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    Pinguins surgiram na Austrália e Nova Zelândia, e não na Antártica, diz estudo

    Aves apareceram nesses locais há 22 milhões de anos, sugeriram os pesquisadores da Universidade da Califórnia

    Pinguins apareceram na Austrália e na Nova Zelândia 22 milhões de anos, sugeriram os pesquisadores
    Pinguins apareceram na Austrália e na Nova Zelândia 22 milhões de anos, sugeriram os pesquisadores Foto: Peter Fretwell / BAS

    Quando se pensa em pinguins, a imagem que vem à cabeça normalmente é desses animais caminhando na neve ou nadando nas águas da Antártica.

    Mas eles não surgiram nesta região, como acreditavam os cientistas. Apareceram primeiro na Austrália e na Nova Zelândia, segundo um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

    A pesquisa, realizada em colaboração com museus e universidades de diversas partes do mundo, analisou amostras de sangue e tecido de 18 espécies diferentes de pinguins. Os cientistas usaram a informações genômica para ter uma visão do passado e traçar o movimento e a diversificação desses animais ao longo dos anos.

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    “Nossos resultados indicam que os pinguins reais se originaram durante o Miocene (período geológico) na Nova Zelândia e Austrália, não na Antártica como se pensava anteriormente”, informou o estudo, publicado nessa segunda-feira (17) nos Relatórios da Academia Nacional de Ciências. “Os pinguins ocuparam primeiro ambientes temperados e depois rumaram para as geladas águas da Antártica.”

    Há 22 milhões de anos

    Os pinguins surgiram na Austrália e na Nova Zelândia há 22 milhões de anos, sugeriram os pesquisadores. Depois, os ancestrais das espécies rei e imperador se dividiram e rumaram para as águas da Antártica, provavelmente atraídos pela quantidade abundante de alimentos.

    Essas descobertas também apoiam a teoria de que os pinguins rei e imperador são o “grupo irmão” de todas as linhagens de pinguins, juntando mais uma peça de um quebra-cabeça discutido há anos sobre onde exatamente essas duas espécies se situam na árvore genealógica dos pinguins.

    Há cerca de 12 milhões de anos, a Passagem Drake – curso de água entre a Antártica e o extremo sul da América do Sul – se abriu por completo. Isso permitiu que os pinguins nadassem ao longo do Oceano Antártico, e se espalhassem mais amplamente para as Ilhas subantárticas, além das regiões mais quentes da costa da América do Sul e África.

    Hoje, esses animais ainda são encontrados na Austrália e na Nova Zelândia, assim como na Antártica, América do Sul, Atlântico Sul, África do Sul, subantártica, ilhas do Oceano Índico e regiões subtropicais.

    Durante a pesquisa, os cientistas também descobriram uma nova linhagem de pinguins que ainda vai receber uma descrição científica.

    Pinguins são adaptáveis, mas não o suficiente para mudanças climáticas

    O estudo lançou luz sobre a adaptação dos pinguins a mudanças climáticas, e sobre os perigos que eles enfrentam agora na crise climática moderna.

    “Pudemos mostrar como os pinguins conseguiram se diversificar para ocupar os incrivelmente diferenciados ambientes termais em que vivem hoje, indo de 9ºC nas águas perto da Austrália e da Nova Zelândia para mais de 26ºC nas Ilhas Galápagos”, disse Rauri Bowie, um dos líderes do estudo e professor de biologia na Universidade da Califórnia, em um comunicado da instituição.

    “Mas queremos destacar que levou milhões de anos para os pinguins conseguirem ocupar habitats tão diversos. E no ritmo que os oceanos estão esquentando, os pinguins não vão conseguir se adaptar rápido o suficiente para lidar com as mudanças climáticas.”

    Estudo lançou luz sobre a adaptação dos pinguins a mudanças climáticas
    Estudo lançou luz sobre a adaptação dos pinguins a mudanças climáticas
    Foto: Peter Fretwell / BAS

    As equipes conseguiram apontar adaptações genéticas que permitiram a esses animais prosperar em ambientes desafiadores. Por exemplo, os genes deles evoluíram para regular melhor a temperatura corporal, o que permitiu a eles viver tanto em temperaturas na Antártica abaixo de zero como em climas tropicais mais quentes.

    Mas esses passos da evolução levaram milhares de anos, tempo que os pinguins não têm agora, já que suas populações vêm diminuindo.

    “Agora, as mudanças no clima e no meio ambiente estão acontecendo muito rápido para algumas espécies responderem às mudanças climáticas”, afirmou Juliana Vianna, professora associada na Universidade Pontifícia Católica do Chile, de acordo com o comunicado do estudo. 

    À beira do desaparecimento

    Os elementos diferentes de mudança climática culminaram em uma “tempestade perfeita”. O derretimento do gelo marinho significa menos procriação e locais de descanso para os pinguins imperadores. A redução do gelo e o aquecimento dos oceanos também significam menos krill, principal componente da dieta dos pinguins.

    A segunda maior colônia de pinguins imperadores chegou a quase desaparecer. Milhares das fêmeas desses animais na Antártica desapareceram quando o gelo marinho foi destruído por tempestades em 2016. Novas chuvas torrenciais em 2017 e 2018 levaram à morte de quase todas as fêmeas do local em cada período.

    Algumas colônias de pinguins na Antártica foram reduzidas em mais de 75% ao longo dos últimos 50 anos, como resultado da mudança climática.

    Em Galápagos, as populações de pinguins estão diminuindo conforme o El Niño – fenômeno climático que causa o aquecimento do leste do Oceano Pacífico – se torna cada vez mais frequente e severo. Na África, as águas quentes da costa sul também contribuíram para a diminuição das populações desses animais.

    (Texto traduzido, clique aqui e leia o original em inglês.)