pessoas em seu programa “Cresça com o Google”.
Para Viviane Senna, o acesso a ferramentas digitais pode ser um dos aliados na luta contra a desigualdade social e informalidade. “Antes da pandemia, o profissional informal representava 41% da força de trabalho e tinha renda quatro vezes menor que os formais. Isto tem um custo social, econômico e político para o Brasil”.
Adriana Aroulho é otimista e disse que “as empresas estão caminhando a passos largos para servir a sociedade”. Para ela, a tecnologia está ajudando as companhias a serem mais eficientes e, assim, elas têm mais tempo para analisar o impacto que têm na sociedade.